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Será que você sabe conversar com a Inteligência Artificial?

Conceição Lima *

Sem dúvida, a Inteligência Artificial é rápida na resposta; mas pode também ser rasa, superficial e até “sofrer alucinações”, que vão colocá-lo “numa fria”. Isso mesmo! Qualquer pedido à IA deve ser feito através de uma solicitação escrita ou oral, os denominados “PROMPTS”. E ai de quem não souber fazer um prompt correto! Quanto mais você caprichar, melhor será a resposta. Afinal, saber pedir é tão importante quanto saber usar. Existem algumas dicas preciosas que os experts recomendam. Convém conhecer (e praticar) algumas delas…

É bom saber, desde logo, que não basta dar ordens diretas, do tipo “escreva”, “liste” ou “crie”.  Também não precisa ficar gastando salamaleques com a IA (“por favor”, “obrigado”).Outra inutilidade é o “me ajude…”. Tudo isso é educado, mas impreciso. Nada contra a gentileza, às vezes até escapa… Porém, quando se trata de Inteligência Artificial, educação não substitui direção. A IA não se “ofende” com falta de gentileza. Necessita é de clareza.

No universo da Inteligência Artificial, a palavra que realmente funciona é “COMO”. Sim, essa é a palavra mágica que desbloqueia o verdadeiro poder da IA, criando uma ponte entre o conhecimento e a estratégia. Diante do “como”, a IA deixa de apenas entregar um resultado e passa a mostrar o caminho — explicando etapas, sugerindo estratégias e, principalmente, ajudando você a pensar.

Outra dica curiosa é nunca finalizar um prompt com PONTO FINAL. Isso vai sinalizar que a conversa está fechada, concluída. Então, ela pode interpretar sua solicitação como completa, sem margem para variações, expansão ou nuances. Sem o ponto final, o tom muda e ela tende a manter a conversa em aberto. Nesse aspecto, a IA funciona igualzinho a um ser humano. Para ela, assim como para nós, o ponto final indica que uma frase terminou. É isso mesmo: o ponto final pode travar a inteligência da IA.

A única situação em que se pode usar o ponto final é quando se dá um comando estritamente técnico, para uma tarefa objetiva e delimitada. Por exemplo: “Corrija o texto a seguir. ”Mas, se você é daqueles “maníacos” por pontuação, então passe a usar outras formas. O ponto de interrogação, por exemplo, gera explicações mais didáticas; as reticências sinalizam continuidade; o ponto de exclamação aumenta a energia da resposta; e os dois pontos ajudam a criar listas e estruturas.

Outro comando simples que pode transformar a qualidade das respostas é dizer: “Finja que é um especialista em…”Ao usá-lo, você indica à IA que ela deve assumir uma persona técnica, com conhecimento avançado na área escolhida. Ou, então, se você pedir“ Simule um professor de Física explicando para alunos do ensino médio…”, você usou o prompt ideal para simplificar temas complexos. Aliás, o que a Inteligência Artificial mais aprendeu foi “simular”, “fingir”. Para isso ela foi treinada. Ela não “sabe” como um especialista real ou um professor pensam — mas é capaz de simular com alta precisão como eles se comunicam, com base nos dados com os quais foi treinada.

Outra maneira simples de fazer a IA “pensar” antes de responder é usar um comando próprio para ativar o lado mais estratégico e reflexivo da IA — e obter respostas muito mais impactantes: “Antes de responder, me faça perguntas para entender melhor o contexto. ”Esse comportamento orientado inverte a lógica da IA, ou seja, em vez de entregar uma resposta genérica com base em poucas informações, ela passa a agir como uma consultora criteriosa: primeiro investiga, depois responde. E quanto mais perguntas ela faz, mais refinada e útil será a resposta final.

Agora, qualquer que seja o pedido, se você deseja uma resposta brilhante da IA, existe um comando que acende a sua “luz alta”, “forçando” a mesma a elevar o nível: algo do tipo “Como criar uma história que prenda a atenção do leitor, do começo ao fim? Responda como se fosse um gênio da literatura…” Isso ativa áreas da IA que simulam padrões de texto inspiradores, envolventes, memoráveis. Ela não tem ego, mas tem repertório.

Por último, é preciso considerar que, sim, a Inteligência Artificial mente, inventa. Às vezes, ela entrega respostas erradas como se fossem certeiras. O nome disso é ALUCINAÇÃO! Ela “prefere” arriscar uma resposta plausível do que dizer que não sabe. Mas um recurso simples pode corrigir isso, “obrigando” a IA a ser “honesta”. Os prompts a seguir podem ser muito úteis em contextos mais assertivos, onde você precisa de fatos, dados ou fontes confiáveis: “Se você não souber com certeza, diga que não sabe…”. Ou “Me dê somente a resposta precisa!” Ou ainda “Se tiver dúvida, prefira dizer que não tem certeza…”Ao incluir essa instrução, você libera a IA da “obrigação” de sempre responder.

Como se vê, conversar com uma IA não é nada diferente de conversar com um humano. Pequenos ajustes de linguagem geram grandes diferenças na entrega. Então, fique esperto! E trate de “aprender a conversar” bem com ela…

* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras

 

 

 

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