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Os 164 anos de Ribeirão Preto

JF PIMENTA-ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Ribeirão Preto com­pleta nesta sexta-feira, 19 de junho, 164 anos de emancipação políti­co-administrativa. Sede da região metropolita­na, que leva seu nome, é considerada uma das mais importantes cidades brasileiras, por conta da sua economia, 21º maior Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e por ser protagonista em áre­as como saúde, educação, pesquisas, turismo de ne­gócios e cultura.

A cidade é a nona mais populosa do Brasil, sem contar as capitais, ou a 27ª levando em conta tais municípios. Em São Paulo é a sétima com mais habitantes. São, se­gundo estimativa popu­lacional calculada pelo IBGE (2019), 703.293 pessoas que aqui moram.
Não é mais a “Terra do Café”, como era conhecida no passado, mas continua sendo a “terra” do chopp, do agronegócio, do açú­car e álcool, do comércio e prestação de serviços, das universidades, das feiras e eventos, e mais recente­mente das startups. Para­béns Ribeirão Preto!

Faixa Branca completa 31 anos uma festividade do aniversário da cidade
A história do Faixa Branca Clube do Carro Antigo de Ribeirão Preto teve início em junho de 1982. Em comemoração ao aniversário de 126 anos de Ribeirão Preto, aconteceu a primeira exposição de carros antigos da cidade. O evento foi no Parque Permanente de Exposições no pe­ríodo de 25 a 27 de junho de 1982 e reuniu cerca de 60 veículos antigos do município e da região, despertando o interesse de grande público.

A exposição foi um sucesso e atraiu outros adeptos do antigomo­bilismo e novos encontros aconte­ceram com a finalidade de difundir o movimento regionalmente.

Diante do crescimento do movi­mento envolvendo apaixonados por motos e carros antigos a fundação do Faixa Branca ocorreu em 16 de junho de 1989 e a primeira diretoria oficial foi eleita em 16 de dezembro de 1998.

“É uma alegria enorme olhar para trás e ver que já se passaram 31 anos desde a fundação do Fai­xa Branca, um clube consolidado, cheio de memórias e um dos mais antigos do país”, comemora o presi­dente do Clube, Eduardo Penteado Crósta. “Este ano, em razão da pan­demia, teremos que deixar as come­morações de aniversário para outra data”, completa.

O Clube possui uma sede pró­pria onde acontecem as reuniões dos associados e abriga o Museu do Carro Antigo com centenas troféus e diversos outros itens relacionados ao automobilismo local e nacional, de pilotos consagrados como Paulo Gomes, Fábio Sotto Mayor, João Bá Aguiar e Antônio de Castro Prado.

Com envolvimento grande em ações assistenciais, nos eventos re­alizados pelo Clube acontecem as arrecadações de donativos para pos­terior distribuição às entidades que auxiliam pessoas carentes.

Para ser sócio do Faixa Branca não é necessário possuir um carro antigo, basta gostar de antigomobilismo. Os sócios podem participar dos eventos do clube como exposições, desfiles, comemorações sociais, além das reu­niões onde o assunto principal sem­pre é carro antigo.
O Clube Faixa Branca é creden­ciado pelo Denatran e pela Federa­ção Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) para vistoriar e emitir o Certificado de Originalidade.


O Cineclube Cauim é um daque­les acontecimentos existentes na ci­dade que sempre nos surpreendem. Por exemplo, poucas pessoas sa­bem que ele é o maior cineclube do mundo e também um dos que mais tempo está na ativa, sempre atuante. Agora em 2020, o Cauim completa 41 anos. Nascido da associação de jovens amantes da cultura, em 1979, o Cauim hoje está em uma sala com setecentos lugares, com projeção digital, ar-condicionado central, lanchonete e com uma tela de pro­jeção digna dos grandes cinemas do mundo.

Durante essas quatro décadas, além do cinema, o Cauim esteve pre­sente também em projetos culturais de literatura, teatro, música, artes plásticas e fotografia. Outra caracte­rística do Cauim é a participação ati­va na vida da cidade em projetos de cidadania e da comunidade.

“O Cauim nunca teve em uma fase tão boa. Foi um início de ano fabuloso. Estávamos com os proje­tos importantíssimos. Nós nos pre­paramos nesses 40 anos para termos projetos desse calibre. Eles estavam andando e tivemos a pandemia, mas a gente vai continuar”. O comentário é do diretor do Cauim, Fernando Ka­xassa, ao se referir a projetos que esta­vam lotando as salas do cineclube

Os projetos citados são “Escola
365 Sessões de cinema, apresentan­do ao público no mínimo 20 filmes e uma oficina de audiovisual para mil participantes. O projeto con­templa ainda o transporte de parte do público. Na oficina de audiovi­sual, jovens e adultos a aprenderam sobre o cinema e sua linguagem.

O projeto Escola Vai ao Cinema em parceria com a Secretaria Muni­cipal de Educação consiste na rea­lização de sessão de cinema diária com os alunos da rede municipal de ensino. A estimativa de público atendido é de 17.400 alunos dos En­sinos Infantil, Fundamental e Edu­cação para Jovens e Adultos (EJA) em 87 sessões, com público médio de 200 alunos por sessão.

O projeto Cinema e Literatura consiste na realização de 40 sessões de cinema com exibição de filmes e debates destinados a estudantes da rede pública municipal e estadual. Os filmes são relacionados à lite­ratura e são utilizados como ferra­menta de aprendizado.

O projeto Cine Pop tem o obje­tivo de formar público. Gratuito, ele atende 25 cidades da região, com foco no público em geral, escolas públicas municipais, estaduais e privadas. O projeto prevê a realização de 264 ses­sões de cinema no ano, atingindo um publico estimado em 66 mil pessoas.

Ribeirão Preto 164 Anos Aniversário nem sempre foi em 19 de junho

O jornalista Nicola Tornatore, que faleceu aos 52 anos, em junho de 2018, vítima parada cardiorres­piratória, dividiu boa parte do seu trabalho entre as redações e as pes­quisas de arquivos sobre dados de Ribeirão Preto. Grande parte dessas pesquisas se tornaram livros ou re­portagens especiais. Pouco antes de morrer, ele escreveu neste Tribuna, uma curiosidade sobre a data de aniversário da cidade: nem sempre foi comemorada em 19 de junho.

A matéria explica que ao longo do último século, a comemoração ocorreu em diferentes meses, como março, abril e julho. Nos anos 20, o dia 2 de abril de 1871 era consenso. Naquela época a imprensa publica­va matérias com manchetes: “Uma data bastante preciosa – O cincoen­tenário de Ribeirão Preto”. A refe­rência era um decreto providencial, de abril de 1871, que elevou a povo­ação a “Districto de Paz”.

Para o ex-prefeito João Rodri­gues Guião, a data mais condizente era 12 de abril, como explicou: “O povoado, iniciado em 1853, (…) entrou definitivamente como parte integrante da divisão administrativa da antiga Província de S. Paulo a 12 de Abril de 1872, quando foi eleva­do a villa e município”.

Já o historiador Plínio Travas­sos dos Santos defendia o dia 28 de março, que remete à 1863, quando o padre Manoel Euzébio de Araújo demarcou o terreno onde seria er­guida a primeira capela reconhecida pela Igreja.

A Câmara Municipal entrou de­finitivamente na polêmica no início da década de 50, quando aprovou projeto de lei baseado nas alegações de Plínio dos Santos. O projeto foi promulgado e oficialmente o ani­versário da cidade passou a ser em 28 de março.

Pouco depois, em 1954, a po­lêmica volta à tona, com parte dos vereadores defendendo as ideias de outro historiador, o médico Osma­ni Emboaba da Costa, que defendia o 19 de junho de 1856, quando um juiz assinou despacho autorizando a demarcação das terras doadas a São Sebastião para a formação do patri­mônio eclesiástico da futura Igreja.

Para resolver o impasse, a Câ­mara apelou para uma comissão de professores da Universidade de São Paulo. Em julho de 1954 essa comis­são emitiu um parecer: “Se conside­rarmos a realização do projeto de fundação da cidade, o ano de 1856 se impõe como o de maior signifi­cação. A sugestão apresentada pelo Doutor Osmani Emboaba, quanto à data de 19 de junho de 1856, nos pa­rece das mais felizes, pois assinala a demarcação da área onde se desen­volveu a cidade. É essa data que a Comissão tem a honra de indicar ao sr. Presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto”. Estava, pois, de­finido – Ribeirão Preto foi fundada em 19 de junho de 1856.

Curiosidades de Ribeirão Preto
Em outra reportagem publicada pelo Tribuna, o jornalista e historia­dor Nicola Tornatore fez um resgate de quem foram os primeiros na ci­dade, oficialmente. O primeiro re­cém-nascido, o primeiro batizado, o primeiro registro de casamento, a primeira rua e outras curiosidades.

Primeiras ruas
A primeira Câmara Municipal de Ribeirão Preto, empossada em 4 de junho de 1874, define uma denomi­nação oficial para as ruas da cidade: rua Boa Esperança (atual Visconde do Rio Branco); rua Nossa Senhora das Dores, em seguida denominada rua do Comércio (atual rua Maria­na Junqueira); rua 4 de Junho (atual Duque de Caxias); rua do Bonfim (atual rua General Osório); travessa Botafogo (atual rua Saldanha Mari­nho); travessa da Boa Vista (atual rua Álvares Cabral), Travessa da Alegria (atual rua Amador Bueno); travessa das Flores (atual rua Tibiriçá); traves­sa das Dores (atual rua Visconde de Inhaúma) e travessa da Lage (atual rua Barão do Amazonas).

Primeiro médico
Apresentado na sessão da Câma­ra Municipal de 7 de julho de 1878 documento habilitando Joaquim Estanislau da Silva Gusmão para o exercício de Medicina. Formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tudo indica que tenha sido ele o primeiro médico diplo­mado a clinicar na cidade.

Primeiro jornal
No dia da Independência (7 de setembro) de 1884, ainda no Império, começa a circular o primeiro jornal de Ribeirão Preto, o semanário “A Lucta”, idealizado pelo jornalista Ramiro Pi­mentel. Nascido em Areias (SP), em 1851, ele chegou em Ribeirão Preto em 1872, aos 21 anos. O “A Lucta” circulou até 1886. Ramiro Pimentel foi vereador, coletor de impostos esta­dual e o primeiro agente dos Correios na cidade. Em 1896 foi nomeado ta­belião em Igarapava. Morreu em Ri­beirão Preto, em 1907.

Primeiro cemitério
Ficava logo atrás da Igreja pioneira (construída entre 1863 e 1868), na hoje atual XV de Novembro, no trecho onde se encontra o monumento ao Solda­do Constitucionalista de 1932. Com o surgimento de habitações no entorno da Igreja, por volta de 1878 o cemité­rio mudou-se para outro local – onde hoje está a praça da Catedral Metro­politana de São Sebastião, num trecho dos jardins ao lado da rua Tibiriçá. Mais alguns anos e o crescimento da vila faz o cemitério transferir-se “para longe” – o terreno fica hoje no cruzamento da avenida Independência com a rua Tibi­riçá, avançando alguns metros na Vila Seixas.

Provavelmente recebeu sepulta­mentos de 1887 a 1892. Com a pro­clamação da República em 1889, ocorre a separação entre Estado e Igreja e os cemitérios são seculari­zados – até então, eram responsabi­lidade da Igreja. Em janeiro de 1893 a Câmara aprova a aquisição por quatro contos de réis do lote nº 16, do Núcleo Colonial “Antônio Pra­do” (103.836 m2), para construção do Cemitério Municipal (atual Ce­mitério da Saudade).

Primeiro ribeirão-pretano
Em 7 de novembro de 1875, no Cartório de Paz, foi feito o primeiro registro civil de nascimento: a criança Thomaz, de dois meses, filho de José Ignácio de Faria e Umbelina Maria de Jesus, residentes na fazenda do Ribei­rão Preto. Oficialmente, Thomaz foi o primeiro ribeirão-pretano.

Primeiro óbito
Em 2 de novembro de 1875, no Cartório de Paz, foi registrado o pri­meiro óbito: José Joaquim Ferreira, 88 anos, morador da fazenda Lage­ado Oficialmente, ele foi a primeira pessoa a morrer em Ribeirão Preto.

Primeiro batizado
Em 2 de janeiro de 1870 foi re­alizado pela primeira vez uma ceri­mônia de batizado na Capela de São Sebastião do Ribeirão Preto: Antônio, dois meses, filho de João Paulino de Almeida e Joana do Espírito Santo. A cerimônia esperou mais de dez anos para ser realizada – os moradores ha­viam pedido autorização ao Bispo de São Paulo para instalação de uma Pia Batismal na Capela de São Sebastião em 23 de agosto de 1859.

Primeiro casamento
Em 25 de março de 1868 o padre Miguel Martins da Silva dá a benção na Capela de São Sebastião. Ela é de­clarada curada (tornada independen­te da Matriz de São Simão) em 26 de novembro de 1869. Dois meses de­pois, em 8 de janeiro de 1870, é reali­zado o primeiro casamento na Capela de São Sebastião: Manuel Antônio da Silva e Francelina Maria de Jesus.

Primeiro teatro
Primeiro teatro de Ribeirão Preto, inaugurado em 7 de dezembro de 1897. Com 23,91 metros de frente/fundos e 44,99 metros de comprimento, o teatro Carlos Gomes foi construído em área pública (a hoje praça Carlos Gomes) por um grupo de fazendeiros liderados pelo coronel Francisco Schmidt. Proje­tado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, contou em sua construção com o que de melhor existia à época, na maioria materiais importados da Europa – esca­darias em mármore, calhas de bronze, lustres de cristal etc.

Nos primeiros anos do século XIX, foi um dos principais palcos de ópera do Brasil, recebendo compa­nhias do Brasil e do exterior. Após a inauguração do “vizinho” Teatro Pedro II, deixou de receber espe­táculos e se transformou em um prédio de salas de aluguel. Desapro­priado pela Prefeitura em 1943, foi demolido em 1945.

Primeiro monumento
O primeiro monumento de Ri­beirão Preto foi inaugurado em 28 de setembro de 1913. Trata-se de uma herma do barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Ju­nior), em bronze, sobre um pedestal de granito, instalada por iniciativa da Câmara Municipal defronte ao antigo prédio da Câmara e Cadeia, na rua Cerqueira César. A herma (um busto sem os braços) foi exe­cutada pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Anos depois, em 1917, foi inaugurado defronte ao monu­mento o Palácio Rio Branco. A área que recebeu a herma virou a praça Barão do Rio Branco.

Primeiro prefeito
Ele foi uma das pessoas mais im­portantes dos primórdios de Ribeirão Preto e hoje está completamente es­quecido. Manuel Aureliano de Gus­mão foi o primeiro prefeito e também o primeiro juiz de Direito da cidade. Era pernambucano e formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ingressou na magistratura e foi no­meado o primeiro titular da Comarca de Ribeirão Preto, instalada em 1892.

Permaneceu no cargo até 1897, quando entrou para a política. Foi vereador (eleito em 1899), inten­dente (denominação de então para o chefe do Executivo, escolhido em 1902, quando o cargo passou a ser ocupado pelo “prefeito” Gusmão) e deputado estadual (1904, sendo re­eleito até 1914). Em 1903, propôs a doação de um conto de réis para o aeronauta Alberto Santos Dumont. O dinheiro foi cedido “para auxiliar a continuação de suas experiências sobre o aproveitamento da dirigi­bilidade dos balões como meio de transporte”. Morreu em 1922, quan­do era senador estadual.

Primeiro carro
Em 1906 chegou em Ribeirão Pre­to o primeiro automóvel – um mode­lo alemão Benz. Ele chegou desmon­tado, pelo trem, e foi montado pelo mecânico alemão Carl Magnus nas oficinas do Antigo Banco Construc­tor. Carl e sua mulher Martha Belhif­tre Magnus, dona do Bar do Allemão, foram os primeiros a trafegarem mo­torizados pela cidade.

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