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TCE avalia licitação do lixo

JF PIMENTA-ARQUIVO

A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resí­duos e Efluentes (Abetre) proto­colou no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP), na última segunda-feira, 24 de abril, um pedido de impug­nação da licitação aberta para prestação de serviços de limpeza urbana e gerenciamento de resí­duos sólidos em Ribeirão Preto.

A Abrelpe também já havia ingressado, em 20 de abril, com pedido de impugnação admi­nistrativa junto à prefeitura de Ribeirão Preto, para reavaliação da modalidade de contratação adotada – pregão eletrônico. As entidades fizeram uma análise e identificaram inconsistências no teor do edital, originalmente pre­visto para esta quinta-feira (27).

A Abrepe cita a incompatibi­lidade do edital com as regras da lei federal número 14.026/2020, o chamado Novo Marco Regu­latório do Saneamento Básico. Sancionado em julho de 2020 pelo então presidente Jair Bolso­naro (PL), a legislação estabele­ceu metas para a universalização dos serviços de água e esgoto.

Questiona ainda a modali­dade de pregão eletrônico, que considera a contratação de ser­viços fundamentado apenas no critério de preço, permitindo o avanço de empresas sem quali­ficação, conhecimento e capaci­dade necessários para a presta­ção de serviço ao município.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Sustentabi­lidade e Mobilidade Urbana da Câmara, Marcos Papa (Pode­mos), também pretende con­vencer a prefeitura de Ribeirão Preto a alterar o edital de licita­ção para limpeza urbana e ge­renciamento de resíduos sólidos na cidade. Requer no ofício a in­clusão de cooperativas e outras entidades sem fins lucrativos. Pede também que seja detalha­da a destinação final dos resídu­os recicláveis dos seis ecopontos.

Pregão
No dia 12 de abril, a prefei­tura abriu licitação – pregão eletrônico – para contratar em­presa especializada na prestação de serviços de limpeza urbana e no gerenciamento de resíduos sólidos no município. O edi­tal tem valor estimado de R$ 125.478.732,12, duração inicial de doze meses e foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM). A abertura das propos­tas está prevista para esta quinta­-feira, 27 de abril.

Os serviços licitados in­cluem a coleta e o transbordo do lixo produzido na cidade, a varrição de vias públicas e a coleta seletiva, que foi suspen­sa em fevereiro, após o fim do contrato com a empresa que realizava o serviço. O proces­so licitatório está dividido em limpeza urbana, com custo es­timado de R$ 28.901.342,52, e resíduos sólidos, no valor de R$ 96.577.389,60.

Hoje
Atualmente, estes serviços são realizados pela empresa Estre Ambiental, que em 28 de junho do ano passado teve o contrato renovado emergencial­mente por doze meses pelo valor de R$ 83.481.369,50. O anterior havia vencido em 9 de junho daquele ano. O valor da nova li­citação está 50,3% acima. São R$ 41.997.362,62 a mais.

A empresa presta serviços de coleta de resíduos sólidos do­miciliares, comerciais e de feiras livres, varrição manual e mecani­zada de vias e logradouros públi­cos e limpeza e desinfecção de fei­ras livres. Também faz a lavagem manual e mecanizada de vias e logradouros públicos e limpeza em locais com eventos especiais e em situações emergenciais.

Ainda realiza a coleta de re­síduos gerados por estas ativida­des, serviço de coleta de resídu­os domiciliares com caçambas abertas de cinco a sete metros cúbicos em núcleos e áreas de difícil acesso, coleta de resíduos volumosos e transporte, trans­bordo e destinação final dos re­síduos coletados.

‘Produção’
Levantamento da Coordena­doria de Limpeza Urbana (CLU) revela que cada um dos 702.739 moradores de Ribeirão Preto – segundo balanço parcial do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís­tica (IBGE) – produz, em média, todos os dias, 800 gramas de lixo.

Diariamente são recolhidos na cidade 562.191 quilos de re­síduos, o que totaliza por mês 16.865.730 quilos. O lixo orgâni­co da cidade é levado para uma área de transbordo na Rodovia Mário Donegá (SP-291) e depois para o aterro sanitário, em Guata­pará. Considerando 720.116 mo­radores, são 576.093 quilos por dia, 16.282.790 quilos por mês.

Prefeitura não vai suspender licitação
Por meio de nota enviada à redação do Tribuna, a prefeitura de Ribeirão Preto salienta que os envelopes com as propostas das empresas concorrentes deverão mesmo ser abertos nesta quin­ta-feira, 27 de abril, e descarta a suspensão do edital de licitação da limpeza pública e do geren­ciamento dos resíduos sólidos.

Informa que “todas as impugna­ções e questionamentos acerca do certame realizadas dentro do prazo legal, foram formalmente respondidas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, res­ponsável pelo edital.” Esclarece ainda que “o termo de referência foi elaborado dentro das exigên­cias e por meio da modalidade correta.” Por fim, informa que está à disposição para demais esclarecimentos se o Tribunal de Contas do Estado assim julgar necessário.

Seletiva
A retomada da coleta seletiva na cidade também faz parte da nova licitação aberta pela prefei­tura de Ribeirão Preto. O serviço, que era realizado em 144 bairros e está suspenso desde fevereiro, após o fim do contrato com a empresa Carvalho Multisservi­ços Eireli, será ampliado. O ante­rior tinha valor de R$ 1.100.000 por doze meses.

Segundo o edital publicado no Diário Oficial, este valor vai subir para R$ 3.919.896, no máximo. São R$ 2.819.896 a mais, alta de 256,4%. Segundo a prefeitura de Ribeirão Preto, novos bairros serão beneficiados pela am­pliação da coleta seletiva. Por enquanto, os munícipes devem levar seus detritos recicláveis para um dos seis ecopontos da cidade.

Com a suspensão temporária da coleta seletiva, os 50 associados da cooperativa de reciclagem Mãos Dadas foram prejudicados. Eles não estão mais recebendo o material coletado pela prefeitu­ra. A renda dos cooperados, que em janeiro foi de R$ 2 mil, caiu para cerca de R$ 300 por mês. Criada em 2009, a cooperativa coletou 120 toneladas de mate­rial reciclável no ínicio do ano.

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