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Reestruturação econômica e fortalecimento da indústria paulista

Após mais de um ano do início da maior crise do século, o momento é de unir esforços entre todo o setor produtivo para enfrentar os complexos desafios impostos. Ao longo desse período, a indústria manteve-se em ativi­dade integral para que não houvesse uma terceira crise, somada à econô­mica e sanitária: a do desabastecimento. Apesar de todas as dificuldades, a indústria manteve-se como um dos esteios da ordem social no país.

Embora sempre resistente às mais variadas intempéries políticas e adversidades econômicas catalogadas no Custo Brasil, o setor industrial tem mostrado sinais cada vez mais evidentes de necessidade de novas lideranças que levem a uma recuperação expressiva e pujante. Estudo publicado pelo Iedi aponta que entre 30 economias que representam 90% da indústria de transformação no mundo, o Brasil foi o país que mais se desindustrializou no mundo entre 1970-2017.

Dentro do nosso contexto, a participação da indústria paulista no PIB estadual caiu 10 pontos percentuais em 15 anos (2004-2020), enquanto a contribuição da indústria no emprego caiu de 21,8% (2006) para 16,6% (2018). Ao longo desse mesmo período, e não por coincidência, observa­mos uma acentuada perda de autonomia das entidades de classe e afrouxa­mento dos laços do associativismo, que deixaram de representar de forma assertiva os interesses do setor junto aos âmbitos estadual e federal.

O Brasil não terá relevância global se a indústria permanecer entre as sete menos competitivas, segundo o ranking anual de 63 países avaliados pela Fundação Dom Cabral e o IMD (International Institute for Manage­ment Development), da Suíça. Um dos motivos da derrocada foi a rendição irrestrita dos interlocutores da classe industrial a um sistema político-parti­dário viciado e interessado na manutenção de um projeto de poder, sempre vinculado e submisso ao governo da vez.

Neste contexto de valores invertidos, os interesses da classe industrial são substituídos pela vaidade e por projetos pessoais de poder sem com­prometimento com a classe, enquanto o aparato burocrático das entidades emperra as demandas urgentes dos empresários acostumados ao chão da fábrica e a um cotidiano de muito trabalho.

No próximo dia 5 de julho haverá eleições no Ciesp, a entidade mais representativa da base industrial em São Paulo e a segunda maior do mundo. O Ciesp reúne mais de 6.500 empresários que agora poderão optar entre duas chapas com intenções bastante distintas sobre quais rumos devemos seguir.

Enquanto representante da Chapa 1, que conta com 134 homens e mu­lheres industriais, trago à arena do debate os rumos do Ciesp a experiência de quem conhece o chão da própria fábrica, com empresas nos setores de óleo e gás, plástico e também no agro. Além disso, nunca defendi espectros políticos, nunca frequentei comícios, palanques ou carros de som, mas conheço como ninguém o universo dos associados e sou conectado a ele. Meu partido é a indústria.

O Ciesp precisa desempenhar um papel gerador de negócios aos asso­ciados e precisa incentivar as cooperativas de crédito para baratear e facilitar o acesso a recursos, além de oferecer serviços inovadores para o industrial, com governança e compliance. E fará isso, levando em conta os desafios do nosso tempo: a indústria 4.0, a economia circular, produção de baixo carbo­no, robotização, sustentabilidade e competitividade global.

Além disso, defendemos com veemência a discussão sobre uma reforma tributária ampla e que desonere o setor produtivo, sem nenhum aumento de impostos. Ao longo desta campanha, conversei com diversos especia­listas – como os economistas Luiz Carlos Hauly e Bernard Appy – com o objetivo de ampliar o escopo de propostas, fomentar o diálogo e estreitar a interlocução entre governo e indústria, prejudicada ao longo das décadas por interesses escusos.

Há uma necessidade de uma alternativa à chapa que representa a perpe­tuação de um projeto que representa unicamente interesses pessoais. Sem que haja uma troca na liderança do Ciesp, esse projeto há décadas no poder só promoverá o isolamento de suas lideranças, do alto de um dos melhores escritórios da Avenida Paulista, e não enfrentará os desafios da indústria do nosso Estado e de toda a região de Ribeirão Preto.

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