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19 de abril de 2024 | 8:01
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Os desafios de estudar o Amor (7): A Teoria Quádrupla do Amor

Nas últimas décadas, a literatura psicológica tem definido, e descrito, diferentes formas de Amor e, nestas descrições, o papel dos fatores atração, conexão/ressonância, confiança e respeito tem caracteriza­do um modelo teórico que poderia explicar todos os tipos de manifestações amorosas. Essa análise tem sido proposta por Tobore, em Frontiers in Psychology (Maio, 2020). Iniciemos a abordagem da mesma.

Evidências sugerem que tanto o apego quanto a atração desempenham papel na obsessão ou paixão observados no Amor. A atração é influenciada pelo valor ou apelo percebido de um relacionamento e isto afeta o comprometimento das pessoas nele envolvidas. A conexão/ressonância é um elemento-chave para o comprometimento, o cuidado e a intimidade. Ambos criam um sentido de unidade no relacio­namento, que é potencializado pela proximidade, familiaridade, similaridade e experiências positivas compartilhadas. Pesquisas indicam que a similaridade desempenha um papel fundamental no apego e companheirismo, pois as pessoas formam mais provavel­mente um relacionamento bem-sucedido e duradouro com aqueles que lhes são mais similares a si próprios. Proximidade desempenha papel-chave no cuidar, com as pessoas demostrado compaixão para aquelas que lhe são mais familiares ou para com aqueles que estão mais próximos a elas. Similaridade e proximidade contribuem para o sentimento de familiaridade. Também, cuidado e empatia são po­sitivamente relacionados à interdependência emocional. Neste caso, confiança é crucial para o Amor, desempenhando importante papel nos cuidados, e na intimidade, dos relacionamentos, bem como, no apego. Familiaridade é fundamental para confiança e confiança, por sua vez, é elemento-chave para satisfação num relacionamento. Res­peito é um atributo intercultural e universal, descrito como funda­mental no Amor. Desempenha papel cardinal nas relações interpes­soais em todos os níveis, mostrando-se essencial na satisfação, e no comprometimento, envolvidos num relacionamento.

É interessante, então, relacionar as interações sinérgicas entre esses fatores. Primeiramente, é importante ver a interação entre conexão e atração. Similaridade, proximidade e familiaridade são importantes na conexão porque elas promovem apego e um sentido de unidade no relacionamento. Pesquisas indicam que proximidade e familiaridade influenciam positivamente a atração, enquanto outros dados sugerem que as pessoas são atraídas para aquelas similares a elas. A atração media familiaridade e similaridade. Outra interação envolve respeito e confiança, podendo ser descrita numa simples frase, “Respeito promove confiança”. Outra forma de interação sinérgica envolve os quatro fatores (atração, conexão/ressonância, confiança e respeito). Confiança afeta atração. Atração e respeito podem mediar a atitude de similaridade e promover a atração. A despeito disso, todos esses fatores também podem operar indepen­dentemente, pois evidências sugerem que o enfraquecimento de um fator pode afetar negativamente outros, bem como, o status do Amor. De modo similar, potencializando um dado fator, este modu­la positivamente os outros e, também, o status do Amor.

Finalmente, tem que ficar claro que há um ciclo do Amor. Os relacionamentos são dinâmicos e mudam quando eventos e condições nos ambientes mudam. Ainda segundo Tobore (2020), em sua análise sensitiva, Amor é associado a condições causais que respondem favorável ou desfavoravelmente a essas mudanças. Em outras palavras, quando essas condições mudam, e esses fatores se tornam presentes, o Amor é al­cançado, e, caso estes mesmos fatores desapareçam, o Amor também se dissipa, acaba. Quanto maior for a presença de todos esses fatores, tanto maior a intensidade do Amor. E quanto menor forem os mesmos, tanto mais fraca será a intensidade do Amor.

Todavia, uma das grandes fraquezas que esta teoria enfrenta é a falta de dados psicométricos que provem muitas de suas hipóteses e afirmações. A maioria dos argumentos apresentados por Tobore (2020) é baseada em décadas de dados psicológicos, mas a falta de análise psicométrica rigorosa enfra­quece significativamente a teoria. A despeito disso, Tobore nota que o Amor é universal e aplica-se às pessoas de todas as culturas, raças, etnias, religião e orientações sexuais.

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