A quatro etapas do encerramento da temporada 2017 da Fórmula 1 (EUA –a ser realizar neste domingo-, México, Brasil e Abu Dhabi) e com a cada vez mais improvável presença de Felipe Massa na equipe Williams, ampliam-se as possibilidades de o Brasil não ter um piloto no grid já em 2018 e 2019. Seria a primeira vez que isso ocorreria desde 1970, quando Émerson Fittipaldi iniciou sua gloriosa carreira na categoria arrebatando dois títulos mundiais: os de 1972, pela Lotus, e 1974, já na McLaren. Ao todo o país detém oito mundiais, somados aos de Emo, os três de Ayrton Senna e outros três triunfos de Nelson Piquet.
A tábua de salvação seria, então, Massa sentar-se ao cockpit de uma equipe ainda menos competitiva do que a Williams, o que parece improvável ao piloto que, ao final de 2016, anunciou, aos prantos, a sua aposentadoria na principal categoria do automobilismo mundial para retornar, no ano seguinte, à categoria na mesma Williams que agora poderá substituí-lo pelo polonês Robert Kubika. Outra esperança é a de que, mesmo fora do comando da F1, o ex-todo poderoso Bernie Ecclestone, casado com uma brasileira, interceda pela presença de um brasuca entre os 22 pilotos com direito a largar em um GP. Desde a chegada da Liberty Media ao controle da Fórmula 1, Ecclestone ainda segue como diretor executivo da entidade. Britânico, exerce uma espécie de papel de ‘rainha da Inglaterra’ na empresa.
Sem chances – Neste ano, mesmo após haver depositado cerca de R$ 50 milhões nas contas da quase falida Sauber, pelos únicos dois pontos conquistados na temporada ao chegar em nono lugar do GP do Brasil, outro Felipe, o Nasr, perdeu a vaga na equipe sueca e nunca mais voltou a competir na categoria. ‘Bom de braço’, o piloto brasiliense, que também perdeu o patrocínio do Banco do Brasil, já mira o automobilismo norte-americano. Ele, no entanto, alimenta o sonho de retornar ao cada vez mais fechado circulo de pilotos com direito a um assento na F1, na maioria das vezes mais cortejados pela fortuna que levam às equipes nos bolsos dos macacões, que propriamente pela capacidade em conduzir um carro de corridas.
Atingidos em cheio pela ameaça de ficarem sem um piloto brasileiro no topo do automobilismo, os jovens Sergio Sette Câmara, que já vislumbra as portas de entrada da F1, e Bruno Baptista, na GP3 receiam também ver o interesse na categoria ir ao fundo do poço.
Para não dar de frente no muro da dura realidade, Câmara vai prolongar sua carreira por mais um ano na F-2, na expectativa por dias melhores. “Realmente, a chance é grande de o Brasil não ter uma vaga, mas torço para que o Felipe Massa continue porque sempre fomos muito bem representados e continuamos sendo por ele, que é um bom piloto”, avalia.
Guilherme Samaia, que fez neste ano seu primeiro ano na F-3 Britânica, acredita que esse momento difícil pode ser benéfico para ele, mas no futuro.
“Acredito que o Brasil vá ficar um tempo sem piloto na F1, talvez dois anos. Não tem ninguém pronto e, mesmo se tivesse, não vejo ninguém com o apoio suficiente de empresas brasileiras, pois 99% dos que entram, levam um patrocínio forte e depois, se a carreira engrenar, continuam,” diz.