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Ribeirão Preto 

Sérgio Roxo da Fonseca *
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Durante a celebração do Quarto Centenário São Paulo foi convocada uma olimpíada, da qual o atleta Francisco de Assis Moura, o Chicão,  foi eleito como a marca registrada daquele tempo ao se tornar o seu “decatleta”. Era ele Delegado de Polícia de Brodosqui e atleta da Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto. O “Chicão” converteu-se na marca registrada do atletismo daqueles gloriosos dias.

A tão brava e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto era considerada como uma das três mais significativas do Estado de São Paulo, ao lado de Santos e de Campinas.

A sua zona rural era reconhecida como uma das mais ricas do planeta. Os italianos consideravam que se tratava de uma terra “rossa” que na sua linguagem “rossa” significava “vermelha”. A língua italiana até então não era bem conhecida tanto que até hoje a nossa terra passou a ser qualificada como “terra roxa”. Mas lá e cá sempre foi qualificada como a melhor “terra roxa” do universo muito embora seja vermelha.

A sua administração não ficava atrás. O seu café foi qualificado como o melhor do mundo. Três cervejarias tomaram o lugar daquele tempo. A população vivia sob o som das “sirenes” da Antártica e da Paulista.

Os seus estudantes podiam passar pelos bancos universitários das escolas de farmácia e de odontologia. A faculdade de medicina estava nascendo.

Mas enquanto isso a sociedade mantinha três escolas de música clássica, convertendo-se no seu ponto de atração. Numa demonstração de sua qualidade, uma jovem pianista apresentou-se no Teatro Pedro II, tirando do piano o inesquecível II Concerto de Rachmaninoff. O músico norte-americano Frank Sinatra converteu o concerto numa música popular, batizando-a como nome de “Fool moon and empty arms” (Lua cheia e braços vazios).

Um ribeirãopretano, viajando para a Europa de navio, deu de presente ao comandante italiano um livro contendo na capa o Teatro Pedro II. Para espanto geral, o comandante italiano apontou para o canto da capa e pronunciou a palavra mágica: “Pinguino”.

Ribeirão Preto durante muito tempo foi convertido numa cidade conhecida internacionalmente. No entanto, nos tempos modernos as cervejarias tiveram suas portas trancadas. Dos cafés sobrou a Única. Os pianos calaram seus teclados. A equipe de atletismo da Recreativa, a terceira do Brasil, não mais reúne seus atletas como o Chicão.

O jornal Folha de S. Paulo, de três de setembro de 2024, publicou uma vasta pesquisa realizada sobre as cidades brasileiras, tendo em conta os seguintes índices: educação, saúde, saneamento e receita (página A 17).

A tão brava e leal cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto ficou em décimo lugar. Em primeiro lugar está Botucatu. Em segundo lugar ficou Belo Horizonte. Em quarto lugar está Volta Redonda.

Está bem na hora de Ribeirão Preto voltar seus olhos para a sua gloriosa história, recuperando assim a vocação do seu passado, para o reconhecimento de sua relevância perante o Brasil.

* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia 

 

 

 

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