Taís Roxo da Fonseca *
[email protected]
Habitamos uma era de modernidades e temos boas chances de ainda convivermos em nosso dia a dia ao lado de robôs humanoides, que neste exato momento já devem estar sendo produzidos em grande escala ao redor do mundo. Os acontecimentos se sucedem com força total e da mesma forma que surgem, imediatamente são substituídos por outro e por outro e por outro novo acontecimento.
Zigmunt Bauman, um dos mais influentes sociólogos dos nossos tempos, descreve esse fenômeno como sendo a modernidade líquida , um estado constante de mudança em que as instituições, as relações sociais e até mesmo a identidade pessoal são instáveis e mutáveis, exigindo de nós uma sabedoria que reconheça a fragilidade das certezas e esteja preparada para adaptações às novas realidades.
Particularmente, para reinventar-me equilibradamente, tenho que realizar visitas ao passado. E hoje vivendo na pele as reformas estruturais que estão acontecendo , principalmente no centro de Ribeirão Preto, porque moro aqui, pensei na história história da nossa cidade, que durante o século XX, no auge da Belle Époque, Ribeirão era conhecida como a Petit Paris, pela arquitetura dos seus monumentos como o Quarteirão Paulista e até o bairro Campos Elíseos que foi batizado com o nome da espetacular avenue Champs Elysées– Paris .
Mas além de sermos a Petit Paris também recebemos outras alcunhas como a de Califórnia Brasileira e mais recentemente a Capital do Agronegócio, vindo se tornar uma cidade multifacetária atraindo um enorme número de forasteiros que chegam aqui afim de construir e realizar sonhos.
Face a tantas qualidades peço vênia para elucidar a mais bela de todas elas, o Céu de Brigadeiro e já aproveito o ensejo para contar uma história que escutei uma vez do Dr Sócrates Brasileiro, que sentado em sua tradicional mesa no Empório Brasília, contou que quando foi jogar futebol no time Fiorentina em Florença, começou a se sentir triste e desanimado, sem qualquer motivo aparente e que um dia de férias veio visitar sua família, quando ao olhar para o céu de Ribeirão, imediatamente voltou a sentir sua alegria de viver.
O céu daqui tem a cor azul anil igual aos olhos da Beth Taylor e nos abraça com toda a sua força, disse o Sócrates. Ai então fui examinar o significado da expressão Céu de Brigadeiro e vi que surgiu na década de 50, e que significa céusem nuvens no horizonte e Brigadeiro porque se refere ao cargo militar de alta patente, que não pilota faz tempo e quando pilota só o faz quando o ´céu está limpo e não há perigo de surpresas desagradáveis à vista.
Diferente das reformas que a Prefeitura de Ribeirão Preto está fazendo durante a época de chuvas, não se acautelou de aguardar o céu de brigadeiro e continua sem prestar o dever legal de informar o cidadão ribeirão-pretano sobre os impactos contratuais e seus dissabores. Se fosse em París, certamente a lamairie teria instalado informações em cada esquina de seus quartiers. Clarice Lispector já se pronunciou sobre o tema dizendo assim: Para vermos o azul, olhamos o céu. A terra é azul para quem olha o céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância ou atéuma questão de grande nostalgia. O inalcançável é sempre azul.
* Advogada