Rui Flávio Chúfalo Guião *
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No dia 1º de agosto comemoram-se os 150 anos do nascimento de Antônio Diederichsen, um dos mais prestantes cidadãos de nossa cidade e seu grande benfeitor.
Antônio da Rocha Diederichsen nasceu em São Paulo no ano de 1875. Era filho de Bernardo Diederichsen e de D. Ana Cândida Rocha Leão. Bernardo, depois de lutar nas guerras entre a Prússia e a Dinamarca, decide emigrar para o Brasil, seguindo os passos de suas irmãs. Aqui, casa-se com D. Ana Cândida, filha de um cultivador de fumo, nas fraldas da Mantiqueira. Trabalhando com o sogro, acumula capital suficiente para se mudar para São Paulo, onde compra a Fazenda Morumbi( atual bairro da cidade ). Nela cultiva chá e uvas.
Bernardo queria muito que o filho Antônio falasse correntemente o alemão e como isto não acontecia, resolve mandá-lo para a casa de seu irmão, em Hamburgo. Antônio tinha sete anos.
O jovem brasileiro passa o fim da infância e a adolescência naquele país, de onde volta com diploma de Engenheiro Agrônomo e logo atende ao convite de seu primo Arthur, para recuperar a degradada Fazenda Desengano, em Batatais.
Trabalhador, denodado na busca de suas metas, logo transforma a propriedade em modelo de organização e produtividade.
Ribeirão Preto vivia naquela época o início do ciclo de ouro da produção do café e Antônio antevê o futuro da cidade e da região.
Em 1903, compra de uma empresa santista a massa falida do Banco Construtor, que aqui tinha uma serraria e um loja de ferragens. Associa-se ao alemão Johan Hibeln, pois necessitava de sua expertise para lidar com a madeira e denomina a firma de Antigo Banco Construtor.
Em 1904, junto com outros empresários, é fundamental na fundação da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto.
Em 1910, aceita como seu colaborador o jovem Manoel Penna, nascido no Vale do Paraíba paulista e que para aqui viera em busca de sucesso. Penna tornar-se-ia o seu braço direito e para quem venderia depois o seu negócio.
Em 1914, Antônio decide aumentar seus negócios, compra grande gleba de terra na Vila Tibério e ali desenvolve uma fundição ( as primeiras moendas das usinas de açúcar são ali feitas ),uma fábrica de parafusos e uma serralheria.
Nesta época, estoura a Primeira Guerra Mundial. Hibeln é germanófilo convicto, o que incomoda o brasileiro Antônio. A sociedade é desfeita com a compra da parte de Hibeln.
Totalmente voltado para o trabalho, Diederichsen vai consolidando seu império, sempre com a ajuda de Penna.
Em 1922, a empresa decide comercializar veículos, trazendo para a cidade sua primeira concessionária de automóveis, uma agência Chevrolet.
Era filosofia de Antônio retribuir à cidade e a seus colaboradores o seu sucesso empresarial. Assim, lança-se a vários empreendimentos que a fazem crescer: apoia financeiramente a construção da primeira rodoviária da cidade, traz a primeira bomba de combustível, constrói o pioneiro Posto Diederichsen, ajuda financeiramente a Santa Casa de Misericórdia, doa à cidade o Abrigo Ana Diederichsen para Tuberculosos, mantém o Asilo Padre Euclides, além de colaborar, anonimamente, com muitas doações.
Em 1930, quando a situação econômica da cidade se deteriorava, em função da revolução que apeara os coronéis do café do poder, decide construir o Edifício Diederichsen, o primeiro multiuso do interior do estado, numa atitude que, no seu dizer, representava retribuição à cidade, pelo muito que lhe proporcionou.
Doente nos anos 1950, vende seu empreendimento para Manoel Penna e doa o Edifício Diederichsen para a Santa Casa.
Um grande homem, um grande cidadão, um grande benfeitor para Ribeirão Preto.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras

