Tribuna Ribeirão
Política

Simone Tebet ganha força dentro do PSDB

© José Cruz/Agência Brasil

O nome da senadora Si­mone Tebet (MDB-MS) ganha força entre partidos do centro político que se compromete­ram a lançar uma candidatura única ao Palácio do Planalto neste ano. Além de arregimen­tar apoios formais de diretórios regionais emedebistas, ela pas­sou a ser vista neste momento como a pré-candidatura mais “estável” da chamada terceira via por integrantes da cúpula e da bancada do PSDB, apesar da persistência do ex-governa­dor João Doria, que venceu as prévias tucanas de 2021.

Junto neste bloco, a União Brasil vai apresentar oficial­mente o deputado Luciano Bivar (PE) como pré-candida­to à Presidência da República. Nos bastidores, ele é apontado como um candidato a vice na eventual chapa do consórcio dos três partidos. MDB, PSDB e União Brasil definiram um calendário para buscar o con­senso. Depois do lançamento de Bivar, os dirigentes vão se reunir na próxima semana para discutir os critérios de escolha. O martelo será batido no dia 18 de maio.

Presente a um evento em homenagem ao prefeito Bru­no Covas, morto em maio de 2021, o presidente nacio­nal do PSDB, Bruno Araújo, repetiu na terça-feira, 12 de abril, para jornalistas o que já tinha dito reservadamente antes em um jantar fechado com empresários. Segundo ele, a decisão tomada pelo consórcio MDB, PSDB e União Brasil será definitiva e soberana, e estará, portanto, acima do resultado das pré­vias tucanas do ano passado.

“Estou deixando claro que o PSDB está contido no acordo de uma aliança nacional. João Doria é o candidato do PSDB e está contido neste acordo, mas não seremos candidatos de nós mesmos. O PSDB não vai às ruas neste ano com um can­didato de si próprio”, afirmou Araújo. No mesmo dia, à noite, o ex-presidente Michel Temer (MDB) foi acionado na arti­culação em torno de Simone diante da ameaça de uma dis­sidência pró-Lula no partido. Ele mediou um encontro entre tucanos e a senadora.

Doria, Tebet e Temer jan­taram na casa do empresário Caco Alzugaray, dono da Edi­tora Três. Segundo o relato de participantes, o encontro re­forçou o calendário, mas am­pliou o seleto grupo que vai dar a palavra final. Em uma vitória para Doria, os próprios pré-candidatos participarão dos debates com os dirigentes de agora em adiante, o que em tese reduz o poder de Bruno Araújo. Em apenas dois dias, a senadora reuniu o apoio for­mal de 14 dos 27 diretórios do partido, o que numericamente já daria a ela uma vantagem folgada na convenção.

Segundo informações do MDB, 20 das 27 executivas regionais estão fechadas com a senadora, mas os anúncios serão feitos a conta-gotas. “O MDB banca a Simone. Temos 37 deputados federais, sen­do apenas 5 contrários e que apoiam Lula. A nossa grande maioria é de apoio a Simone Tebet. E a maioria vai vencer. É o que rege a democracia”, dis­se anteontem o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Consenso
Nas conversas entre a cú­pula dos três partidos há con­senso de que o nome de Doria hoje está fragilizado e isolado no próprio PSDB, que não está disposto a abrir o cofre para bancar a campanha presiden­cial do ex-governador. Apesar dos sinas, o grupo do tucano resiste e aposta nas inserções de TV do partido, que come­çam em 26 de abril, para proje­tar o ex-governador.

Além de ter um amplo co­mitê na capital e mais estrutura que os demais pré-candidatos, o time de Doria também con­tratou o marqueteiro Lula Gui­marães, que comandou a cam­panha de Geraldo Alckmin em 2018. “Não existe isso (do acordo partidário valer mais que as prévias). O que vale é o resultado das prévias, a não ser que o João Doria abra mão da candidatura. E ele não vai abrir”, disse o presi­dente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo.

Em entrevista à CNN Bra­sil, Simone disse que tem o apoio da maioria dos 27 dire­tórios do MDB. “Não há una­nimidade, mas temos unidade. Quatro ou cinco senadores não representam a maioria absoluta. A maioria dos dire­tórios está conosco”, afirmou. Segundo interlocutores do PSDB e do MDB, a opção de lançar a senadora foi reforçada pela obrigatoriedade da cota de 30% do Fundo Eleitoral para candidaturas de mulheres.

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