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Inovar é preciso

É comum nas ciências exatas e biológicas o emprego moderno da expressão “buscar inovação”. Nestas áreas, inovar vincula-se, geralmente, ao sentido de criar processos e tecnologias, até então inexistentes, bem como, ao sentido de buscar novas propriedades e desempenhos, seja de elementos naturais, seja de elementos artificiais, que elevem a quali­dade de vida em todo o planeta e, por que não, fora dele, na atuação espacial. Entretanto, nas ciências humanas, ciências que tratam do Homem em seus aspectos individual e social, o termo “inovar” necessita de maior precisão e esclarecimento.

A velocidade da produção e veiculação da informação no novo século, por certo, é um dos fatores, senão o fator, primordiais para a releitura da inovação em todas as áreas. É fato comprovado pela neurociência que o excesso de informa­ções acessadas, concomitantemente, na internet desfavorece a capacidade de memorização humana, o que propicia estudos inovadores nas ciências exatas (velocidade, construtos físico -matemáticos, entre outros), biológicas (percepção, reação, fi­siologia, entre outros) e humanas (socialização, compartilha­mento e stress, entre outros). Porém, como inovar em estudos que se pautam pela análise de enredos e de técnicas oscilantes da Antiguidade Clássica à Contemporaneidade, como ocorre, respectivamente, com os estudos nas áreas de Letras e Artes? Estariam ambas condenadas ao ostracismo?

Não, de forma alguma. A despeito da intensa especiali­zação tecnológica em todas as áreas, nenhuma tecnologia substitui a criatividade humana, geradora-mor da literatura e das belas artes. O caráter extemporâneo de ambas, cerne de sua inovação, que pode ocorrer tanto por insight, quanto por anos e anos de aperfeiçoamento técnico e de estilo, não é algo de reprodutibilidade técnica ou conceitual.

Saber o que está ocorrendo fora de sua especialidade é fundamental quando se objetiva inovar em seu campo de interesses. Também, explorar áreas de pesquisa que revelam necessidade de preenchimento de lacunas abre portas para estudos inovadores. Neste caso, contar com intercâmbio junto a pesquisadores renomados com inte­resse mútuo no assunto é muito produtivo. Ler notícias semanais, informações de eventos científicos, editoriais, cartas e resenhas de livros também permitem contemplar o informar-se das atualidades em geral.
Não se exigir resultados preliminares e nem tentar aperfeiçoar técnicas já existentes o primeiro passo. Quem busca um resultado inovador deve, essencialmente, abolir a cópia de passos alheios em sua caminhada. Isto enrique­ce os estudos, de modo geral, e o perfil investigativo de quem se propõe a fazê-lo.

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