Tribuna Ribeirão
Política

PL das Fake News – Projeto será votado semana que vem

A Câmara aprovou na ter­ça-feira, 25 de abril, o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei das Fake News em meio à pressão de um blo­co de deputados e das big te­chs para retardar a análise do texto. A proposta teve 238 vo­tos a favor e 192 contrários. A tramitação mais rápida passou após o presidente da Casa, Ar­thur Lira (PP-AL), usar o regi­mento interno para diminuir a quantidade de votos necessá­rios para aprovação.

Lira cobrou publicamen­te os líderes, durante a sessão, para que cumprissem um acordo feito em uma reunião que durou três horas na sua residência oficial. Sem chegar a um consenso, o presiden­te afirmou que o regimento interno lhe dava o direito a escolher três votações por le­gislatura para definir quórum e escolheu o menor para apro­var regimento de urgência do PL das Fake News. Caso não usasse do poder que tem o go­verno precisaria de 257 votos para aprovar o regime de vota­ção mais rápida.

O regime de urgência ace­lera a tramitação de projetos, pois dispensa formalidades do regimento da Câmara. O go­verno Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalhava para adiantar a votação de todo o projeto nesta semana, mas só conse­guiu acelerar a discussão sobre o regime de urgência. A vota­ção sobre o mérito, que estava prevista para esta quinta-feira (27), ficará para a semana que vem. Até lá, a oposição ganhou tempo para negociar o texto, que deve ser entregue pelo re­lator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), na quinta.

Deputados apoiadores de notícias falsas e críticos da imprensa nacional, ligados ao PL, partido do ex-presiden­te Jair Bolsonaro, contestam o projeto e querem barrar o andamento da proposta. Se­gundo Lira, o PL foi responsá­vel por 80% das mudanças já feitas no projeto. A sigla criti­ca, por exemplo, a criação da entidade autônoma de super­visão pelo Executivo, prevista no projeto.

A agência seria responsável por fiscalizar o cumprimen­to da lei pelas plataformas e aplicar sanções. Um bloco com mais de 100 deputados pressiona Lira para retardar a votação do projeto das Fake News. O movimento também conta com apoio das chamadas big techs, como Google e Meta – controladora do Facebook e do Instagram. Os dois grupos afirmam que é preciso mais debate e defendem a criação de uma comissão especial na Câmara para analisar o texto antes de levá-lo ao plenário.

Big techs
Ao mesmo tempo em que líderes se reuniam com Lira para discutir a tramitação do PL, representantes das big techs participavam de um almoço com deputados em uma casa no Lago Sul, em Brasília. Na reunião promovida pela Fren­te Parlamentar do Empreen­dedorismo (FPE), o diretor de Políticas Públicas do TikTok, Fernando Gallo, foi direto. “Com muita humildade, nós queremos pedir que as senho­ras e os senhores parlamenta­res rejeitem a urgência desse PL e apoiem a criação de uma comissão especial destinada a debater o tema”, afirmou.

A chefe de Políticas Públi­cas da Meta, Monica Guise, também criticou pontos do projeto de lei. A empresa con­trola Facebook e Instagram. Na avaliação de Guise, a pro­posta transfere um poder de polícia para as plataformas ao obrigá-las a instalar um mo­nitoramento. A representan­te classificou o trecho como “obrigação de vigilantismo quase que chinês”.

A versão mais recente do PL prevê ainda que políticos não poderão bloquear seguidores em seus perfis oficiais nas re­des sociais e que aplicativos de mensagens devem limitar a dis­tribuição massiva de conteúdos e mídias, por exemplo. Há pre­visão de multa entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão, por hora, para em­presas que não cumprirem de­cisões judiciais para “remoção imediata de conteúdo ilícito”. Divulgação de desinformação passará a ser punida com até três anos de prisão.

A Sala de Articulação con­tra a Desinformação (SAD), que reúne 100 entidades da so­ciedade civil, enviou documen­to com o posicionamento sobre a regulação das plataformas digitais no Brasil. Para as orga­nizações, “é absolutamente ne­cessária a criação de um órgão regulador independente e au­tônomo” e definiu uma série de prioridades que o país precisa tomar para avançar no debate.

Na opinião do grupo, para construir ambiente digital “de­mocrático, seguro e saudável”, é necessário aumentar exigências de transparência, exigir obriga­ções específicas para violência política e desinformação socio­ambiental, pensar em ações de educação midiática, responsa­bilizar as plataformas por con­teúdo impulsionado e avançar para a regulação econômica.

Postagens relacionadas

Governo define data para começar a votar a reforma

Redação 1

Bebianno vai para a Secretaria-Geral da Presidência

Redação 1

Baleia Rossi deve assumir presidência nacional do MDB

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com