Tribuna Ribeirão
Cultura

Um festival para todas as tribos

Murilo Bernardes

Um dos maiores festivais musicais do Brasil, o João Rock, balançou o final de semana em Ribeirão Preto. Com espaços para diversos estilos, o festival promoveu um verdadeiro encontro de “tribos”. Com atrações para todos os gostos, grandes no­mes se apresentaram no even­to. Alceu Valença, Zeca Balei­ro, Rincon Sapiência, Djonga, Pitty, Capital Inicial, CPM 22, Emicida e Mano Brown foram alguns dos artistas que subi­ram nos três palcos.

Se a intenção era represen­tar o maior número possível de estilos, a organização do João Rock acertou em cheio. No Palco Brasil – Edição Bra­sília, o clima foi da nostalgia ao êxtase e passou pelos su­cessos da banda Plebe Rude, que relembrou hits como “Até Quando Esperar” e “Censu­ra”, e levantou a galera com os sucessos da Tribo da Periferia, que teve o público cantando a plenos pulmões o maior hit da banda, “Imprevisível”.

Passaram ainda pelo pal­co bandas como Raimundos, Natiruts e as lendas do rock nacional, Capital Inicial, que animou o público com músi­cas como “Primeiros Erros”, que foi composta pelo ribeirão -pretano Kiko Zambianchi, “Fátima”, “Depois da meia-noite” e “Tudo vai mudar”. Entretanto, o ápice da ho­menagem ao rock brasiliense foi a apresentação de Dado Villalobos e Marcelo Bonfá to­cando Legião Urbana.

Com André Frateschi co­mandando os vocais da ban­da, hinos da música brasileira como “Que país é esse”, “Ín­dios” e “Faroeste Caboclo” estremeceram o palco Brasil. Representando Renato Russo, um dos maiores vocalistas do rock, Frateschi não escondeu a emoção e afirmou em entre­vista exclusiva ao Jornal Tri­buna que, para ele, cantar no Legião Urbana é um sonho de criança realizado.

“Ainda não foram inventa­das palavras para representar o que rolou hoje. Pra mim é mais ou menos assim: imagina se o cara vai para o Vaticano e ele chega lá e alguém diz que ele vai precisar fazer a missa no lu­gar do papa. É mais ou menos assim que eu me sinto. É um privilégio que eu não tenho como explicar. Minha história com a banda começa em 1985, eu tinha 11 anos e vi um show deles, daí a achar que um dia eu iria cantar com eles, nunca aconteceu. A vida dá uma volta inacreditável e 30 anos depois eu tô aqui cantando com eles”, disse Frateschi.

Já no palco João Rock, o principal do evento, o clima de animação também não ficou para trás. Fuze e Scalene ini­ciaram os trabalhos. Vencedo­ra do concurso de bandas pro­movido pelo festival, a Fuze, é composta por dois dos filhos do ator global Marcello No­vaes. Logo em seguida, Zeca Baleiro agitou o público com grandes sucessos como “Te­legrama” e músicas de outras grandes bandas como Charlie Brown Jr e Raul Seixas.

A irreverência contagiou a todos com o exótico som do BaianaSystem. Propondo uma grande união de estilos, o som dos baianos trouxe referências da música latina e da africana. No alto de seus 72 anos, Alceu Valença continua mágico. Em segundos o público foi ao delí­rio com canções como “Baião”, “Anunciação” e “Tropicana”. Ao Jornal Tribuna, o artista co­memorou mais uma participa­ção no festival.

“É uma oportunidade ma­ravilhosa participar, é um pu­blico fantástico. Estive aqui em 2017 e as pessoas adoraram e me chamaram novamente e eu vim cantar com o maior pra­zer”, contou Valença.

Na sequência, comanda­dos por Hebert Viana, os Pa­ralamas do Sucesso cantaram sucessos de seu extenso reper­tório. Assim também foi o show do CPM 22, que levou os fãs ao êxtase com canções como “Não sei viver sem ter você”, “O chão que ela pisa” e “Dias Atrás”.

Uma das atrações mais es­peradas da noite, Pitty não decepcionou e, mais uma vez, entregou um mega show às mais de 70 mil pessoas pre­sentes no João Rock. A baia­na foi de sucessos renoma­dos como “Admirável Chip Novo” e “Na sua estante” a sucessos do novo disco “Ma­triz”, lançado no mês de abril. A apresentação ainda contou com a participação de outros artistas como Rael e os conter­râneos do BaianaSystem.

Cantando ao lado do filho, Marcelo D2 mostrou novas músicas do seu álbum “Amar é para os fortes” e também re­lembrou grandes sucessos de sua carreira como “Qual é” e “1967”.

Se as emoções já estavam à flor da pele, elas transcende­ram com a apresentação épi­ca de Rael, Emicida e Mano Brown. Esbanjando represen­tatividade e valorizando o rap e a música negra, os artistas deram um verdadeiro show. O público foi ao delírio com canções como “Negro Drama” e “Vida Loka P1”, grande hit da banda comandada por Brown, os Racionais MC´S.
O encerramento foi digno de um dia que ficará marcado na história. Com Rael, Emi­cida, Mano Brown, Djonga, Rincon Sapiência e BK cantan­do “O céu é o Limite”, que tem como principal mensagem a aceitação dos negros como bem-sucedidos.

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