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Música colonial é tema de concerto 

Ensemble Mentemanuque apresenta concerto exclusivo para produção inédita de álbum de música colonial brasileira com as solfas de Mogi das Cruzes (Divulgação)

O Ensemble Mentemanuque – solistas da USP Filarmônica, sob direção do maestro Rubens Russomanno Ricciardi – apresenta um concerto especial coral-sinfônico com repertório do período colonial brasileiro. A audição faz parte das preparações do processo de registro fonográfico, que posteriormente dará vida ao álbum inédito intitulado “Música Colonial Brasileira – As Solfas de Mogi das Cruzes”.

A apresentação acontecerá no Auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), nesta sexta-feira, 8 de março, às 20 horas, com entrada gratuita. A iniciativa faz parte da série “Solfas Brasileiras”, contemplada no Programa de Ação Cultural (ProAC), através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo,.

É um desdobramento do projeto “Manuscritos Musicais do Brasil Colonial – Século XVIII”, trabalho de pesquisa que deu origem ao livro “As Solfas de Mogi das Cruzes – Edição musical e apontamentos históricos” (Malungada Produtos Culturais – 2022), escrito pelo maestro Rubens Russomanno Ricciardi e pelo historiador Odair de Paula, através do programa Rumos Itaú Cultural.

Lançado em setembro de 2022, o referido livro marca a publicação do mais completo estudo sobre as composições mais antigas que se tem notícia no Brasil, ainda pouco conhecidas e nunca antes registradas na íntegra. O termo solfa designa, no período colonial, os papéis de música – aqui no caso, um conjunto de manuscritos musicais elaborados em Mogi das Cruzes, por volta de 1730, quando atuava ali como mestre de capela o músico mogiano Faustino do Prado Xavier (1708-1800).

O trabalho de transcrição desenvolvido pelo maestro Rubens Russomanno Ricciardi, trazendo todas as sete obras intactas do conjunto de manuscritos (solfas) para a notação moderna de partitura, tornou possível o estudo e execução das mesmas, agora o raro repertório poderá ser apreciado também em forma de disco digital, podendo ser acessado por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo.

As sessões de gravação acontecem um dia após ao concerto aberto ao público, no mesmo Auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP e serão feitas em um moderno sistema de captação com formato específico para orquestras, sob os cuidados de Igor Toledo, técnico responsável, consumindo em torno de 80 horas de trabalho, distribuídos em até sete dias e mais de 60 horas dedicadas ao processo de edição: mixagem e masterização.

O disco ainda está em fase de pré-produção e será disponibilizado somente em versão digital, com distribuição para mais de 50 plataformas de streamings. Segundo Deo Miranda, autor dos projetos e produtor do disco, o lançamento oficial está previsto para o segundo semestre deste ano, mas ainda sem data definida.

Concerto – O grupo de música de câmara Ensemble Mentemanuque apresentará neste concerto exclusivo aberto ao público, todo o repertório das obras dos séculos XVII e XVIII, recentemente editadas no livro As solfas de Mogi das Cruzes e contará com a participação dos cantores Fernanda Ribeiro (Soprano), Felipe Rissatti (Contratenor), Daniel Umbelino (Tenor) e Alexandre Mazzer Perticarrari (Barítono).

Serão acompanhados pelos instrumentistas Carlo Arruda (Cravo), Marcos Vinícius Miranda dos Santos e Paulo Eduardo de Barros Veiga (Violinos I e II), Willian Rodrigues (Viola), Robson Fonseca (Violoncelo) e Alexandre Girio (Contrabaixo) – sempre sob a regência do maestro Rubens Russomanno Ricciardi, que assina também todo o processo editorial das solfas e a direção artística do concerto e da gravação.

Música colonial – As principais referências entre os copistas e supostos autores das solfas são os irmãos Ângelo e Faustino do Prado Xavier, este último presbítero do hábito de São Pedro formado pelos carmelitas em Mogi das Cruzes onde nasceu, à época chamada Vila de Sant’Anna, posteriormente cônego da Sé paulistana.

As primeiras solfas foram descobertas em 1984, por Jaelson Trindade, historiador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), num total inicial de 28 folhas. Naquele mesmo ano, o historiador mogiano Jurandyr Ferraz de Campos completou o primeiro achado – num antigo Livro Foral de Modi das Cruzes – com mais uma folha.

Por fim, em 1990, o também historiador mogiano Issac Grinberg encontrou ainda mais sete folhas do mesmo conjunto, completando um total de 36 folhas, as quais serviram de base para a presente pesquisa e edição musical. As solfas ou manuscritos musicais, as quais remontam ao Convento do Carmo de Mogi das Cruzes dos tempos coloniais, ficaram sob a guarda da Superintendência do IPHAN em São Paulo.

F foram inicialmente estudadas pelo musicólogo Régis Duprat. No início dos anos 2000, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional devolveu os manuscritos ao Arquivo Histórico da cidade de Mogi das Cruzes, onde se encontram devidamente depositados.

Serviço
Evento: concerto “Solfas de Mogi das Cruzes”
Com: Ensemble  Mentemanuque
Direção artística e regência:  maestro Rubens  Russomanno Ricciardi
Produção: Malungada  Produtos Culturais
Quando: sexta-feira, 8 de março
Horário: às 20 horas
Onde: Auditório da Faculdade de Direito  de Ribeirão Preto (USP)
Endereço: campus da USP
Entrada: gratuita
(sem reserva)
Censura: livre  

 

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