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Brasil é o 2º do mundo de jovens ‘nem-nem’

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O número de jovens que não trabalham e nem estudam é alto no Brasil. Segundo dados da Organização para a Coopera­ção e Desenvolvimento Eco­nômico (OCDE), de 2022, 36% das pessoas entre 18 e 24 anos estão nessa condição, colocan­do o país em segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas da África do Sul nesta categoria.

A expressão “geração nem­-nem” ganhou destaque nos últimos anos para descrever esse grupo de jovens, que en­frenta dificuldades em se in­serir no mercado de trabalho e não conseguem prosseguir com seus estudos.

As crises enfrentadas pelo Brasil desde o final dos anos 1990 tiveram impacto signi­ficativo na perspectiva desses jovens. A instabilidade econô­mica e a insatisfação profissio­nal são fatores que contribuí­ram para a falta de perspectiva. Houve um aumento no núme­ro de jovens que são financei­ramente dependentes de suas famílias e residem com seus parentes, o que pode dificultar a busca por independência e in­serção no mercado de trabalho.

Diagnóstico feito pela Subse­cretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego também revelou que, dos 207 milhões de habitantes do Brasil, 17% são jo­vens de 14 a 24 anos, e desses, 5,2 milhões estão desempregados, o que corresponde a 55% das pes­soas nessa situação no país, que, no total, chegam a 9,4 milhões.

Entre os jovens desocupa­dos, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Aqueles que nem trabalham nem estu­dam – os chamados nem-nem – somam 7,1 milhões, sendo que 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos. O levantamento mostra também que a situação dos jovens que não estuda, não trabalha e nem procura trabalho tem relação com a origem socio­econômica. E é comum entre os jovens de famílias mais pobres.

As crises enfrentadas pelo Brasil desde o final dos anos 1990 tiveram impacto significativo na perspectiva desses jovens

“A maioria são jovens mu­lheres, que tiveram que deixar de estudar e não trabalhavam para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos ou cuidar de idosos ou outros familiares, reforçando esse valioso trabalho, que não é reconhecido como deveria. Nas famílias mais ricas, nessa condi­ção estão jovens de faixa etária mais baixa, geralmente no mo­mento em que estão se prepa­rando para a faculdade”, afirma a socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe­conômicos (Dieese).

Outro estudo, desta vez, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirma que 73% da geração nem-nem é formada por mulheres, tendo a gravidez precoce como principal causa. Os dados da pesquisa também mostram que o Brasil tem 3 mi­lhões de pessoas desocupadas, que estão procurando emprego há mais de dois anos, e cerca de 5 milhões de desalentados — quem desistiu de procurar tra­balho. Segundo o Ipea, metade deles não completou o ensino fundamental, 25% estão na faixa etária de 18 a 24 anos.

Para o Mentor de Empre­sário, André Minucci, o nú­mero elevado se justifica por algumas características da so­ciedade brasileira. “À medida que houve um crescimento da exigência de formação e expe­riência, o mercado de trabalho tornou-se mais restrito para aqueles que não têm uma edu­cação formal completa ou qua­lificação adicional. Também há falhas no sistema educacional e a ausência de mecanismos de incentivo, o que leva à desis­tência dos estudos ou à forma­ção precária em boa parte da população”, analisa Minucci.

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