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18 de abril de 2024 | 20:59
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Política

Prefeito descarta ‘lockdown’ em RP

O prefeito Duarte Noguei­ra Júnior (PSDB) descartou a implantação do “lockdown” em Ribeirão Preto. O anúncio do tucano foi feito em sua live diária, transmitida por uma rede social da prefeitura, no fi­nal da tarde desta quarta-feira, 1º de julho. Porém, o chefe do Executivo não descarta a ado­ção de medidas mais restriti­vas para evitar a propagação do coronavírus na cidade – são 161 mortes, 5.235 casos confir­mados e mais de 90% dos leitos de terapia intensiva ocupados.

Nas medidas que devem ser anunciadas, entre a tar­de desta quinta-feira (2) e sexta-feira (3), estão o fim do “drive thru” do comércio para produtos não essenciais – alimentos estão liberados, inclusive nos sistemas “take out” (pegue e leve) e “delivery” (para entrega) – e o controle do fluxo de clientes em super­mercados e hipermercados, como a proibição de menores nestes estabelecimentos.

O Plano São Paulo tem cinco faixas, diferenciadas por cores, e Ribeirão Preto está na mais restritiva, a vermelha, na qual apenas os serviços es­senciais podem atender. Neste grupo estão os supermercados, padarias, açougues, bares, lan­chonetes e restaurantes (des­de que não haja consumo no local), farmácias, drogarias, bancos (seguindo as regras de distanciamento e higieniza­ção), postos de combustíveis, serviços de limpeza, seguran­ça, transporte (ônibus, táxis e aplicativos) e abastecimento.

“Como prefeito, quero deixar claro o seguinte: cla­reza total quanto ao descarte de qualquer medida de ‘lock­down’ nesse momento. Não há nenhuma possibilidade de decreto de ‘lockdown’ na nossa cidade”, disse Duarte Noguei­ra na tarde de ontem. Embo­ra não tenha uma definição única, o confinamento é, na prática, a medida mais radical imposta por governos para que haja distanciamento social – uma espécie de bloqueio total em que as pessoas devem, de modo geral, ficar em casa.

A medida passou a ser dis­cutida por representantes do Comitê Técnico de Enfrenta­mento da Covid-19 após reco­mendação feita pelo Conselho Municipal de Saúde. O au­mento dos casos da doença na cidade e a alta taxa de ocupa­ção de leitos de Unidade de Te­rapia Intensiva (UTI) influen­ciaram a sugestão, segundo o presidente do conselho, Nilton Gilmar Nessi. Especialistas em saúde defendem a suspensão total das atividades por pelo menos duas semanas, a partir de segunda-feira, dia 6.

Na terça-feira (30), mem­bros do Grupo de Transição e Retomada (GTR), da pre­feitura de Ribeirão Preto, se reuniram com os promotores Sebastião Sérgio da Silveira (Saúde Pública), Ramon Lopes Neto (Consumidor) e o ur­banista, Wanderley Trindade (Habitação e Urbanismo), com os vereadores Lincoln Fernan­des (PDT), Jorge Parada (PT), Luciano Mega (PDT) e Renato Zucoloto (PP) e com o coronel Wagner Barato, representando a Polícia Militar, e com o con­selheiro Nilton Gilmar Nessi.

“Nesse momento, em Ri­beirão Preto, não há possibili­dade de decreto de ‘lockdown’ na nossa cidade. No entanto, houve encontro com repre­sentantes de vários segmentos da nossa comunidade para discutir, debater e apresentar sugestões mais restritivas ao distanciamento social. Foi de comum acordo que a maioria dos participantes sugere que as medidas a serem tomadas se­jam mais firmes nos próximos dias em função dos dados do aumento da doença, número de óbitos e taxa de ocupação dos nossos leitos hospitalares de UTI”, disse Nogueira.

Na reunião ficou definido que o Ministério Público Es­tadual (MPE) vai elaborar um documento com todas as me­didas sugeridas pelo Comitê Técnico de Enfrentamento à Covid-19, autoridades politi­cas e os setores produtivos. Os promotores estão ouvindo as sugestões dos setores envolvi­dos para elaborar o texto final, que será entregue à prefeitura nesta quinta-feira. Na live o prefeito confirmou que hoje haverá nova reunião com a participação do comitê, vere­adores, entidades e MPE para entrega oficial do documento.

Entre as entidades que es­tão sendo ouvidas estão a As­sociação Comercial e Indus­trial de Ribeirão Preto (Acirp) e o Sindicato do Comercio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), que não participaram da reunião de terça-feira. Nas ações que de­vem ser implantadas está o reforço da fiscalização em rela­ção ao cumprimento das me­didas impostas pelo governo do Estado e pelo município.

Como, por exemplo, a efe­tiva aplicação de multa para quem descumprir a obriga­toriedade do uso de máscara e o distanciamento social em locais públicos. O Ministério Público também deverá exigir via judicial a penalização de quem desrespeitar as regras estabelecidas no Plano São Paulo, seja o poder público, a iniciativa privada ou a popula­ção. O horário da reunião não foi divulgado.

Desde o início da quarente­na, a Guarda Civil Metropolita­na (GCM) realizou 3.945 orien­tações à população e vistoriou 1.601 estabelecimentos. Já o Departamento de Fiscalização Geral vistoriou 2.251 estabele­cimentos, dos quais 13 foram lacrados. Cinquenta eventos deixaram de ser realizados, cinco locais foram multados pelo MPE e 148 notificações foram realizadas. No total, fo­ram cerca de 6.196 orientações dadas à população desde a pu­blicação do decreto e cerca de 3.852 estabelecimentos visto­riados sobre o funcionamento.

Segundo o Sistema de Mo­nitoramento Inteligente (Simi­-SP) do governo de São Paulo, que acompanha 104 municí­pios com mais de 70 mil ha­bitantes, a taxa de isolamento social em Ribeirão Preto ficou em 45% na terça-feira (30). O ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de 70%, e o aceitável de 50%.

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