O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou nesta quinta-feira, 16 de outubro, que os Estados Unidos continuam dependentes da carne bovina brasileira e devem retomar o ritmo de importações assim que as tarifas adicionais impostas ao produto forem revistas.
Perosa explicou que o Brasil exporta cortes específicos de carne para diferentes mercados e se consolidou como fornecedor estratégico. “Para a Itália vai o corte usado na bresaola, para a China o dianteiro e para os Estados Unidos o recorte do dianteiro utilizado em hambúrgueres”, afirmou. Segundo ele, a carne brasileira, mais magra e limpa, é essencial para o blend industrial norte-americano, que mistura carne local mais gordurosa à brasileira para atender ao padrão de consumo interno.
Os Estados Unidos atravessam o menor ciclo pecuário em 75 anos, com cerca de 80 milhões de cabeças de gado ante 100 milhões em períodos normais. Até julho, o Brasil havia exportado 200 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos, o mesmo volume de todo o ano de 2024.
A expectativa do setor era dobrar esse número até dezembro, mas a tarifa total de 76% tornou inviável parte dos embarques. “Mesmo assim, seguimos com alguns cortes competitivos e mandamos cerca de dez mil toneladas no último mês”, afirmou.
Perosa destacou que a indústria brasileira redirecionou rapidamente os embarques para a Ásia e o Oriente Médio, mas perdeu um mercado altamente rentável. “O mesmo corte que vendemos à China por 5,7 mil dólares a tonelada era negociado a 7,5 mil dólares nos Estados Unidos”, comparou.

