No Dia Internacional da Mulher, 8 de março (sábado), às dez horas, o Centro de Referência em Educação para as Relações Étnico-Raciais de Ribeirão Preto recebe a roda de conversa “Mulheres Negras no Século XX e XXI – Desafios e Resistências”. Fica na rua Goiás nº 1.072, nos Campos Elíseos.
O evento faz parte da programação de lançamento do “Ribeirão Noir: o Roubo da Estátua de São Sebastião”, projeto contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo, em Ribeirão Preto, para a produção e desenvolvimento de games. A entrada é aberta e gratuita, com vagas limitadas a 35 participantes. Rede social: @ribeiraonoir.
A roda de conversa reúne três convidadas de diferentes gerações para analisarem em conjunto as conquistas e os desafios históricos das mulheres negras ao longo dos séculos XX e XXI. São elas Maria Helena Ramos (75 anos, “A Guardiã da Memória”), Mirella Archangelo (18 anos, “A Voz da Nova Geração”) e Rosemary Rodrigues de Oliveira (54 anos, “A Mediadora”).
A intenção dos coordenadores do projeto com a escolha pela diversidade etária das convidadas deste primeiro encontro visa trazer uma perspectiva intergeracional para os participantes, ampliando o olhar sobre as lutas e conquistas das mulheres negras ao longo do tempo.
Conforme descrição do projeto, o evento busca promover reflexões sobre racismo, misoginia, representatividade e protagonismo das mulheres negras, de forma a fortalecer a memória coletiva e ressaltar a importância de seus avanços na sociedade contemporânea.
“Além disso, a proposta do debate é estabelecer um diálogo entre as experiências reais das convidadas e participantes e as narrativas de resistência vividas por Dandara, protagonista do game”, explica Fernanda Moura, diretora de produção e comunicação do projeto.
A roda de conversa integra uma programação mais ampla que antecede o lançamento oficial do jogo, previsto para junho deste ano, durante as festividades do aniversário de Ribeirão Preto.
“Pensamos essa agenda cultural como uma forma de aproximar o público do processo de desenvolvimento do game, convidando a todos participantes a acompanhar e interagir com essa construção coletiva”, ressalta Fernanda.
A professora Rosemary Rodrigues de Oliveira, que assumirá a mediação da roda de conversa, acrescenta que o encontro irá explicitar alguns aspectos da questão da raça, do gênero e da classe interseccionadas no contexto da sociedade brasileira na contemporaneidade.
“Apreender as assimetrias de raça/cor e o modo como o racismo opera é condição primordial para a efetivação do projeto ético-político do nosso país. Estou muito feliz e ansiosa para o encontro, pois acredito que essa troca de ideias entre mulheres negras de diferentes gerações será muito potente”, finaliza.
Ribeirão Noir – Trata-se do primeiro jogo digital educativo com narrativa inspirada na cidade de Ribeirão Preto e suas dinâmicas sociais dos anos 1950. No game, a protagonista Dandara, investiga o desaparecimento da recém-inaugurada estátua de São Sebastião.
Ela enfrenta uma cidade estruturada por desigualdades sociais e barreiras impostas às mulheres negras. A iniciativa é da Palimpsesto Produções em Arte e Tecnologia, em parceria com a Curupira Educação Cultura Jogos.
Maria Helena Ramos (75 anos), intitulada “A Guardiã da Memória”, mestra da cultura afro-brasileira, mestra em Educação e especialista em História da África e das Diásporas, idealizadora do Sarau Odilon. Atuou como coordenadora dos Museus Histórico e do Café de Ribeirão Preto, além de liderar iniciativas na Fundação Memorial da América Latina e no Centro Cultural São Paulo. Também é co-criadora da Casa Tiiywras Tikunas na Flip.
Mirella Archangelo (18 anos), “A Voz da Nova Geração”. É estudante de Jornalismo, palestrante e ativista social e ficou famosa nas redes sociais depois de conhecer a jornalista brasileira Gloria Maria, sendo a personalidade regional mais nova a ganhar o prêmio Troféu Raça Negra em 2023.
Rosemary Rodrigues de Oliveira (54 anos), “A Mediadora”. É licenciada em Ciências Biológicas, mestra e doutora em Educação para a Ciência (Unesp). Professora assistente doutora (FCAV/Unesp), e do Programa de Pós-graduação Interunidades em Ensino e Processos Formativos (Unesp). Realiza pesquisas sobre gênero e sexualidades no ensino em interface com os estudos de coloniais.