Tribuna Ribeirão
Política

Textos de Plastino incriminam vereadores

SÉRGIO MASSON/ ARQUIVO TRIBUNA

O tsunami político provoca­do em Ribeirão Preto pela Ope­ração Sevandija está longe de terminar. Perícia realizada pela Polícia Federal (PF) no celular do empresário Marcelo Plasti­no, um dos principais alvos da força-tarefa, dono da Atmos­phera Construções e Empre­endimentos, e que cometeu o suicídio em novembro, trouxe a público uma série de novi­dades em relação aos desdo­bramentos do maior escândalo político da história da cidade.

Desta vez, uma análise da PF em arquivos de texto, conversas no WhatsApp e arquivos de imagem cita o suposto envolvimento de seis vereadores da atual legislatura em denúncias de “mensalinho”, apadrihamento político e cabide de emprego. No total, são mais de 30 nomes citados pelo acusado de pagar propina a funcionários da Prefeitura de Ribeirão Preto e ex­-parlamentares para se beneficiar de licitações fraudadas.

Para a Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o material encontrado no celular reforça a tese de que o empresário se preparava para fazer um acordo de delação pre­miada. Um dos nomes citados na planilha é o do atual presidente da Câmara, Rodrigo Simões (PDT), e que ocupou cargo na legislatura passada. Plastino citou que pagava R$ 5 mil por mês ao pedetista, que conheceu através do ex-advogado do Sindicato dos Servidores Mu­nicipais Sandro Rovani, que está preso em Tremembé.

Maurício Gasparini (PSDB), que também ocupava cadeira na Câmara na legislatura 2013-2016, é citado na planilha por suposta­mente ter pedido R$ 20 mil a Plas­tino, durante um encontro em um restaurante da cidade. Os nomes de Simões e Gasparini já tinham sido mencionados pela Sevandija, quando as inscrições “RS” e “MG” foram encontradas entre outras em notas de R$ 2 apreendidas em um cofre do empresário. Para a PF e o Gaeco, as cédulas eram uma suposta contabilidade do esque­ma de propina.

Sobre Adauto Marmita (PR), Plastino citou que o vereador era contratado pela Atmosphera para atuar na administração municipal, mas nunca trabalhou de fato. O empresário afirmou na lista que o ponto de presença dele era falsifi­cado. O parlamentar nunca negou que trabalhou com o ex-presidnte da Casa de Leis, Walter Gomes (PTB) – também preso em Tre­membé –, que o indicou para a At­mosphera. Mas também sempre negou ser funcionário fantasma.

Ainda segundo a PF e o Ga­eco, citação semelhante é feita ao recém-empossado Ariovaldo de Souza (PTB), o Dadinho, que as­sumiu a vaga de Waldyr Villela (PSD), afastado por suspeita de atuar como falso médico. Plastino diz que Dadinho era o homem de Walter Gomes
Jean Coraucci (PDT) aparece na planilha como funcionário da Atmosphera para atuar na admi­nistração, mas teria recebido dois meses de salário com a folha em branco, ou seja, sem de fato traba­lhar. O empresário cita ainda Ales­sandro Maraca (PMDB), que teria feito indicações a cargos.

Rodrigo Simões sempre negou envolvimento com Plastino e qual­quer tipo de irregularidade. Ele de­safia qualquer pessoa a provar sua suposta participação em qualquer esquema ilícito. Ele admite conhe­cer Rovani por conta do Rotary Club, do qual os dois são integran­tes. “Faço um desafio pra alguém mostrar qualquer tipo de gravação do Rodrigo Simões com o finado Marcelo Plastino”, diz.

Gasparini é outro que já ex­plicou a citação de seu nome por Plastino. O empresário o procurou para fazer uma doação de campa­nha, mas ele não compareceu ao encontro e foi representado pelo irmão Marcelo Gasparini. Na con­versa, ele deixou claro que qual­quer doação de campanha deveria ser feita entro da legalidade, com emissão de recibo e tudo mais.

Maraca nega ter conhecido Plastino e afirma que não tinha nenhuma condição de fazer indi­cações porque nem vereador ele era na época em que aconteceram as denúncias. Dadinho diz que que sempre agiu dentro da lei e que nunca teve acesso aos docu­mentos que mencionam que ele era funcionário fantasma. Jean Coraucci trabalhou por 12 anos na administração pública como analista de sistemas, incluindo al­guns anos na Coderp, mas nega ter sido funcionário “fantasma”. Ele também ressalta que é o maior interessado no caso para que a ver­dade venha a público.

Conselho de Ética e Gaeco – As novas revelações do rela­tório entregue pela PF à Justiça levaram o Conselho de Ética da Câmara a convocar uma reu­nião extraordinária para o início da próxima semana. Segundo Lincoln Fernandes (PDT), pre­sidente do órgão, é preciso ter se­renidade neste momento porque o caso é complexo, Lembra, ain­da, que muitos dos citados nem eram vereadores à época. Já o promotor Leonardo Romanelli, do Gaeco, diz que os vereadores citados por Plastino podem ser alvo de investigação no futuro, caso apareçam indícios da parti­cipação deles no esquema.

Deflagrada em setembro de 2017, a Operação Sevandija apon­tou que a Atmosphera era usada como cabide de empregos por nove vereadores da base aliada de Dárcy Vera. Eles indicavam apa­drinhados políticos para cargos terceirizados pela Coderp na At­mosphera e, em troca, aprovavam projetos de interesse do Executivo.

Durante a investigação, a força-tarefa registrou uma con­versa da então prefeita com o su­perintendente do Daerp Marco Antônio dos Santos, em que dis­cutiam a compra de apoio políti­co na Câmara. Ainda de acordo com os promotores de Justiça, os parlamentares recebiam propina e os pagamentos eram feitos em encontros chamados por Plasti­no de “café”.

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