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Domingo de escolhas: O sagrado ato de votar 

André Luiz da Silva *
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Neste domingo, o povo brasileiro se preparava para um dos rituais mais importantes da vida cívica: o direito ao voto. Não será um privilégio qualquer, e poucos países no mundo têm o luxo de, a cada dois anos, promover um encontro tão íntimo entre o cidadão e a democracia. No passado, esse direito era negado a muitos — mulheres, negros, analfabetos. Hoje, é diferente. O Brasil, de certa forma, aprendeu com seus erros. Todos maiores de 16 anos podem e devem votar.

Ainda há imperfeições, é claro. Em certos cantos do país, o voto de cabresto ainda respira, e a venda de votos, infelizmente, não é novidade. Mas no geral, há algo sagrado na liberdade de escolha. A inviolabilidade do voto, essa conquista, foi garantida a duras penas. E quem já passou por todas as etapas desse processo, como eu, sabe bem o valor dessa experiência.

Passei pelas urnas de várias formas. Já fui escrutinador e membro de mesa receptora. Agitei bandeiras, entreguei santinhos, coordenei campanhas, concorri a cargos e, felizmente, fui eleito duas vezes. Posso dizer, sem sombra de dúvida, que, apesar de todas as falhas, a democracia é, sim, a melhor opção.

Hoje, os candidatos se lançam com expectativas e promessas. Eles acreditam que suas ideias são as mais justas, que estão prontos para fazer melhor que aqueles que criticam. E o eleitor? Este, por vezes, cético, promete votos a vários candidatos, embora só tenha um para depositar. Há quem diga que mulher não vota em mulher, que negro não vota em negro. Quem sabe este não seja o momento histórico de mudar essa narrativa? A chance de ouro, aquela oportunidade única, de finalmente promover a tão desejada renovação?

É hora de prestigiar quem honrou seu voto, vestiu a camisa do povo e desempenhou suas atividades com dedicação e seriedade. Por outro lado, há os que traíram essa confiança, aqueles que, uma vez eleitos, esqueceram-se de quem lhes concedeu o mandato. Estes, que se afastaram do compromisso e da ética, terão de encarar o julgamento silencioso das urnas. E não há recurso que os salve: é o momento de mandá-los para casa.

As urnas nos aguardam, e o ato de votar é carregado de simbolismo. Alguns eleitores comparecem nas sessões eleitorais de maneira despretensiosa, enquanto outros fazem do dia um evento solene. Após estudar e escolher aquela ou aquele que melhor representam suas convicções e esperanças, tomam banho, separam roupas confortáveis, identificam a seção eleitoral e aguardam com paciência na fila até aquele momento especial. Entram na cabine de votação — um espaço pequeno, mas com significado imenso — e depositam o voto. É um instante íntimo, quase sagrado, como o peão que domina a montaria, o cristão que ganha a unção, ou o casal no ápice da paixão. Segundos preciosos e carregados de consequências às vezes eternas.

Nem tudo são flores, é verdade. A política tem seus desvios, e muitos candidatos e apoiadores ainda veem o processo eleitoral como uma oportunidade para buscar vantagens pessoais. Mesmo aqueles que saem derrotados, mas com uma votação expressiva, frequentemente buscam cargos em futuras administrações. Mas acredito que, com o tempo, a consciência política crescerá e esse tipo de prática será menos tolerada.

Por algumas horas, nossos olhos serão fixos nas telas, acompanhando a apuração. O Brasil, com sua agilidade tecnológica, logo saberá quem serão os vitoriosos, os derrotados e aqueles que terão de enfrentar um segundo turno. Mas, independentemente do resultado, uma coisa é certa: não devemos renunciar ao direito de votar.

A cada eleição, o ciclo se renova, e cabe a nós, eleitores, decidir quem continua e quem se despede. É o exercício da democracia em sua forma mais pura, onde o voto não é apenas um direito, mas uma arma poderosa para recompensar ou corrigir. Hoje, mais do que nunca, as urnas esperam por nossa voz.

* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

 

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