A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e o jornal Tribuna Ribeirão prestaram uma justa e merecida homenagem a 35 empresas e entidades centenárias que ajudaram a construir a história e colaboraram para o desenvolvimento da cidade que virou metrópole de uma região com 1,67 milhão de habitantes e mais 33 municípios.
A solenidade, que contou com a participação de autoridades políticas e empresariais, ocorreu na noite de quinta-feira, 28 de junho, no Salão Nobre daAcirp. Os homenageados receberam uma medalha cunhada especialmente para o evento. O presidente da associação, Dorival Balbino, classificou o evento como um dos maiores que a entidade realizou em sua gestão.
“Dificilmente nós vamos reunir tantos valores, tantas empresas que contribuíram com obras importantes na nossa cidade. Empresas e entidades que nasceram em 1895, 1901, 1903… Empresas que passaram e sobreviveram a duas guerras mundiais, sobreviveram a uma revolução e a incontáveis planos econômicos. Estas empresas estão de pé representando suas categorias e classes, o que nos traz muito orgulho”, salientou.
Balbino explicou que a pesquisa realizada pela Acirpe pelo Tribuna conseguiu identificar 42 empresas ou entidades com 100 anos ou mais e ressaltou a importância da cidade no contexto nacional. “Essas empresas são patrimônios que não é qualquer cidade que tem. Ribeirão Preto é grande, promissora, é maior que muitas capitais. E isso não é à toa; é pela sua gente, pelas suas empresas e entidades”.
Ele citou como exemplo a agência do Banco do Brasil. “A agência é de número 0028, ou seja, foi criada muito antes que em muitas capitais no Brasil, dada a importância que a cidade representa. Não há como escrever a história da cidade sem passar por essas empresas e essas entidades”, finalizou. O prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que recebeu a homenagem pela prefeitura, também centenária, afirmou que as cidades são os maiores artefatos que os seres humanos puderam construir.
Ele também destacou que é necessário aprender com a história para não correr riscos de erros e prever acertos. Nogueira classificou Ribeirão Preto como uma “cidade referência nacional, pela sua força econômica, cultural e histórica”. “Peço que os representantes das entidades e empresas que aqui estão façam uma reflexão: para onde a gente quer ir e para onde vamos?”, indagou.
“Devemos interagir cada vez mais. Pensar em uma cidade global. Encontrar as melhores coisas do planeta, por exemplo, em ciência e inovação, trazer e adaptar. Ribeirão tem de ser um centro de peso político onde nossas decisões sejam respeitadas nos âmbitos das discussões do nosso país. É assim que se faz uma cidade forte e uma região pujante como é a região metropolitana. Temos essas condicionantes e variáveis, mas não podemos perder as características de uma cidade com qualidade de vida”, enfatizou o prefeito.
O presidente da Câmara de Vereadores, Igor Oliveira (MDB), destacou que o Legislativo completa 144 anos no próximo dia 13 de julho e comentou os trabalhos exercidos na atual legislatura. “Temos um compromisso com a população. Um trabalho com seriedade e com transparência, além de manter uma relação republicana com o Poder Executivo”, discursou o parlamentar.
O juiz e diretor do Fórum Estadual de Justiça local, Ricardo Braga Monte Serrat, que representou o Judiciário na solenidade, disse que ficou emocionado, entusiasmado e esperançoso ao saber do evento. O magistrado salientou que Ribeirão Preto viveu uma fase de cidade sem memória, “não preservamos nossos casarões, nossos monumentos, marcas importantes do passado”.
Monte Serrat afirmou que o evento provocou o acontecimento de “dois elementos”. “Um é o resgate histórico de empresas que sobrevivem há tanto tempo e de entidade que colaboram para o bem da coletividade. É um trabalho de resgate histórico precioso e espero que frutifique em outras áreas de Ribeirão, para assim fechar essa falha que existe no prestígio da nossa cidade. Precisamos resgatar nossa história”, conclamou.
“Em segundo lugar me emocionou por ser um ato de justiça, pois, na medida que são lembradas as entidades que contribuíram para o bem de Ribeirão Preto, há um reconhecimento que é uma coisa raríssima hoje em dia e talvez seja rara de um modo geral na natureza humana. Bom que duas entidades exemplares como a Acirp e Tribuna fazem esse ato de justiça de reconhecer aqueles que vêm lutando há tanto tempo pelo bem da nossa cidade”, finalizou o juiz que recebeu a homenagem em nome do Judiciário, que existe há 126 anos no município.
O diretor do jornal Tribuna, Eduardo Ferrari, acrescentou que o periódico tem como um dos seus objetivos fazer esse resgate com frequência. “Nas edições de domingo, procuramos mostrar um pouco de entidades, personagens e fatos que marcaram a história da nossa cidade”, explicou. “Também produzimos uma revista, no aniversário de 20 anos do jornal, contando a história de Ribeirão Preto de forma didática. Essa revista está em todas as bibliotecas das escolas municipais da cidade”, acrescentou. Ferrari finalizou dizendo que a homenagem centenária representa a valorização das histórias das empresas e entidades.
As empresas e entidades centenárias homenageadas
A pesquisa e seleção das empresas e entidades centenárias, feitas pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e jornal Tribuna, duraram dois meses. Foi estabelecido como critério que tanto as instituições nascidas em Ribeirão Preto, como também as nacionais, mas que estão estabelecidas na cidade há 100 anos ou mais, seriam, homenageadas. Enquadraram-se nesse caso os Correios e o Banco do Brasil, por exemplo.
Representantes de cada entidade e empresa foram chamados ao palco. A história de cada uma delas foi contada resumidamente. Um detalhe foi a homenagem feita à própria Acirp. O presidente Dorival Balbino, ao invés de receber a medalha, convidou o funcionário mais antigo da entidade, o professor de economia e jornalista Vicente Golfeto, e convidou o funcionário mais novo, Gustavo Motta Massaro, para entregar a peça.
CONFIRA QUEM FOI HOMENAGEADO
– 1º Cartório de Registro Civil de Ribeirão Preto (1889)
– 1º Oficial de Registro de Imóveis de Ribeirão Preto (1879)
– Acirp (1904)
– Arquidiocese de Ribeirão Preto (1908)
– Associação Unione Italiana de Socorros Mútuos de Ribeirão Preto (1895)
– Banco do Brasil (1918)
– Biblioteca Padre Euclides (1902)
– Bosque Municipal Fábio Barreto (1907)
– Botafogo Futebol Clube (1918)
– Câmara Municipal (1874)
– Catedral Metropolitana de São Sebastião (1917)
– Colégio Auxiliadora (1918)
– Colégio Metodista de Ribeirão Preto (1899)
– Colégio Santa Úrsula (1912)
– Comercial Futebol Clube (1911)
– Companhia Paulista de Força e Luz (1912)
– Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto (1915)
– Empresa Brasileira de Correios (1880)
– Escola Estadual Fábio Barreto (1914)
– Escola Estadual Guimarães Júnior (1895)
– Escola Estadual Otoniel Mota (1907)
– Fórum Ribeirão Preto (1890)
– Funerária Nicácio (1918)
– Grupo Santa Emília (1903)
– Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de RP (1907)
– Hospital Santa Casa de Misericórdia (1896)
– Igreja Metodista Central em Ribeirão Preto (1896)
– Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres (1903)
– Igreja Senhor Bom Jesus do Bonfim (1898)
– Jornal A Cidade (1905)
– Loja Maçônica Amor e Caridade (1872)
– Loja Maçônica Estrella D´Oeste (1885)
– Mercado Municipal (1800)
– Palestra Itália Esporte Clube (1917)
– Polícia Civil (1905)
– Polícia Militar (1831*)
– Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (1874)
– Santuário Nossa Senhora do Rosário (1914)
– Sociedade Amiga dos Pobres (1910)
– Sociedade Dante Alighieri (1910)
– Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto (1906)
– Sociedade União dos Viajantes (1903)
– Tiro de Guerra (1908)
*A PM paulista foi criada em 1831. Sua atuação na cidade vem desde a fundação do município