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O círculo do debate

Sérgio Roxo da Fonseca *

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Taís Roxo Fonseca *


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Os estudiosos receberam notabilíssima influência intelectual de um grupo de estudiosos que se reuniam em um restaurante em Viena para estudar questões nunca dantes enfrentadas.

 Ou pelo menos ”enfrentadas” daquela maneira,

 É possível identificar alguns dos mais notáveis companheiros do ”Círculo de Viena” como Shlick, Carnap e Neurath.

Recentemente um livro foi publicado no Brasil, de autoria de François Schmitz, sob o título de “O Círculo de Viena”, (Contraponto Editora Ltda.) tendo com objeto a reflexão realizada por aqueles estudiosos, que fortemente influíram no conhecimento humano.

O grupo não tinha chefe, mas as reuniões eram organizadas por Schlick que era alemão e lecionava na Faculdade de Viena. Em 1936,quando subia as escadas da Universidade, onde daria aula, foi interceptado por um aluno que disparou contra ele, matando-o. O aluno foi homenageado pelo grupo nazista.

Um texto extraordinário deixado por Shclick:

“O objetivo último da ciência é ao mesmo tempo fixar um número mínimo de princípios e determinar completamente graças a eles, cada fenômeno singular do mundo”.

Com o falecimento do grande mestre Schlick, o grupo se desfez.

Muitos dos seus mestres foram para os Estados Unidos.

Registra a história que o pensador Wittgenstein, também vienense, que se notabilizou na Inglaterra, manteve contado com o “Círculo”. Escreveu dois livros. É considerado como o mais extraordinário lógico do século XX. Muito embora tenha tido contato com mestres do grupo, nunca foi considerado membro do Círculo. Notabilizou-se especialmente pelo seu trabalho na Universidade de Londres.

A grande lição deixada pelo Círculo de Viena parece propor o enfrentamento das questões por palavras aparentes de pouca significação. Sem temor.

O austríaco Wittgenstein, em seu primeiro livro buscou voltar ao mundo com palavras simplíssimas.

Após a Primeira Guerra, estando por pouco tempo a ter liberdade na Áustria,ministrou aulas em grupos escolares primários compostos por crianças modestas, quando afirmou que com elas encontrava soluções extraordinárias para seus temas. 

Não tenho dados sobre se Wittgenstein manteve contato constante com o grupo do Círculo,mas,com certeza, teve contato com alguns dos seus membros logo depois da Primeira Guerra Mundial,quando ele foi libertado da prisão.

Era então um soldado austríaco preso após a derrota bélica.

Registre-seque seus mestres ingleses esforçaram-se por colocá-lo em liberdade em busca de levá-lo para Londres. O mestre somente após ter dados aulas para crianças e edificado um edifício em Viena, voltou a ocupar sua cadeira na Inglaterra.

A atenção sobre o Grupo de Viena e o respeito pelos dois livros deixados por Wittgenstein, ainda chamam a atenção por aqueles que se preocupam com o exame da ciência das palavras.

* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras



** Advogada

 

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