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MPE investiga crimes envolvendo pichação

ALFREDO RISK/ARQUIVO

A Promotoria de Justiça de Ribeirão Preto está apurando a prática de crime ambiental, con­tra honra e apologia ao crime no caso envolvendo a pichação feita em um mural a imagem de Marielle Franco, vereadora do Psol do Rio de Janeiro assassina­da em 14 de março de 2018. De acordo com notícias veiculadas pela mídia em maio deste ano, expressões com manifestações de ódio foram escritas no painel, na avenida Maurílio Biagi, na Zona Leste da cidade.

Um cidadão encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) com base em pu­blicação num site da cidade – o caso foi noticiado na edição de 21 de maio do jornal Tribuna. Porém, nos comentários da ma­téria na internet, “inúmeras pes­soas demonstram apoiar a ati­tude, e de fato ofendem e usam expressões violentas de cunho político, religioso e sexual”.

O MPF alega falta de com­petência para tratar do assunto, afirmando que o caso é da alça­da do Juizado Especial Criminal. Assim, o procedimento foi enca­minhado ao Ministério Público Estadual (MPE) para as diligên­cias pertinentes. O mural com o retrato de Marielle Franco foi pichado com insultos. Sobre o rosto da militante dos direitos dos negros e das mulheres foram grafadas, com tinta vermelha, as palavras “vaca” e “foi tarde”.

O grafite foi concluído há cerca de dois anos, em 23 em maio de 2018, pelo artista Áureo Melo, o “Lobão”, em um muro da avenida Maurílio Biagi, como homenagem à política. O van­dalismo gerou repercussões em redes sociais.

A advogada Maria Eugênia Biffi, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB de Ribeirão Preto (OAB-RP), pe­diu aos órgãos policiais a apura­ção da autoria.

Segundo ela, a mensagem deixada pelo autor do vanda­lismo reproduz condutas ma­chistas e discriminatórias, que atentam contra princípios cons­titucionais e os direitos das mu­lheres. “A mensagem pichada afronta a história dos movimen­tos sociais e das lutas das mino­rias”, diz em nota. “Marielle era parte significativa dos ganhos políticos de mulheres, negros e LGBTI”, conclui. A Secretaria Municipal da Cultura do mu­nicípio disse que iria contatar o artista, que é de Ribeirão Preto, mas tem ateliê no Rio de Janeiro, para refazer o grafite.

“Lobão” é um artista con­sagrado pela excelência de seus gigantescos murais realistas e a sensibilidade de suas mensa­gens, muitas vezes subliminares. O tema do painel da Maurílio Biagi é “Respeito às diferenças”, e o instigou a reproduzir imagens que traduzem o povo brasileiro: o índio, o negro, o transexual, o branco, entre outros.

Marielle franco é o rosto cen­tral, mas lá também estão figuras conhecidas dos ribeirão-preta­nos, como o tatuador Kelsen (in­terpreta o diabo na Caminhada do Calvário), Eliezer (o MC Le­ser do Coletivo Pontão Sibiruna, trabalha com inclusão social) e Liniker (cantor transgênero).

Na época da produção do mural, “Lobão” conversou com o Tribuna. “Sou ribeirão-preta­no, não estarei aqui no aniversá­rio da cidade (19 de junho), mas deixo este presente para a minha cidade natal. Este trabalho aqui em Ribeirão Preto é voluntário, conseguimos apoio apenas para as tintas”, disse o artista, hoje com 36 anos.

Marielle Franco e o moto­rista Anderson Gomes foram assassinados a tiros dentro do carro dirigido por ele, no Rio de janeiro, onde ela exercia o mandato de vereadora pelo Psol. Dias antes de morrer, ela havia denunciado a vio­lência policial em comunida­des cariocas.

O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz foram presos pelos crimes. A Polícia Federal ainda apura se eles agiram a mando de alguém. No último dia 10, o bombeiro Maxwell Simões Correa foi preso acusado de ter atrapalhado “de maneira delibe­rada” as investigações. Ele e os os outros acusados teriam ajudado a ocultar armas de fogo e acessó­rios que pertenciam a Lessa.

A morte causou comoção nacional, pois a parlamen­tar – formada em Sociologia – era uma liderança das co­munidades cariocas. Sempre defendeu negros, mãe sol­teiras e minorias como gru­pos LGBTs do Complexo da Maré. A socióloga foi eleita vereadora com 46 mil votos. Os acusados respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada, sem dar chance de defesa às vítimas.

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