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Violência no ambiente escolar e o descumprimento das leis!

Cada vez que uma tragédia acontece em uma escola pública, e esse acontecimento vai parar nos noticiários policiais, mais se alarga o abismo segregacional que se perpetua em nossa sociedade. O assassina­to da professora Elisabete Tenreiro, que aconteceu no interior da E.E. Thomázia Montoro, assassinato cometido por um aluno de 13 anos, escancarou as condições precárias, que as escolas públicas brasileiras que atendem a educação básica vêm passando há décadas.

Estas tragédias, que não deveriam acontecer no ambiente escolar, isso mostra que a sociedade está enferma. A nossa Carta Magna, no capítulo educação estabelece uma parceria entre escola, família e socie­dade, para que a educação de nossas crianças alcance o patamar dese­jado, no entanto essa parceria vem sendo boicotada por autoridades e gestores escolares ao longo do tempo, e com isso as mazelas cotidianas estão contaminando o ambiente escolar.

A educação coercitiva, ainda impera em muitos ambientes escola­res, no passado, não tão longínquo, qualquer indisciplina do aluno era punido com a expulsão sumária, e a partir daí, não conseguia estudar novamente em uma escola pública. Houve um abrandamento, nesta situação, pois em um País que não existe prisão perpétua, condenar uma criança a uma exclusão permanente, não fazia sentido.

Esse castigo sumário foi substituído pela transferência compul­sória, que só mudou a forma, mas não resolve o problema, apenas mascara. Os prédios escolares públicos foram copiados dos modelos de prisões, e as salas de aulas foram espelhadas no modelo fabril, e no final da linha de montagem aparecerá o produto final, que será aprovado pela rigorosa inspeção, e tem muito professor ainda hoje com essa visão, mas não somos máquinas, somos seres humanos, e o ser humano é outra energia.

Apesar das garantias constitucionais, a educação básica pública contunua deficitária. O modelo fabril e excesso de tempo aprisionado em uma carteira tem se mostrado improdutivo, pois a meninada é do século 21, e a escola e seus métodos são do século 19, esbarrando no século 20, aí não pode dar certo.

Uma palavra fundamental neste ambiente é a ética, que segundo o dicionário Michaelis: “É o conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou grupo social ou de uma sociedade”, portanto, a conduta, a honestidade e a transparência não podem ser negligenciadas. Acontece que a mentira e a escamoteação dos dirigentes acabam sendo as máximas das políticas educacionais.

Os casos de violências nos ambientes escolares são reflexos da enfermidade causada pelo ódio, que nossa sociedade vive há algum tempo. Novas pedagogias precisam ser impingidas nas escolas básicas públicas, voltadas para o convívio social e a cidadania, modelos exito­sos já existem para serem observados e adaptados à realidade de cada escola, o Projeto Âncora, a Escola Municipal Amorim Lima e a Escola Estadual Campos Sales todas no Estado de São Paulo são exemplos das novas pedagogias voltadas para uma sociedade cidadã. Um ambiente escolar, onde professores, alunos, familiares, dirigentes e demais traba­lhadores escolares convivam em harmonia e solidariedade, pois onde há paz há evolução.

A Secretaria de Educação de Ribeirão Preto é pródiga em descum­prir as leis, pois com uma canetada deixou sem transporte escolar crianças de treze anos de idade, alegando que está cumprindo a lei, acontece que o artigo 208º da Constituição cidadã, e os artigos 53º e 54º do Estatuto da Criança e do Adolescente garantem aos educandos uma educação de qualidade, com todas as garantias, como material escolar, alimentação e transporte escolar, mas essa gente acha que as leis foram feitas para serem burladas.

O Brasil sempre foi pródigo em teóricos da educação básica, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), lançou o alicerce de uma educação básica pública e de qualidade para todos, no entanto noventa anos se passaram, e essa escola básica pública de qualidade para todos, não chegou nas periferias pobres, onde vivem os herdeiros da escravização negra que maculou este País. A violência no ambiente escolar começa no descumprimento das leis, e se estende na falta de vontade política e de preconceito contra pretos e pobres.

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