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Avanços na Medicina Mente-Corpo (3)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem definido saúde não como uma ausência de doença e enfermidade mas, sim, como um estado de bem-estar físico, mental e social. Um corpo crescente de pesquisa mostra que níveis mais elevados de Características Psicológicas Positivas (CPP), tais como, resiliência, otimismo e engajamento social, são associados com in­dicadores muito melhores de saúde objetivamente mensurados, incluindo maior longevidade, bem como, bem estar subjetivo.

A Psiquiatria Positiva é a ciência e a prática da psiquiatria que busca entender, e promo­ver, o bem-estar através de avaliações e intervenções visando enriquecer o bem-estar mental e comportamental. Como um ramo da Medicina, a Psiquiatria Positiva está enraizada na Biologia, e visa decifrar os determinantes biológicos das CPP e, eventualmente, promover a saúde e o bem-estar através das intervenções biológicas e psicossociais comportamentais. Ela também não é restrita a grupos de pacientes específicos, tais como, Psiquiatria Infantil, Psiquiatria Geriátrica e Psiquiatria com usuários de drogas, mas sim uma abordagem aplicável a toda psiquiatria análoga à Psiquiatria Psicodinâmica e Biológica. A definição de Psiquiatria não devendo ser limitada às desordens mentais específicas, mas, ao invés disso, devendo focar as habilidades dos psiquiatras para estudar, avaliar e modificar pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Assim definida, seus alvos de abordagem psiquiátrica positiva são: bem-estar, baixo nível de estresse percebido; enve­lhecimento psicossocial bem-sucedido; crescimen­to pós-traumático; recupe­ração de doenças mentais severas; e prevenção da saúde mental. Tratemos pormenorizadamente deles. Bem-estar – não entendido aqui como ausência de desordens mentais ou físicas, mas, sim, como presença de estados psicológicos positivos, tais como, satisfação com a vida e felicidade, incluindo propó­sito e significado de vida e auto aceitação. Ou seja, bem-estar associado com maior longevida­de; Baixo nível de estresse percebido – no qual o estresse percebido indica o grau no qual um indivíduo acredita que suas demandas, ou desafios contemporâneos, recebem sua habilidade para enfrentá-los. Ou seja, o estresse percebido sendo registrado como mais crítico do que as medidas objetivas do mesmo em seus impactos sobre os biomarcadores, tais como, impacto sobre os biomarcadores de envelhecimento.

Envelhecimento psicossocial bem-sucedido – adultos mais velhos consideram a habilidade para se adaptar às circunstâncias e uma atitude positiva em direção ao futuro ser mais im­portante do que uma ausência de incapacidade física. Isso pode explicar um paradoxo bem documentado do envelhecimento: mesmo quando a saúde física declina, as auto estimativas do envelhecimento bem-sucedido tendem a ser mais elevadas no final da vida. Crescimento pós-traumático – vários tipos de estresse são, algumas vezes, seguidos por desordens pós-trau­máticas. Todavia, alguns indivíduos estressados experienciam crescimento de personalidade. Crescimento pós-traumático refletindo, portanto, a resiliência de um indivíduo em face de estresse severo, podendo ser manifestado por uma apreciação maior da vida, prioridades alte­radas e estreitamento das relações íntimas, maior senso de poder individual e reconhecimento de novas possibilidades ao longo da vida.

Recuperação de doenças mentais severas – mesmo entre indivíduos severamente ado­entados mentalmente pode ocorrer o bem-estar dentro da doença. Muitos indivíduos com grave doença mental têm conduzido suas vidas com coragem, dignidade e contribuição para a sociedade. Há estudos indicando que pessoas com esquizofrenia crônica não renitente podem ainda experenciar felicidade. Prevenção da saúde mental – a prevenção tem longa história no campo da psiquiatria comunitária, incluindo prevenção primária, secundária e terciária. Tais esforços têm focalizado principalmente os jovens e, recentemente se expandi­do para adultos nas áreas da psicose pós-parto, depressão pós-derrame, estresse pós-trau­mático e mesmo demência.

Assim considerando, as intervenções, dentro da abordagem da Psiquiatria Positiva, devem visar a promoção do bem-estar e também prevenir e tratar as doenças mentais; arranjando ob­jetivos pessoais, praticando otimismo e usando a força de caráter para enriquecer o bem-estar e aliviar os sintomas depressivos.

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