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Luisa Stefani se recupera perto da família e mira volta ao tênis no 2º semestre

Foto: Instagram @luisastefani
Por Felipe Rosa Mendes

Morando há dez anos nos Estados Unidos, Luisa Stefani nunca se sentiu tão brasileira na vida. A medalhista de bronze na Olimpíada de Tóquio tem aproveitado a companhia da família e dos amigos no Brasil para se recuperar da cirurgia no joelho direito que a tirou de quadra em setembro do ano passado, durante a disputa da semifinal do US Open. “Ter esse carinho muda tudo, não estou com pressa para voltar aos Estados Unidos”, diz a tenista ao Estadão.

Luisa se mudou com a família para a terra de Serena Williams quando tinha 14 anos. Fez o Ensino Médio por lá, entrou na faculdade e iniciou sua trajetória no circuito profissional. Desde então, não passou mais do que dois meses no Brasil em suas viagens para rever a família, geralmente nas férias. Desta vez, ela decidiu estender a permanência em São Paulo. “Essa é a primeira vez que passo mais de dois meses aqui. Agora já está completando cinco meses. Tem sido uma mudança bem drástica na minha vida.”

Após operar o joelho, Luisa desembarcou no Brasil no fim de novembro. Iniciou a fisioterapia e os cuidados médicos ao lado da mãe, avós, tios e primos. “A ‘vibe’ brasileira é muito legal, toda a energia. É um povo animado, feliz. Isso tem me ajudado bastante nesta recuperação também”, comentou.

No Brasil, ela também tem descoberto os fãs que vem conquistando desde a grande campanha na Olimpíada de Tóquio, ao lado de Laura Pigossi. “Sempre que vou a algum lugar encontro pessoas que comentam sobre os meus jogos na Olimpíada. E também aqueles que choraram comigo quando me machuquei no US Open. Ainda não sei quantas pessoas choraram comigo naquele dia… É muito legar receber esse carinho.”

Ao mesmo tempo, a duplista ganhou uma equipe praticamente nova no Brasil. Ela passou a integrar a Rede Tênis Brasil, da qual fazem parte também Beatriz Haddad Maia e o duplista Marcelo Demoliner. A parceria fornece à medalhista olímpica base e treinamento em solo nacional, onde ela tem batido bola com o experiente técnico Léo Azevedo.

“Essa minha recuperação tem sido uma grande adaptação em todos os sentidos. Estou feliz com minha estrutura médica aqui e também com a equipe multidisciplinar”, afirma Luisa. “A ideia é ter uma base no Brasil, como tenho nos EUA. Eles me receberam de braços abertos aqui”, comenta a brasileira, que recebe apoio também da estrutura do Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro.

Com sua nova estrutura em solo brasileiro, Luisa espera voltar ao circuito no segundo semestre. “A linha do tempo vai ser mais para o segundo semestre. Ainda não consigo dizer exatamente uma data certa para a minha volta. Depende muito da progressão, dos próximos meses, da readaptação do corpo à quadra. Tem muitas variáveis que precisamos levar em consideração.”

Embora o plano inicial fosse retornar em maio, a tenista garante não ter havido nenhum imprevisto em sua recuperação. “Estamos totalmente dentro do cronograma. Havia colocado aquela meta anterior para dar um posicionamento para mim mesma, mas sabia que poderia reavaliar.”

A ex-número nove do mundo voltou a bater bola com consistência no mês passado. “Minha evolução é muito nítida, o que é bem legal. Consigo ver a melhora a cada semana”, conta Luisa, com cautela. “A minha movimentação lateral ainda está muito limitada”, pondera, referindo-se aos cuidados com o joelho direito.

Entrando na reta final de sua recuperação, Luisa admite certa ansiedade pelo retorno às competições. “Por incrível que pareça, esse momento de volta à quadra tem sido um dos mais difíceis. Por mais que seja legal e motivador, ao mesmo tempo traz desafios diferentes, principalmente mentalmente. Cada fase é diferente.”

Para tanto, ela vem cuidando da saúde mental. “O trabalho mental é realmente importante. Também conforme o tempo vai passando, tem muitas decisões a serem tomadas. E muitas incertezas. As emoções estão mais à flor da pele agora do que estavam antes.”

Diante destes novos desafios, nada melhor do que matar a saudade da comida brasileira e da companhia da família. “É importante ter ao meu lado pessoas mais alto astral, que me põe para cima.”

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