José Eugenio Kaça *
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O dia internacional das mulheres comemorado no dia 08 de março é um dia de reflexão, para mostrar que a luta das mulheres por direitos iguais, não vai esmorecer, mesmo sabendo que a luta fica cada vez mais árdua, e manter as conquistas, exigindo que seus direitos constitucionais sejam cumpridos é a prioridade. O mito do criacionismo colocou as mulheres na posição de submissão aos homens, pois a sua vida foi concebida através da costela de um homem, e segundo esta lenda, e por toda a eternidade as mulheres serão submissas e receberam ordens de um homem.
Ao longo da história da humanidade, as mulheres mostraram sua força e tenacidade, e através dos séculos foram abrindo caminhos e conquistando novos espaços. O medo do ocultismo aflorado nas mulheres, e sua sagacidade, causam medo e pavor nos homens, e não sabendo como lidar com estes fenômenos, buscaram o apoio da Igreja, que com seus dogmas cometeram todo tipo de atrocidades contra as mulheres em nome de “Deus”. Mas as mulheres nunca desistiram, apenas recuaram em algumas ocasiões para recarregar as energias e continuar a luta.
O sufrágio universal, da formação universitária, e não apenas a Escola Normal foram conquistas diretamente ligadas as bravuras de algumas mulheres. Entretanto, a participação efetiva das mulheres na vida política do País é boicotada, pois apesar de serem 52,47% do eleitorado brasileiro, tem uma participação pífia. Na Câmara federal são apenas 14%, e no Senado é pior ainda; apenas 12%, e nos parlamentos por todo o Brasil a situação é a mesma. Entre 193 países, o Brasil ocupa a centésima trigésima posição da participação feminina na política, mesmo sendo a maioria da população.
O século 21, que alguns otimistas previam que seria o século da redenção humana, caminha a passos largos para o radicalismo de direita, que tem como bandeira de luta a volta do passado violento que marcou a humanidade, e neste bojo, a perseguição conta a autonomia das mulheres fica explicito. A tentativa de coagir as mulheres usando os dogmas das religiões que se dizem cristã, mas só seguem as atrocidades do Velho testamento. Os homens sabem que as mulheres, na sua maioria são tenazes, e buscam um mundo mais solidário, e por saberem disso buscam através da obscuridade obstruir colocando pedras neste caminho.
Leis foram criadas para proteger as mulheres, no entanto, a luta para fazer cumprir estas leis é árdua e diária. A Lei Maria da Penha, que é um marco na defesa das mulheres vem sendo atacada por juízes por todo o Brasil. Um documentário cafajeste produzido por uma plataforma da extrema direta, tenta criminalizar a Maria da Penha, que está paraplégica em virtude de um tiro nas costas disparado pelo seu ex-companheiro, no entanto o documentário tenta inocentar o agressor, e tornar a vítima uma criminosa – a que ponto chega essa gente de “bem”!
A luta é árdua e desigual, mas as mulheres que são a maioria da população, com a ajuda dos homens solidários e companheiros vão vencer e abrir novos caminhos. O debate sobre o aborto tem que ser protagonizado pelas mulheres, pois é da vida delas que se trata, não pode mais ficar nas mãos dos pseudos homens de “Deus”, e dos homens que dominam a política, e que enchem a boca para defender a família tradicional, mas que nas horas do lazer, preferem usufruir dos ambientes recheado de lindas mulheres, onde gastam o dinheiro público para o seu prazer, e depois hipocritamente voltam para suas famílias, e continuam defendendo a submissão das mulheres.
O dia internacional das mulheres é um dia de luta, e as mulheres precisam tomar as rédeas de suas vidas usando a autonomia que a Constituição determina – afinal todos são iguais perante a lei. As mulheres têm que abrir seus próprios caminhos. A hora é agora!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação