Tribuna Ribeirão
Economia

Varejo pode deixar de vender R$ 138 bi

ALFREDO RISK/ARQUIVO

Um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Feco­mercioSP) mostra que, usando como parâmetro as perdas do comércio durante a recessão de 2015 e 2016, a crise do novo co­ronavírus fará com que o setor venda entre R$ 115 bilhões e R$ 138 bilhões a menos em 2020 que no ano passado. O valor re­presenta 3,9% a 4,8% do que foi comercializado em 2019.

Na comparação com as pre­visões do início de 2020, a análi­se feita pela FecomercioSP prevê que haverá perdas de ao menos 5,9% nas vendas durante os me­ses de abril, maio e junho, com retomada gradual nos meses se­guintes. Numa conjuntura mais grave, a instituição prevê recuo de 10%, enquanto que no pior cenário, a previsão é de retração de 15% nas vendas para cada um dos três meses.

Segundo a FecomercioSP, os três cenários previstos para a crise são equivalentes a 21, 23 e 25 dias de estabelecimentos completamente fechados no Brasil, respectivamente. Em São Paulo, a federação apon­ta para quedas de, ao menos, 7,7% no faturamento do varejo para os três meses com previ­são de perdas – abril, maio e ju­nho. Em cenários mais agudos, a FecomercioSP estima quedas de 8,3% e 9% em relação ao previsto no início do ano. Em valores absolutos, as perdas no estado podem chegar a R$ 60,3 bilhões, R$ 65,3 bilhões e R$ 70,2 bilhões, respectivamente.

Para os pequenos comer­ciantes, que representam mais de 90% do setor no Brasil, a ins­tituição afirma que uma queda média de 10% no faturamento em abril, maio e junho fará com que cerca de 44 mil empre­sas encerrem as atividades em 2020, levando à economia um prejuízo de ao menos R$ 54,5 bilhões em relação às estimati­vas anteriores a pandemia, além do fechamento de 191 mil vagas formais de emprego.

Retrospectiva
O Brasil já vinha se recupe­rando de uma sequência de cri­ses políticas e econômicas, nas quais os pequenos negócios fo­ram diretamente abalados. En­tre 2013 e 2017, 98.490 micros, pequenas e médias empresas (MPMEs) fecharam suas portas, reduzindo em 7,1% a quantida­de de estabelecimentos atuantes no varejo. No mesmo período, o recuo das grandes empresas do segmento foi de 3,8%.

Entre 2013 e 2017, ocor­reram 111.014 desligamentos de pessoas ocupadas no varejo brasileiro. Em apenas um ano, em 2015, o número de pessoas desocupadas aumentou mais de 40%, quando se registrou retra­ção aguda de 4,3% no volume de vendas do setor. Esses postos de trabalho ainda não haviam sido restituídos até o início deste ano. Agora, fica ainda mais difícil para um país que estava em bus­ca de recuperação econômica.

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