Após tragédia em Santa Catarina, governo promete regulamentar balonismo turístico, mas país segue atrás de padrões internacionais. Acidente que matou oito pessoas em Praia Grande (SC) reacende debate sobre segurança nos voos turísticos com balão. O Brasil ignora lições de casos anteriores, como o de Ribeirão Preto.
Lucio Mendes
Tragédia reacende alerta antigo
O grave acidente ocorrido no sábado (21), em Praia Grande (SC), que resultou na morte de oito pessoas após a queda de um balão de ar quente, reacendeu um alerta que há muito tempo paira sobre o turismo de aventura no Brasil: a ausência de uma regulamentação específica para o balonismo turístico.
O balão, que levava 21 passageiros, caiu em uma área de mata e pegou fogo no ar, imagens do acidente circularam amplamente nas redes sociais, revelando a gravidade da ocorrência.
Diante da comoção, o Ministério do Turismo informou que pretende acelerar a regulamentação da atividade, em parceria com a Anac e o Sebrae, com reuniões previstas para a próxima semana. O objetivo é estabelecer normas que garantam a segurança dos voos e impulsionem o setor de forma estruturada. A proposta, no entanto, vem com anos de atraso.
Risco conhecido, regulação ausente
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já havia classificado os voos de balão como “atividades de alto risco, realizadas por conta e risco dos praticantes”, o que evidencia a ausência de um marco legal adequado. O crescimento desregulado da prática expõe passageiros e tripulantes a riscos evitáveis, e demonstra a fragilidade da resposta pública a uma demanda crescente no turismo nacional.
Histórico negligenciado: o caso de Ribeirão Preto
A atual comoção nacional repete o ciclo já visto em acidentes anteriores, como o registrado em junho de 2010, em Ribeirão Preto (SP), durante a Copa Brasil de Balonismo.
Relembre:
Jornalista fica ferido em queda de balão no interior de SP
Um balão com sete pessoas, incluindo três profissionais da imprensa, caiu em fios de alta tensão na Vila Tibério, zona Oeste de Ribeirão Preto. O jornalista Carlos Masson sofreu queimaduras quando salvaguardou outras pessoas no cesto ao perceber a colisão iminente. O acidente causou falta de energia em quatro bairros e exigiu reconstrução da rede elétrica pela CPFL.

O comandante da aeronave, Antônio Pereira Filho, atribuiu a queda a um vento ascendente.
Em 2011, o piloto morreria em um novo acidente com o mesmo balão, também no interior de São Paulo (Brotas).
Dois incidentes em sequência, em intervalo de um ano e, mesmo assim, nenhuma resposta estrutural das autoridades.
O que fazem outros países
A ausência de regulação nacional contrasta com as normas vigentes em países onde o balonismo é tratado como segmento sério da aviação civil.
Estados Unidos (FAA): exige licença específica para pilotos, certificação médica, inspeções periódicas e relatórios obrigatórios. Após um acidente com 16 mortos no Texas (2016), a FAA endureceu o controle sobre operadores comerciais de balão.
União Europeia (EASA): desde 2020, adota o regulamento “Part-BOP (Balloon Operations)”, com distinções entre voos comerciais, recreativos e de treinamento. Há exigência de auditorias regulares, critérios climáticos mínimos e regras claras de manutenção.
No Brasil, balões decolam com turistas em cidades como Boituva (SP), Vale dos Vinhedos (RS) e Chapada dos Veadeiros (GO), sem qualquer exigência técnica específica, controle meteorológico padronizado ou número máximo definido de passageiros.
Reagir após a tragédia não é política pública
A promessa de regulamentação feita agora pelo governo federal é, antes de tudo, uma resposta à comoção. Mas regular após a tragédia não substitui o que deveria ser feito com base em planejamento, prevenção e responsabilidade institucional.
Casos como os de Santa Catarina (2025), Capela do Alto (2025), Sorocaba (2025), Texas (2016), Brotas (2011) e Ribeirão Preto (2010) mostram que o balonismo, embora atrativo, não pode mais operar à margem da aviação civil formal. O balonismo de turismo precisa ser seguro, fiscalizado e profissional, não apenas encantador.
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