Com base no preço da cesta básica de Poro Alegre (RS), de R$ 636,96, a mais cara observada pela pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em maio o salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele seria de R$ 5.351,11, o que corresponde a quase cinco vezes (4,8) o valor atual e já reajustado, de R$ 1.100.
Em abril, o salário mínimo ideal seria de R$ 5.330,69. O valor estimado pelo Dieese bancaria as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em maio de 2020, o mínimo ideal seria de R$ 4.694,57, mais de quatro vezes (4,4) o piso oficial (de R$ 1.045). Em 4 de junho, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), promulgou a lei que define o valor do salário mínimo em R$ 1.100 este ano.
Neste ano, o valor diário do salário mínimo corresponde a R$ 36,67 e, o valor horário, a R$ 5. O Senado aprovou a MP do Salário Mínimo em 27 de maio. O piso saltou de R$ 1.045 para R$ 1.100 este ano. O reajuste foi de 5,26%, correção que não repõe integralmente as perdas inflacionárias, e terá impacto de R$ 17,3 bilhões nas contas públicas, já que o piso é referência para benefícios da Previdência Social.
Este é o terceiro ano seguido de reposição do poder de compra apenas pela inflação medida pelo Índice nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento foi concedido antes da divulgação oficial do resultado do INPC em 2020, que acabou subindo 5,45%.
No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro precisou editar uma MP para antecipar a compensação, em meio à insatisfação de famílias com o reajuste abaixo da inflação e a disparada nos preços da carne. O piso, que inicialmente ficara em R$ 1.039 em janeiro de 2020, passou a R$ 1.045 no mês seguinte.
O ano de 2019 foi o último sob a vigência da política de valorização do salário mínimo, que previa aumentos pela inflação e variação do Produto Interno Bruto (PIB). O governo prevê um piso de R$ 1.147,00 em 2022, um reajuste de 4,27% em relação aos atuais R$ 1.100,00. A estimativa foi divulgada em abril, no âmbito do Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022. Para 2023, a previsão é de que o salário mínimo será de R$ 1.188, chegando a R$ 1.229 em 2024.
O governo Jair Bolsonaro tem optado por dar apenas o reajuste pela inflação, garantido pela Constituição, devido à situação delicada das contas. Cada R$ 1 de aumento no salário mínimo tem um impacto de aproximadamente R$ 351,1 milhões nas despesas do governo, uma vez que o piso é referência para boa parte dos benefícios previdenciários e assistenciais.