A Polícia Federal encerrou o procedimento disciplinar instaurado para apurar suposto “vazamento” de informações da Operação Sevandija, atribuída pelo ex-superintendente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp), Davi Mansur Cury, a um dos policiais federais que trabalharam na investigação. O delegado que coordenou a investigação interna interrogou o réu denunciante e várias outras pessoas, tendo concluído ao final dos trabalhos que o suposto “vazamento” não ocorreu.
Mansur Cury, investigado por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e fraude em licitações na ação penal que envolve a Coderp e a Atmosphera Construções e Empreendimentos, do empresário Marcelo Plastino, que cometeu o suicídio em novembro de 2016, disse em depoimento ao juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, que o sogro de um dos agentes da PF teria avisado o pai e o irmão dele sobre a Sevandija dois dias antes de a operação ter sido deflagrada.
O réu que fez a denúncia negou-se a colaborar com as investigações internas e não forneceu nenhum dado adicional que pudesse auxiliar na coleta de provas. No entanto, segundo a Polícia Federal, os próprios parentes de Mansur Cury que supostamente teriam recebido o “vazamento” negaram que isso tivesse ocorrido.
Um integrante do Ministério Público do Estado de São Paulo – do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) – foi ouvido no bojo do procedimento e afirmou que a quantidade de provas obtidas quando da deflagração da operação demonstra que não houve qualquer tipo de “vazamento”, caso contrário, as provas teriam desaparecido antes do cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
Cópia integral do procedimento disciplinar foi encaminhado ao juízo da 4ª Vara Criminal em Ribeirão Preto para instrução da ação penal. A Polícia Federal diz, ainda que será instaurado inquérito policial contra Mansur Cury para apurar eventual prática do crime de denunciação caluniosa, previsto no artigo 339, do Código Penal, cujas penas são de reclusão de dois oito 8 anos, e multa.
Um dos 21 réus da ação penal da Coderp, o ex-superintendente da companhia está preso em Tremembé desde 19 de maio, quando a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou a liminar que o mantinha em liberdade. A defesa dele diz que a denúncia sobre o “vazamento” foi feita em interrogatório, dentro da lei, e por isso a acusação de calúnia não tem embasamento jurídico. Além disso, diz que a corporação passa informações equivocadas à população.