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Ribeirão-pretana vence o Ironman 70.3 São Paulo

Ana Laura Almeida tem apenas quatro anos na modalidade, mas acumula conquistas e seguidores 

Embora hoje também pedale e nade, triatleta começou na corrida (Arquivo pessoal)

Por Hugo Luque 

Quem já teve de percorrer 90 km todos os dias de carro sabe quão cansativo isso pode ser, especialmente em estradas ruins ou com muito trânsito. Porém, neste exercício de imaginação, vale deixar o carro estacionado e pensar nessa distância sobre uma bicicleta. Agora, além de pedalar, acrescente, também, mais 1,9 km de natação e 21,1 km de corrida, para queimar mais algumas calorias no fim do dia (o detalhe é que na modalidade a ordem é nadar, pedalar e correr). Este é o Ironman 70.3, ou Meio-Ironman, prova de 113 km de triatlo na qual a ribeirão-pretana Ana Laura Canil Franzini de Almeida se especializou recentemente. 

Ana Laura Almeida tem apenas quatro anos de triatlo (Arquivo pessoal)

Aos 24 anos de idade, ela venceu, no último fim de semana, a etapa de São Paulo da modalidade e, mesmo que não tivesse a disputa na maior cidade das Américas como principal meta do ano, ela alcançou o topo e vivenciou momentos que ficarão guardados com carinho para sempre na memória. 

“Foi uma competição do início ao fim. Na corrida, não pude deixar cair [o ritmo] nem por um segundo, porque senão eu ia ficar para trás. Então, foi esforço o tempo inteiro, minha cabeça estava focada no objetivo, que era ganhar essa prova, e foi uma competição mesmo. Acho que eu nunca tinha sentido tanto essa adrenalina de estar a tão pouco tempo de ganhar e, ao mesmo tempo, de perder, porque ali foi questão de segundos, de minutos, mas deu bom, graças a Deus. Isso torna a competição ainda mais especial, porque fica ainda mais difícil”, contou a triatleta. 

“A prova em São Paulo foi bem legal. Não era minha prova alvo, mas pude colocar em prática o que vinha treinando. Foi uma prova bem quente, mas com uma estrutura muito boa para o triatlo.” 

Ana Laura detalhou, em suas redes sociais, que iniciou a prova com bastante ansiedade e ficou abaixo do que gostaria na natação. Em seguida, na bicicleta, sentiu dores e revelou também ter ficado aquém do que esperava. Porém, na corrida, encaixou um bom ritmo, manteve o foco na caçada à líder e conseguiu, a cerca de 2 km da chegada, a ultrapassagem para assumir a primeira colocação. 

A vitória em terras paulistanas, assegurada com o tempo de 4h33min59s, não foi a única conquista da competidora até aqui. Apesar de ainda jovem, a triatleta já soma outros pódios dentro e fora do Brasil, inclusive na própria prova de São Paulo, em 2022. No ano passado, ela terminou com a quarta posição na Terra da Garoa. 

“Eu tenho pódio no 70.3 de São Paulo, em 2022, quando fui a terceira colocada geral. Também fui campeã do 70.3 de Maceió, em 2023, e terceira colocada no 70.3 de Buenos Aires, na Argentina, em 2023, e no 70.3 de Floripa, em 2024, além de vice-campeã amadora no Ironman Brasil 2024.” 

A edição de 2022 da prova de Florianópolis, inclusive, rendeu para Ana Laura a única vaga brasileira na categoria 18 a 24 anos feminina no mundial de Ironman disputado em Saint George, Utah, nos Estados Unidos – uma tradicional cidade dentro do cenário do triatlo mundial. 

A principal meta de Ana Laura, agora, é garantir novamente a classificação para a competição com atletas do mundo inteiro, que será disputada na paradisíaca cidade de Kailua-Kona, no Havaí, também nos Estados Unidos. 

“Eu sonho em ir pra o mundial de Ironman em Kona e, toda vez que estou treinando e competindo, me sinto viva”, detalhou. 

Influenciadora da vida real 

A triatleta Ana Laura é, na realidade, uma atleta com quatro valências. Ela corre, pedala, nada e também inspira pessoas nas redes sociais. A forma como a ribeirão-pretana faz isso é objetiva: falando a verdade e relatando tudo o que enfrenta no dia a dia de treinos e competições. Não é fácil, e Ana deixa isso bem claro para seus mais de 70 mil seguidores. 

Na internet, ela compartilha dicas, detalha o que sente em cada momento das provas e menciona que, como em tudo na vida, as críticas fazem parte, mas não definem a pessoa. Essa também é a mensagem que busca passar Larissa Fabrini, sua principal inspiração no Ironman, com três participações em mundiais. Hoje, Ana Laura afirma que ainda não é possível viver apenas das competições, mas que consegue seguir adiante com o apoio das marcas que a patrocinam. 

No Instagram (@ana_runner), ela expõe, logo no endereço do perfil, sua paixão maior pela corrida com a palavra “runner” (corredora em inglês). A triatleta revelou que também planeja participar da edição de 2024 da Meia Maratona Internacional de Ribeirão Preto, uma das corridas de rua mais tradicionais do Estado, marcada para 17 de novembro, às 7h, com largada e chegada na Avenida Presidente Vargas. 

Embora tenha iniciado no triatlo há quatro anos e tenha aprendido muito sobre ciclismo e natação, seu ponto forte, como demonstrou na prova de São Paulo, ainda é com o tênis no asfalto. Isso porque ela começou a correr ainda no ensino médio, dividindo o tempo entre as aulas preparatórias para o vestibular e as passadas. 

“Comecei no triatlo em 2020, com 21 anos. Iniciei meio que de repente, com a pandemia, mas já praticava corrida desde 2016. Em 2022, o triatlo passou a ser mais sério. Meu primeiro Ironman 70.3 foi em 2022. [Competir na modalidade passa] um sentimento de dever cumprido. A pior parte é nadar, porque não comecei desde pequena, aprendi agora (risos). Já correr é o mais fácil para mim, porque venho treinando há mais tempo.” 

A positividade passada pela atleta também se aplica aos momentos de dificuldade. Ainda neste ano, ela enfrentou problemas físicos e precisou reduzir a intensidade para dar mais atenção à recuperação, mas deu a volta por cima na temporada. 

“Tive uma lesão antes do Ironman Brasil de 2024, mas, com muita fisioterapia, conseguimos controlar para a prova. Mesmo assim, foi um desafio correr pensando na lesão. Aprendi que, mesmo nas adversidades, podemos ter forças pra fazer coisas incríveis.” 

Para quem pensa em deixar o carro na garagem para começar a pedalar, nadar e correr longas distâncias, Ana Laura tem um recado simples, direto e honesto. 

“Apenas comece, sem medo. Não precisa ter o melhor e nem o mais caro equipamento, apenas vontade de fazer e se dedicar.” 

 

 

 

 

 

 

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