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O fogaréu da mata e das pessoas

Para quem defende o desmatamento, ou o incentiva em dis­cursos oficiais, ou esvazia os órgãos de fiscalização de florestas ou mesmo quem fique indiferente a ele, ou ao abate irresponsável de árvores, pode encontrar, hoje, na desgraça do fogaréu do Pantanal Amazônico ou Pantanal Norte, a lição que não aprenderam nem na escola, nem na vida alienada que levavam ou levam.

As partículas das queimadas provocaram chuvas escuras em algumas regiões do Sul do país, e contaminaram as que chegaram a São Paulo, deslocando-se para o Rio de Janeiro e Minas Gerais. A viagem dessas partículas condensadas ocorre pelos chamados “rios voadores”, trazendo chuvas.

Pouco importa o comando constitucional sobre o meio am­biente saudável ter mais de vinte anos. A realidade é que o esforço de tantos e muitos, instituições e pessoas, que se dedicam a sua defesa é à pedagogia de sua educação não foi suficiente para essa obviedade da relação soberana, cuidadosa e responsável, entre pes­soa humana e natureza: árvores, animais, água, biodiversidade.

O apoio internacional rejeitado violentamente no início da chamada “nova política deteriorada”, agora é solicitado porque não existe projeto nenhum para o Brasil, muito menos para a Ama­zônia, salvo o da venda imediata e rápida dos bens públicos, para realizar irreversivelmente o desmonte do Estado de bem-estar, projetando sua fragilidade em subordinação dedicada à poten­cia imperial. Essa pequenez político-ideológica, que emergiu do esgoto do vira-lata, exibe a vassalagem adequada à sua pequenez e estreiteza. Diz-se protegida pela espada. Só que há as exibidas e as não exibidas.

O Brasil, imediatamente após a “nova política deteriorada” indicou um militar para ser serviçal da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, que reúne vinte e nove países para segurança e defesa militar ocidental. O Brasil tem seu lugar geo­gráfico no Atlântico SUL, ou seja, só a vassalagem explica. Tanto explica que um episódio parece não ter envergonhado as espadas exibidas do Brasil. Ei-lo: ao ser apresentado ao dinossauro Trump o general-chefe de nosso militar brasileiro declarou: Esse é o que eles pagam para me servir. O Brasil pode ser aceito como aliado extra, que poderá ser interpretado como serviçal extra.

Mas, a esperança não morre. Claro que não está ela na pessoa do militar indicado para cuidar da Amazônia. Ele pretende discutir a questão amazônica. Mas ela está mais do que discutida, e ele ainda não sabe.

Surpreendentemente, a esperança está na rebeldia das empresas nacionais e internacionais, até no poder financeiro dos bancos, nos empresários conscientes do agronegócio que já sabem que para aumentar a produtividade não é preciso de terras devastadas pelo fogo, ou pela motosserra criminosa, já que a tecnologia pode ser empregada sem estupidez. Mas, muito mais, eles sabem do respiradouro mundial, que representam as árvores da floresta, que formam as partículas de chuvas que umedecem parte do território brasileiro, amenizando o clima e florescendo nossa agricultura e de outros países. E desintoxicando nossa respiração.

Mas, a “nova política deteriorada” faz vista grossa, com discur­so oficial, em seu início, para proteger a mineração ilegal e a de­vastação ampliada, muito antes do fogaréu que invadiu o Pantanal Amazônico.

Um Estado debilitado tem suas forças armadas como peça de museu dos dias em que eram felizes e não sabíamos.

Um país desse tamanho, com todas as riquezas minerais que o mundo inveja, entregues à mediocridade da vassalagem.

Não há um projeto nacional de desenvolvimento.

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