Maria Eufemia – o nome do vereador
Um antigo vereador desta cidade sempre foi contra empréstimos para onerar as contas do município. Todos os dias ele se dirigia até a Secretaria da Fazenda e retirava o boletim da contabilidade para constatar como estavam as colunas do “Deve” e do “Haver”. Queria tirar as prova dos nove quando o Secretaria afirmava que estava tudo bem, sem dívidas, etc.
Certa feita o prefeito resolveu pegar um grande empréstimo com um órgão do Governo Estadual para reforçar a construção e implantação da CETERP (Companhia Telefônica de Ribeirão Preto). A época era um valor descomunal, dinheiro que nunca havia passado pelos cofres da Fazenda.
Polêmica na Câmara: um grupo favorável e outro contra, como sempre. Depois dos conchavos políticos com uns e com outros, resolveu-se fazer o contrato com o tal Banco do Desenvolvimento e Ribeirão Preto ficaria com vinculo devedor por muitos anos.
Todos os vereadores foram convidados a irem a solenidade em São Paulo para observarem com seus próprios olhos a vitória do prefeito e o convênio assinado. Tanto os vereadores da situação como os da oposição tiveram a disposição veículos (aquele tempo a Câmara possuía dois carros para todos os vereadores).
Banco lotado- festa de arromba
O banco estava lotado. Na rua diante do estabelecimento público não havia vaga, mas para os carros em que os vereadores estavam reservaram estacionamento. Na hora exata começaram os discursos que eram rápidos, pois o interesse estava na assinatura. Assinou o presidente do órgão estadual de financiamento e o prefeito. O pessoal da diretoria do banco pediu então para que os vereadores colocassem suas assinaturas como testemunhas. Muitos deixaram de assinar, pois haviam sido contra o contrato. No entanto uma pessoa, a do vereador antigo que sempre estava questionando os gastos da Prefeitura e havia sido contestador do empréstimo foi até a tribuna e, solenemente assinou como testemunha o documento. Todos se assustaram. Será que ele era um “quinta coluna” (na guerra o quinta coluna era inimigo disfarçado). Em seguida ele desceu rapidinho as congestionadas escadas, entrou no carro e sentou-se no cantinho do banco traseiro.
Colegas questionaram
Os colegas que estavam contrários também ao referido contrato que iria empenhar boa parte da arrecadação de Ribeirão Preto correram para cobrar o ato do ilustre edil. “Vereador, o senhor que lutou tanto contra o contrato, como foi assinar na qualidade de testemunha rapidamente”. Com toda a calma do mundo, ele coçou o cavanhaque e respondeu: “Verifiquem quem assinou na qualidade de testemunha. Constatem”. Dois mais revoltados foram até ao local da solenidade e ainda conseguiram ler na mão da secretaria o nome colocado como se fora do vereador. La estava escrito com letras maiúsculas: “ Maria Eufemia”. Ninguém mais duvidou.