A Polícia Federal investiga um ataque cibernético de grande escala que violou a autenticação facial do Gov.br, plataforma que centraliza mais de 4 mil serviços públicos digitais. Estima-se que mais de 3 mil contas tenham sido invadidas por meio de tecnologias como máscaras 3D hiper-realistas, deepfakes e vídeos manipulados por inteligência artificial.
Segundo a PF, os criminosos conseguiram burlar até o sistema de “liveness”, que verifica se o rosto está presente em tempo real, autorizando transações como empréstimos consignados, acessos ao Banco Central e abertura de empresas fraudulentas.
Especialistas alertam que a vulnerabilidade era previsível. “A tecnologia passiva de reconhecimento facial é prática, mas também mais frágil”, diz Hiago Kin, da Abraseci. Para Márcia Golfieri, pesquisadora em biometria, o erro foi confiar cegamente em soluções terceirizadas sem testes robustos contra fraudes avançadas.
Casos semelhantes já ocorreram na Índia e nos EUA, evidenciando uma adoção apressada de tecnologias biométricas sem padrões rigorosos de segurança.
A investigação levanta dúvidas sobre a responsabilidade do governo. Houve auditoria nos sistemas contratados? O TCU e o Ministério da Gestão admitem que a digitalização acelerada durante a pandemia pode ter deixado brechas.
Especialistas recomendam medidas de proteção imediatas, como ativar autenticação em dois fatores via app, evitar Wi-Fi públicas e monitorar atividades suspeitas no portal.
Enquanto a PF segue as investigações e novas prisões são esperadas, permanece a incerteza sobre a real dimensão do golpe, e quantos brasileiros sequer sabem que tiveram suas identidades violadas.
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