O Parlamento do Japão elegeu nesta terça-feira, 21 de outubro, a ultraconservadora Sanae Takaichi como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra na história do país. Ela substitui Shigeru Ishiba, que renunciou após a derrota de seu partido, o Liberal Democrata (PLD), nas eleições de julho.
A escolha de Takaichi, de 64 anos, foi garantida por um acordo de coalizão com o partido de direita Inovação do Japão, após o rompimento com o tradicional aliado Komeito, de linha centrista e pacifista.
O acordo, no entanto, não garante maioria parlamentar e pode tornar o governo instável. Discípula do ex-premiê assassinado Shinzo Abe, Takaichi defende fortalecer as Forças Armadas, revisar a Constituição pacifista e reforçar a economia.
Conhecida por posições nacionalistas, ela se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à adoção de sobrenomes diferentes por casais. Apesar de ser a primeira mulher no cargo, Takaichi evita associar sua chegada ao poder a avanços em igualdade de gênero.
“Agora a estabilidade política é essencial”, afirmou, ao assinar um acordo com o governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, líder do Inovação do Japão. A recém-nomeada primeira-ministra do Japão escolheu Satsuki Katayama, de 66 anos, como a primeira mulher ministra das Finanças do país, em uma iniciativa que pode aumentar as expectativas de uma política fiscal mais expansiva.
Ex-burocrata experiente, Katayama é tida como favorável à postura fiscal proativa da nova administração. Ela tem duas décadas de experiência no Ministério das Finanças e poderá ajudar o governo de Takaichi a equilibrar o desafio de aumentar os gastos fiscais em meio a preocupações com a crescente dívida federal.
Os mercados já haviam precificado em grande parte a nomeação de Katayama e aguardam outras nomeações para o gabinete de Takaichi para avaliar as implicações de suas escolhas. Sanae Takaichi afirmou que pretende “levar as relações Japão-EUA a um patamar ainda mais elevado” e confirmou que a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Japão “está prevista para breve”.
As declarações foram dadas em sua primeira coletiva de imprensa no cargo, de acordo com a Kyodo News. Takaichi informou que, já na primeira reunião de gabinete, ordenará a elaboração de um pacote de medidas econômicas.
“Adotaremos políticas para conter a alta dos preços, aboliremos rapidamente a alíquota provisória do imposto sobre a gasolina e ampliaremos o limite de renda de 1,03 milhão de ienes (US$ 6 800)”, disse. Ela afirmou ainda que “trabalhará pelos resultados em favor do país e do povo” e que “jamais desistirá de construir um Japão forte”. Sobre política monetária, Takaichi ressaltou que “manterá uma estreita coordenação e comunicação plena com o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês)”, e indicou que “neste momento, não há planos de revisar imediatamente” a declaração conjunta firmada em 2013 entre o governo e o banco central.

