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Negacionismo como marca de Governo

Uma inusitada onda de calor atinge o Rio Grande do Sul com tempe­raturas que devem superar os 40 graus. Enquanto o estado gaúcho ferve, chuvas intensas atingem todo o restante do país e já causaram dezenas de mortes na Bahia e outras dezenas de vítimas fatais em Minas Gerais. Dezenas de milhares de pessoas estão desabrigadas ou desalojadas em todo país. A covid, com suas variantes Delta e Ômicron, faz com que hospitais e postos de saúde voltem a lotar. Estudos revelam que aumentam os casos de infecção de brasileiros dentro de casa.

Diante desta tragédia toda, alguém, em sã consciência, acredita mesmo que a iniciativa privada, sozinha, será capaz de dar respostas às demandas sociais, especialmente dos mais carentes, dos atingidos pelo calor, pelas chuvas, pela Ômicron, pelo desemprego? Apenas pessoas mentalmente perturbadas, negacionistas que acreditam que a terra é plana e que a vacina faz mal, diante de uma realidade como essa defendem o enfraquecimento e o desmonte do serviço público.

Embora ainda não saia por aí dizendo abertamente que os vacinados po­dem virar jacaré ou que a Terra é plana e que o Sol gira ao redor do nosso planeta, o governo municipal ainda não deixou a ilusão do Estado Mínimo de lado, e essa espécie mais sofisticada de negacionismo também pode nos levar ao precipício. A falsa imagem de que Ribeirão Preto é hoje uma cidade global e acolhedora que o governo municipal tenta vender não convence ninguém, nem a ele próprio.

Quando o governo municipal vira as costas aos servidores e à necessidade do fortalecimento e da valorização do serviço público, o que ele está propondo, na verdade, é o Estado Mínimo. Quando o governo municipal faz o que pode (e o que não pode) para prejudicar o servidor público, no fundo, ele está propondo que a população renuncie à esperança de um serviço público adequado.

Até quando o governo municipal de Ribeirão Preto com seu negacionismo, seguindo os mesmos passos do governo Federal, vai continuar defendendo veladamente o Estado Mínimo e seguir fingindo que está tudo bem? As coisas por aqui não estão nada bem! Os servidores da saúde estão trabalhando no limite, todos com sobrecarga de trabalho, exaustos e sem o reconhecimento verdadeiro e efetivo pelo trabalho que realizam. A falta de infraestrutura pública valorizada faz com que crateras gigantes engulam veículos inteiros nas ruas de Ribeirão Preto.

A implementação do Estado Mínimo em Ribeirão Preto impacta direta­mente na prestação de serviços públicos, prejudicando áreas essenciais como saúde, educação, segurança, assistência social, esporte, cultura, planejamento, serviços de água, esgoto e infraestrutura. Alterar radicalmente a forma como en­xerga e se relaciona com os servidores públicos, para tentar reverter um quadro que já se revela assustador, é o único caminho para que o governo contribua, de fato, para que Ribeirão Preto se torne uma cidade global e acolhedora.

Não adianta o governo municipal falar da boca para fora em favor das vacinas ou criticar pontualmente o governo Bolsonaro e, ao mesmo tempo, continuar desrespeitando a lei municipal e produzindo uma legislação que torna cada vez pior a vida dos seus próprios servidores que vivem apenas do próprio trabalho. O governo municipal, até hoje, se revela um aliado dos ne­gacionistas e, nos últimos anos, tem se apoiado na pandemia e nos estragos provocados por um vírus mortal para implementar alterações na legislação municipal que suprimem direitos e que comprometeram a possibilidade de acesso da população a um serviço público de qualidade.

Quando encontra dificuldade para alterar a legislação municipal, o próprio governo municipal se incumbe de agir em total desrespeito à ordem jurídica, como fez em relação ao DAERP, cuja extinção ilegal contraria a lei maior do município: a nossa Lei Orgânica. Ribeirão Preto ainda não ferve como está fervendo o Rio Grande do Sul, nem sofre com a chuva que maltrata nossas queridas Minas Gerais e Bahia. Em Ribeirão, apesar de o governo municipal ter fechado o Pronto Socorro Central em plena pandemia, ainda não enfrentamos a tragédia sanitária vivida no Amazonas. Nossa tragédia maior é um governo que não consegue abandonar o negacionismo, que defende veladamente o Estado Mínimo, promove uma série de violações a direitos e a própria lei, prejudicando os trabalhadores e piorando ainda mais a vida da maioria da nossa população.

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