O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 7 de outubro, que o governo não vai mudar a estratégia sobre como lidar com os Estados Unidos porque, para ele, o atual método está funcionando. Ele participou do programa Bom Dia, Ministro, da EBC, ligada ao governo.
“Nós não vamos mudar a estratégia porque a estratégia, na minha opinião, tem dado certo”, disse. E completou: “Estamos tão confiantes nos nossos argumentos, que eles vão se fazer valer, através da nossa diplomacia”.
Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca uma reaproximação com os EUA que não é ideológica. O ministro minimizou a escolha de Donald Trump pelo secretário de Estado, Marco Rubio, para ser o interlocutor com o Brasil. Para ele, independentemente do negociador, a diplomacia brasileira – que classificou como “melhor do mundo” – vai superar esse momento. Haddad disse que pode haver espaço para um encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, durante sua viagem aos EUA na próxima semana.
“Eu ainda não me movi e devo fazer até o final da semana para saber da disponibilidade de Bessent, do interesse ou se o Marco Rubio vai estabelecer um contato com o Mauro Vieira antes disso. Eu não sei qual é o protocolo que eles vão seguir”, declarou. Haddad comemorou o telefonema entre os presidentes Lula e Trump, disse que foi uma conversa muito positiva e que a determinação de ambos os chefes de Estado foi de virar essa página de tensão entre os países, a qual ele avaliou como “equivocada”.
“Acredito que vai distensionar e abrir espaço para uma conversa franca, uma conversa produtiva”, afirmou. Segundo ele, há muitas oportunidades de investimento norte-americano na América do Sul, que tradicionalmente é deficitária com os EUA.
Ele citou como exemplos de investimentos possíveis a exploração de terras raras e projetos de transformação ecológica. Na segunda-feira (6), o presidente Lula e seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram uma conversa de 30 minutos por videoconferência.
Na oportunidade, o petista solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta pelo governo norte-americano a produtos brasileiros – geral de 10% e adicional de 40% direcionada apenas ao Brasil. “Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro”, informou o Planalto. De acordo com o Planalto, a ligação telefônica ocorreu por iniciativa de Trump.
Os dois presidentes chegaram a trocar telefones para estabelecer via direta de comunicação. Na conversa, Lula disse que o contato representa uma “oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”.
Ele recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Na sequência, solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta a produtos nacionais, além das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Já Trump afirmou que pretende “começar a fazer negócios com o Brasil”, após o que classificou como “uma ótima conversa” por telefone com o presidente Lula.
O republicano disse que os dois países vão estreitar laços econômicos e comerciais. Trump elogiou Lula, a quem chamou de “uma ótima pessoa”, e recordou o primeiro encontro entre ambos. “Eu o conheci nas Nações Unidas, no dia em que o teleprompter falhou… foi um momento interessante”, afirmou, em tom descontraído.
O presidente norte-americano também confirmou que há planos de encontros presenciais entre os dois líderes. “Em algum momento, Lula virá para os Estados Unidos, e eu irei ao Brasil”, repetiu. Os dois presidentes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. Lula sugeriu que o encontro seja durante a Cúpula da Asean, na Malásia. Ele reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém; e se dispôs também a viajar aos Estados Unidos.

