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O coração e o ‘stress’

Estamos apresentando os fatores de risco para as doenças cerebrocardiovasculares que constituem uma constante na vida das pessoas e que, uma vez conhecidos e combatidos com competência, pode evitar um grande número de óbitos. Entre os fatores de risco de doenças do coração e vasos já apresentamos, aqui nesse espaço, a pressão alta, o diabetes e o cigarro. Pois bem, esses são inimigos do coração. Mas o coração tem um outro inimigo em potencial e de uma ferocidade muito grande: o “stress” que apresenta uma difi­culdade enorme de ser combatido. Isto porque vivemos em uma sociedade altamente exigente com padrões de “tem que ter, tem que consumir”, daí originando um comportamento ganancioso capaz de causar danos consideráveis ao corpo humano.

Assim, o “stress” assume um lugar de destaque entre os inimigos do coração. As tensões emocionais favorecem as doenças cardiovasculares em escala considerável. Agora o que é muito significativo é que basta a pessoa ter uma pré-disposi­ção genética a problemas do coração e uma bomba com efeitos devastadores está instalada. Numerosos trabalhos científicos muito bem conduzidos incluindo estudos internacionais mos­tram claramente que a liberação de hormônios em momentos de stress são capazes de perturbar o organismo provocando reações que determinam desde o aumento de pressão arterial passando por perturbações em diversos órgãos do corpo humano até um colapso cardíaco levando à morte súbita.

E quais são essas situações estressantes? Começando pelas pre­ocupações do dia a dia, associadas aos problemas pessoais, trabalho excessivo e exaustivo, decepções, pressão, distúrbios conjugais e familiares, ganância por progresso financeiro e outras situações estressantes que em conjunto são capazes de acionar um gatilho cau­sando reações que interferem no funcionamento normal do coração. A associação desses riscos evitáveis ao não-evitável fator genético para doenças do coração, traz como corolário um tipo de dispositivo capaz de detonar o coração.

O combate a essas ameaças tem início com uma compreensão exata da gravidade dessa contingência e estar submetido a um estado de tensão do tipo dos citados aqui é capaz de alterar profundamente o funcionamento do cérebro. Estar vivendo sob uma rotina de condi­ções estressantes faz com que glândulas do corpo produzam e liberem hormônios que são capazes de causar total ou parcial instabilidade no organismo. Entre esses hormônios um deles se destaca pela sua ação instantânea e prejudicial a todos os órgãos do corpo e que é a adrenalina. Esse hormônio leva a um súbito aumento dos batimentos do coração e aumenta muito também o valor da pressão arterial. Essa associação pode levar a um colapso cardíaco e morte súbita.

Há ainda outro hormônio chamado cortisol que é de uma gravidade considerável para o coração quando este já apresenta algum a doença anterior. Agora uma pergunta que surge é: Como combater o “stress”? O primeiro passo é reunir forças para comba­ter a ganância do “tem que ter, tem que possuir”. Tem que trocar o carro, tem que mudar para um condomínio “melhor”, tenho que adiar as minhas férias, preciso fazer umas horinhas extras a mais, preciso me esforçar para conseguir uma promoção e por aí vai. As atividades físicas tão necessárias não podem ser deixadas de lado em hipótese alguma.

Uma alimentação constando de frutas, legumes e verduras preci­sa ser 50% de tudo que a pessoa come, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas a um mínimo, dormir entre sete e oito horas todos os dias é absolutamente necessário, uma consulta médica uma vez ao ano, no mínimo, é preciso que seja feita mesmo que a pessoa “não sinta nada”. Finalmente, a pessoa não deve fumar de jeito nenhum. Desse modo o autor dessa matéria assegura que você tem todas as chances de ter uma vida longa e feliz.

Esse trabalho é dedicado ao doutor Jarbas Leite Nogueira, emi­nente professor de Cardiologia Preventiva da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), com quem tive a honra de estudar, pesquisar e trabalhar durante mais de um lustro até concluir a minha tese de doutorado em Medicina.

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