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Política

Moradores de rua vão para quarteirão ao lado

Se o objetivo da operação re­alizada há duas semana pela pre­feitura de Ribeirão Preto, em 8 de agosto, era retirar os cerca de 50 moradores de rua da praça Frans­cico Schimdt, localizada na aveni­da Jerônimo Gonçalves, na região da Baixada, a iniciativa não surtiu o resultado desejado. A força-tare­fa foi coordenada pela Secretaria Municipal da Assistência Social (Semas) com a participação das pastas da Saúde e Educação e da Guarda Civil Municipal (GCM) e Polícia Militar (PM).

As ações desenvolvidas pre­viam, por exemplo, o cadastra­mento das pessoas no programa de recuperação de dependentes químicos e o retorno para a cida­de natal, se assim desejassem. Na tarde desta segunda-feira, 20 de agosto, a reportagem do Tribuna esteve no local e constatou que por causa da presença ostensiva da GCM no local durante o dia os moradores de rua migraram para a praça ao lado, entre as ruas Mar­tinico Prado e Santos Dumont, popularmente conhecida como praça da UBDS Central. Eles tam­bém passaram a ocupar as calça­das da rua Luiz da Cunha, ao lado da antiga Cervejaria Antarctica.

A GCM mantém uma viatu­ra, o ônibus da corporação e cinco guardas na praça Francisco Sch­midt. Para Erick dos Santos, que há um ano e meio trocou a cidade de Jaboticabal pelas ruas de Ribei­rão Preto, a presença da Guarda Municipal no local criou apenas um “jogo de gato e rato”. “Quando eles vêm por nosso lado a gente sai e vai para as ruas perto da praça. Mas, quando eles vão embora, a gente volta”, diz.

Segundo ele, a aglomeração de moradores de rua fica maior quando alguém vai até o local distribuir comida. A prefeitura fez um acordo com as entidades que distribuem refeições no local para que elas passem a fazê-lo no gal­pão da antiga Ceagesp, na avenida Bandeirantes, num local anexo ao Banco de Alimentos. Como ainda não começou a funcionar, algumas entidades continuam servindo alimentação para os an­darilhos no entorno da Praça Sch­midt. De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, o novo espaço para a alimentação dos moradores de rua começará a funcionar esta semana.

Já a ocupação da praça pelos moradores da Vila Tibério ainda parece longe de acontecer. Na tar­de desta segunda-feira nenhum deles passeava pelo local, que ain­da tem resquícios de seus antigos ocupantes. A desativada fonte da praça Francisco Schmidt que ser­via de dormitório e banheiro para os moradores de rua ainda tem muita sujeira e mau-cheiro.

Segundo levantamento rea­lizado pelo Instituto Limite, que promove o Serviço Especial de Abordagem Social (Seas) para a Secretaria Municipal de Assis­tência Social, Ribeirão Preto tem cadastrados 3.405 moradores de rua. O estudo revela também que a região com maior con­centração é a da Baixada, onde foram cadastradas 2.751 pesso­as. Isso não significa, contudo, que este contingente permaneça fixo naquela área. Dentre os 3.405 cadastrados, 2.879 (84%) decla­raram não ser da cidade, 364 dis­seram ser daqui e outros 162 não souberam dizer a origem.

Entre os de fora que mais vie­ram para cá estão moradores das regiões Sudeste (1.842) e Nordes­te (571). A prefeitura pretende reforçar o plano de “devolver” migrantes às cidades de origem. Hoje o convênio abrange a região de Ribeirão Preto e vai até Cam­pinas. São mais de 20 municípios, mas a intenção da administração é assinar acordos com viações de ônibus para o Brasil todo. A previ­são é que essa ampliação de área já comece em setembro.

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