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O momento é de doação

O verbo doar significa “dedicar algo a ou dedicar-se a uma causa ou a alguém; entregar-se”. Embora este não seja um artigo sobre eti­mologia, é importante que compreendamos a essência dessa palavra antes de irmos ao ponto.

Desde o fim de 2019 passamos a testemunhar casos na China de pessoas convalescendo em função de um novo vírus, que ra­pidamente abatia o sistema imunológico podendo levar à morte. Mas, era dezembro, as pessoas estavam envolvidas com as festas e não deram atenção a algo que acontecia tão longe, do outro lado do mundo.

Ironicamente, a globalização hoje é tamanha que inclui as doenças. Em poucas semanas começaram os primeiros relatos sobre a presença de casos importados do coronavírus em outros países. E, num piscar de olhos, foi decretada a pandemia causada pela covid-19.

Além de todos os impactos na saúde, que por si só já são estrondosos, esse vírus, tão facilmente destruído por álcool ou água e sabão, e ao mesmo tempo tão letal, impôs outros desafios para o mundo.

Para combater sua disseminação, o distanciamento social se fez necessário. Mas, se distanciar implica em ficar em casa, na maioria das vezes sem trabalhar. O raciocínio é simples: sem trabalho, não há rendimentos. Com isso, até mesmo os países mais bem estrutura­dos economicamente se viram prestes a um colapso financeiro.

No Brasil, se antes já tínhamos milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, agora a situação encontra-se ainda mais caótica. Aqueles que dependiam da ajuda governamental, encon­tram-se desesperados, pois a maioria dos esforços e recursos está voltado para o combate ao coronavírus.

Além da questão econômica, enfrentamos também os desafios impostos pelos novos tempos. Há quem diga que nunca mais vol­taremos ao mesmo mundo que conhecíamos antes da covid-19. No momento, estamos aprendendo a viver fora da sociedade. Deixamos de lado os agrupamentos, sejam na escola, trabalho ou confra­ternizações para ficarmos com os nossos. Essas mudanças geram medo, insegurança, solidão e depressão. Certamente teremos novas síndromes psiquiátricas sendo nomeadas em breve, também como consequência do coronavírus.

Nesse ambiente de isolamento físico e mental, não podemos ne­gligenciar os outros. É preciso olhar além dos nossos lares e praticar a doação. Seu tempo pode ser doado, conversando com uma pessoa solitária. Sua ajuda também, como em uma ida ao mercado para um vizinho que integra o grupo de risco. Oferecer mantimentos a uma família que está desabastecida é outra maneira de doar. Seu sangue pode fazer toda a diferença no banco de sua cidade, que está desfalcado ou, ainda, seu plasma, pode salvar uma vida, no caso de já ter sido contaminado pelo coronavírus e curado. Você pode estar fazendo história ao participar deste novo e promissor experimento para o tratamento da covid-19.

Neste momento, independentemente da classe social, estamos todos marginalizados. Mas, ainda assim, podemos fazer a diferença. E não podemos perder tempo, pois a fome não passa sem alimento, a dor não cede sem remédio e a tristeza não se vai sem um ombro amigo.
Portanto, doe e doe-se. O altruísmo e a generosidade têm re­sultados comprovadamente positivos para a saúde e vão te imunizar emocionalmente contra os efeitos dessa pandemia.

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