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Lorde Cochrane, personagem da Independência

O empresário George Ermakoff, nascido em Xangai, mas, carioca desde os 4 anos de idade e que fez brilhante carreira na indústria aérea, sendo presidente da Rio Sul, sempre foi um amante das artes e das letras. Fundou sua própria editora, produziu vários livros com a enorme coleção de suas fotos do Rio de Janeiro e acaba de nos brindar com a extensa e definitiva biografia de Lorde Thomas Cochrane, “um guerreiro escocês a serviço da Independência do Brasil”.Justifica sua obra no de­sejo de realçar a participação do almirante na consolidação da unidade territorial do Brasil, oportuna ao nos aproximarmos do segundo centenário de nossa emancipação política.

Com detalhes minuciosos de batalhas e navios de combate, to­mamos conhecimento da vida de Cochrane, desde seu nascimento até tornar-se herói das Guerras Napoleônicas, vencendo a situação de penúria de seu pai e enfrentando sua formação, bancada por familiares. Filho primogênito do 9º Conde de Dundonald e herdeiro do título, tinha o direito de ser chamado de Lorde. Fez seu nome pela ousada maneira como guerreava e fortuna com o apresamento de naus inimigas, pois as leis determinavam que parte do espólio recolhido fosse distribuída entre o Comandante e a marujada.

Desde cedo, porém, Thomas não aceitava a corrupção e os desmandos dos que comandavam a Marinha Inglesa, fazendo amplas campanhas para mudanças na Arma, o que lhe acarretou tantos inimigos que, em episódio forjado de especulação na Bol­sa de Londres, é expulso da mesma Marinha. Em 1806, elege-se para a Câmara dos Comuns, com um duplo propósito: acabar com os privilégios na Marinha e reformar a Casa para a qual foi eleito, pois havia enormes sinecuras gozadas pelos parlamentares. Todas suas propostas anticorrupção foram repetidamente negadas e, desi­ludido, após 10 anos de mandato, decide renunciar.

Em maio de 1817, Cochrane recebe convite para fundar e ser o Primeiro Almirante da Marinha do Chile, então em guerra de independência contra a Espanha, que possuía forte presença no Pacífico. Toda a América Espanhola lutava pela sua autonomia e a presença de Cochrane ajudou na consecução deste objetivo.

Em 1822, com a proclamação da Independência do Brasil, as províncias do norte do país, com forte presença de forças portuguesas, não reconheciam o novo Império. A contratação de Cochrane para fundar e dirigir a Marinha do Brasil foi a solução encontrada pelo jovem Imperador.

Os focos de rebeldia eram mais fortes na Bahia e no Mara­nhão. Além disto, movimentos republicanos se formavam em Pernambuco. A presença de Cochrane atendia não somente à ne­cessidade operacional da formação e condução da Frota, como seu nome trazia o terror de seus sucessos a assustar os portugueses.

O autor detalha todos os combates, as negociações que se seguiram, até o afastamento definitivo das tropas portuguesas e o reconhecimento de Pedro I como nosso primeiro Imperador, pre­servando assim o vasto território nacional e levando a concessão do título de Marquês do Maranhão ao intrépido guerreiro.

Cochrane tinha grande volúpia por dinheiro e, tanto no Chi­le como em nosso país, reclamava muito de seus vencimentos, principalmente das presas de guerra. Enquanto as lutas ocorriam, os pagamentos eram feitos com regularidade, porém pacificado o país, o Ministério da Marinha começou a dificultar estes pagamentos, o que acarretou pedido de demissão do cargo e retorno a Londres.

Lorde Thomas Cochrane, já o 10º Conde de Dundonald, morreu em Londres, em 1860, com a idade de 85 anos. Seu cor­po está sepultado na Abadia de Westminster, local de repouso da realeza e dos heróis britânicos.

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