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Um basta à apologia do nazi-fascismo

Quando você acha que já viu de tudo… aparece mais esta! Já ouvimos os bolsonaristas espalharem por aí que nazismo é de esquerda. Desta vez, o apresentador do podcast “Flow”, Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu, dentre outras barbaridades, a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei. O comentário do podcaster ocorreu na última segunda-feira, durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (DEM) e Tabata Amaral (PSB). Este é apenas mais um episódio no contex­to desta tragédia que se abateu sobre a nossa sociedade chamada “bolsonarismo”. A repercussão foi tão negativa que, na terça-feira, o Flow demitiu o apresentador e sócio do empreendimento, quando patrocinadores de peso começaram a cair fora.

Mas acabou também sobrando para Kim, o maior cabo eleitoral do ex-juiz Sergio Moro na sua corrida para ser presidente. Kim sugeriu que grupos radicais ganham força quando o cerceamento de ideias extremistas é praticado em detrimento da “liberdade de expressão”. No fundo, ele propaga a opinião de que a liberdade de expressão está acima das ameaças à própria vida humana, como argumentam os negacionis­tas em geral e, em particular, os que andam espalhando mentiras sobre as vacinas. Estão entre estes, os que negam o Holocausto. E Monark ainda perguntou a Tabata como o nazismo colocaria os judeus em risco, desprezando o genocídio de 6 milhões deles durante a II Guerra.

No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa. É justamente isso que deveria acontecer com Monark e Kim. Cometeram crimes que precisam ser rigorosamente investigados. Aliás, em raro momento de lucidez, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, já mandou investigar as declarações dos dois. Kim reagiu alegando perseguição política do PGR e afirmando que seu discurso, na verdade, foi “antinazista”.

Não é de hoje que Monark causa polêmica. No ano passado, ele per­guntou no Twitter se “ter uma opinião racista é crime” e ainda comparou homofobia com a escolha de tomar um refrigerante. Desta vez, ele che­gou a perguntar à deputada Tabata se as pessoas não têm o direito de ser idiotas. Eu responderia para ele: “não têm não!” Para isso existe escola! Eu mesmo passei trinta anos da minha vida, lecionando História em escolas públicas e particulares e ensinei para os meus alunos e alunas o que foi o nazismo para que todos eles tivessem mais amor à vida e à liberdade através do conhecimento. Não é mais possível que, em pleno século XXI, ainda tenhamos de aturar apologia ao nazi-fascismo.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) divulgou uma nota condenando a fala do youtuber. “O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores’. Sob a lide­rança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias”, diz a nota. “O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”, acrescentou. A Federação Israelita de São Paulo foi na mesma linha.

Como sempre acontece com as idiotices supinas, a emenda fica pior do que o soneto. Monark, no dia seguinte, tentou se desculpar, afirmando que estava bêbado no momento da entrevista com Kim e com Tabata. Mais do que bêbado, Monark estava em um profundo estado de ignorância.
Se o nazismo ou o neonazismo firmassem raízes no Brasil, como desejam alguns idiotas, a maior parte dos brasileiros seria simplesmente exterminada. Ninguém tem o direito de ser nazista ou anti-judeu. Nem de defender essas excrecências. Nazismo não cabe na democracia. Nazismo não cabe em lugar ne­nhum. Nazismo se derrota. E ponto final!

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