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No ponto de ônibus e debaixo de chuva

FOTOS: JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Falta cobertura em 2.104 pontos de parada de ônibus em Ribeirão Preto. No calor, o sol forte castiga os traba­lhadores e estudantes. Mas a situação fica ainda pior nesta época do ano, quando chega o período das chuvas e o usuário do transporte coletivo urbano tem de “se virar nos 30” para escapar da água.

Em algumas regiões da ci­dade, muitos passageiros são obrigados a esperar o ônibus em locais sem nenhum tipo de proteção – como marquises, es­tabelecimentos comerciais e até árvores, quando não há raios. Os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março são conside­rados pelos meteorologistas os mais chuvosos do ano.

Levantamento feito pelo Tribuna no Portal da Transpa­rência da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribei­rão Preto (Transerp), gestora e reguladora do serviço, mostra que, das 3.029 paradas para embarque e desembarque de passageiros existentes na ci­dade, 2.104 não possuem ne­nhum tipo de cobertura, 69,4% do total – a cada dez pontos, quase sete não têm teto.

Os números são referentes ao mês de outubro, quando ocorreu a última atualização, de acordo com a Transerp. Em comparação com os anos anteriores, o levantamen­to mostra também que não houve investimento significa­tivo do município na instala­ção de pontos cobertos.

O número de paradas para embarque e desembarque caiu 0,75% neste ano em com­paração com 2018, de 3.062 para 3.029, ou 23 a menos. A quantidade de pontos sem abrigo recuou 4,4%, de 2.201 para 2.104. Ou seja, 97 locais ganharam teto. Em dez meses de 2019 cresceu a parcela de unidades cobertas, de 851 para 925, alta de 8,7% e 74 a mais.

No ano passado, a quanti­dade de pontos sem cobertura (2.201) representava 72,1% do total, contra 7,17% de 2017, quando Ribeirão Preto conta­va com 3.057 paradas, sendo 864 com teto e 2.193 ao léu. O Consórcio PróUrbano – for­mado pelas viações Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – é o gru­po concessionário do serviço na cidade, segundo contrato assinado em maio de 2012.

O consórcio opera 118 li­nhas do transporte coletivo, com uma frota de 356 veículos. Em outubro transportou 4.849.372 de passageiros, uma média diá­ria de 156.431 viagens. Este foi o número de vezes que as catracas dos ônibus urbanos giraram em 31 dias. Procurada pelo Tribuna, a Transerp respondeu por nota.

Diz que o contrato de con­cessão do transporte coletivo prevê a instalação de 500 abri­gos ao longo dos 20 anos de concessão do contrato com o PróUrbano. Informa ainda, que a instalação depende de viabilidade de espaço para aco­modação do ponto, não po­dendo ser em guia rebaixada.

A avaliação abrange também se a parada possui expressiva de­manda de embarque e ausên­cia de proteção próxima como marquises e toldos. O imbróglio sobre os abrigos na cidade não é novo. Desde o início do man­dato, o vereador Marcos Papa (Rede) cobra da prefeitura a le­galização da exploração de pu­blicidade nos pontos de ônibus.

A cobrança foi uma das me­didas tomadas pelo vereador, que presidiu a Comissão Parla­mentar de Inquérito (CPI) dos Transportes. O relatório final apontou que a autorização dada pela administração anterior ao Consórcio PróUrbano, para ex­plorar este tipo de publicidade, era “ilegal, imoral e cruel”.

A exploração havia sido ter­ceirizada para a empresa Mídia Pull, previa a manutenção dos pontos e a construção de 20 abrigos por ano e acabou sendo cancelada no primeiro ano do governo Duarte Nogueira Jú­nior (PSDB), em 2017.

No ano passado, a Câ­mara de Vereadores também rejeitou projeto do Executivo que autorizava propaganda no mobiliário urbano porque a receita futuramente obtida não estava carimbada para melhorias no transporte pú­blico ou para o barateamento da passagem de ônibus. Uma nova proposta ainda não foi encaminhada ao Legislativo.

Segundo Marcos Papa, a exploração comercial dos abrigos de ônibus pode atingir montantes que chegam a R$ 100 milhões, dinheiro que po­deria ser usado para melhoria do transporte público, como a cobertura dos pontos de em­barque e desembarque.

Os valores foram apurados pela assessoria do parlamentar por meio do cruzamento de ta­belas de preços disponibilizadas pela empresa responsável pela operação da venda de anúncios, a Mídia Pull, com sede em São Paulo. Foi apurado que Ribeirão Preto tem cerca de 440 módulos de abrigos de ônibus aptos para receber publicidade.

Em novembro, a Transerp alterou o horário de 39 das 118 linhas de ônibus da cidade – 33% do total – e aumentou o intervalo entre cada viagem, forçando os passageiros a fica­rem mais tempo nos pontos de parada. A adequação foi neces­sária para promover equilíbrio na demanda de passageiros.

Isso porque durante deter­minados períodos do dia os ônibus circulavam com poucas pessoas. Porém, a empresa que gerencia o transporte em Ribei­rão Preto manteve o mesmo nú­mero de veículos nos horários de pico. O aumento no número de passageiros que não pagam pelo bilhete também influenciou.

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