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Jubileu de Prata da UEI 

União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto

André Luiz da Silva *
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Há momentos em que o tempo deixa de ser apenas medida para tornar-se memória viva, sentimento compartilhado, herança que pulsa. Assim é este instante: a União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto – a querida UEI – celebra com orgulho e emoção o seu Jubileu de Prata.
 

Uma dúvida delicada surgiu ao programar as comemorações: chamaríamos de “Jubileu” ou “Bodas de Prata”? Logo se esclareceu: “bodas”, apenas para casamentos. Mas, quem ousaria negar que há um casamento silencioso e profundo entre o escritor e sua arte? 

Esse Jubileu carrega um simbolismo mais amplo e profundo. A prata, metal nobre e reluzente, traduz com exatidão o espírito da UEI: resistente ao tempo, maleável às transformações, mas jamais enferrujada pelo esquecimento. Seu brilho não é vaidade, mas reflexo da constância, da beleza que se sustenta na dedicação e na paixão pela palavra. 

Na tradição católica, o Jubileu – ou Ano Santo – ocorre a cada 25 anos como tempo de renovação espiritual, reconciliação e perdão. Também para nós, este é tempo de olhar para trás com gratidão, e para o futuro com esperança. 

Foi no dia 1º de maio do ano 2000, que vinte escritores, recém-saídos de uma oficina cultural coordenada pela incansável Cris Framartino Bezerra, decidiram unir suas vozes, sonhos e canetas para formar uma entidade literária que propagasse a cultura em suas muitas formas. Nascia ali a UEI, organismo vivo que pulsa há duas décadas e meia, congregando autores da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e de todo o Brasil, semeando versos em todos os cantos por onde passa. 

No prédio da A.M.O.R., à Rua Liberdade nº 182, no bairro Campos Elíseos, a cada terceiro sábado do mês, às 15 horas, o milagre se repete: vozes se entrelaçam em saraus onde a poesia encontra a música, a dança, as artes plásticas e tantas outras formas de expressão. Mas a UEI também respira liberdade e, por isso, vai às ruas. Leva poesia às praças, aos parques, às unidades de saúde e às escolas. É o Projeto Paz e Poesia, é o Sarau na Praça, é a Poesia na Bandeja, o Varal de Poesias, o Música e Poesia — é a arte que não se contenta com o silêncio. 

Como já dizia Olavo Bilac, “A pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.” E é neste idioma – o da alma, o da literatura – que a UEI construiu sua identidade. Em cada trova, crônica, conto, haicai, verso livre ou soneto rimado, pulsa a verdadeira pátria do escritor: aquela feita de palavras. 

Não é tarefa simples reunir artistas independentes, cada qual com seu tempo, sua estética, seu caminho. E, no entanto, a UEI o faz – e o faz com beleza – graças à dedicação incansável de suas lideranças e à parceria sólida com entidades culturais da cidade.

Neste momento de celebração, rendemos homenagens aos idealizadores dessa história, João Nery e Josy Amâncio, que plantaram a primeira semente deste pomar literário. É também justo agradecer a todas as pessoas que passaram pela presidência e compuseram as diversas diretorias, somando ideias, talentos e afetos ao longo dos anos. E, com especial reverência, lembramos os que já partiram para a eternidade. Cada nome é lembrança, cada lembrança é saudade, cada saudade é verso vivo em nossa memória. 

Jovem ainda, mas já madura na missão, a UEI acompanhou as transformações tecnológicas, sem abandonar os encantos do papel e da tinta. Agora, volta seus olhos para o porvir, abraçando os escritores mais jovens, acolhendo suas vozes e ritmos.
 

Na próxima quinta-feira, na Fundação dos Rotarianos, a celebração se tornará ainda mais concreta com o lançamento da Antologia comemorativa dos 25 anos. Obra que reúne textos magníficos de seus membros, acompanhada de música, afeto e a doce convivência entre tantos que, juntos, seguem escrevendo esta história.
 

Parabéns, UEI! Que teus próximos 25 anos sejam ainda mais intensos e que os caminhos que pavimentamos hoje conduzam com firmeza e esperança ao teu radiante Jubileu de Ouro.

* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

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