Tribuna Ribeirão
DestaqueGeral

Jovens desinteressados pela CNH em Ribeirão

O texto aguarda sanção do presidente Lula (Reprodução)

João Camargo

Há alguns anos, o anseio dos jovens em tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a paixão por dirigir eram cons­tantes. No entanto, de acordo com um levantamento feito pelo Departamento Estadu­al de Trânsito (Detran), essa busca pelo documento e pela possibilidade de ter um veículo têm caído nos últimos anos em Ribeirão Preto.

O Tribuna apurou que o número de habilitações en­tre pessoas com idades de 18 a 30 anos caiu 11,5% nos últimos anos. Os dados rela­tam que, em junho de 2015, foram emitidas 97.632 CNHs na cidade, enquanto, no mes­mo período de 2021, a quan­tidade caiu para 86.348.

Para os especialistas, a facilidade oferecida pelos aplicativos de transporte tem sido um fator crucial na opção dos jovens

Além disso, segundo as informações disponibilizadas pelo Detran, esse número de habilitações tem caído cons­tantemente a cada ano. De acordo com o instrutor teó­rico técnico, credenciado no Departamento desde 1991, Marcos Luiz Andrez, 57 anos, o motivo que leva a essa queda é uma somatização de fatores.

Marcos Luiz Andrez, instrutor teórico técnico: “acho que é uma tendência. O mundo caminha cada vez mais para o transporte coletivo e conta com o advento dos aplicativos de transporte

“Primeiramente, antes da pandemia, nós já vínhamos percebendo um desinteres­se por parte da maioria dos jovens. Estes também co­meçaram a descobrir outras formas de mobilidade, como é o caso dos aplicativos de transporte. Antigamente, o acesso ao veículo também era mais difícil. Então, talvez aquela situação de ter que pe­gar o carro da mãe ou do pai impulsionasse o interesse em dirigir”, comentou.

Além disso, Andrez acre­dita também que, quando o candidato se apresenta no curso teórico e tem a noção exata do tamanho da respon­sabilidade e do risco que é conduzir um veículo, isso o inibe, fazendo com que este dirija só quando necessário.

“Acho que é uma tendência. O mundo caminha cada vez mais para o transporte coleti­vo e conta com o advento dos aplicativos de transporte. Essas facilidades fazem com que haja uma diminuição no interesse”, disse o instrutor.

O jovem Marcos Paulo Candeloro optou por não dirigir e faz uso de outras alternativas para sua mobilidade, como o transporte público e os aplicativos de celular

Uma das pessoas que optou por esse lado foi o cientista po­lítico Marcos Paulo Candeloro, de 29 anos. Em entrevista ao Tribuna, ele comunicou que fatores econômicos tendem a impactar muito nessa decisão dos jovens dos próximos anos. Além disso, Candeloro tam­bém informou que já teve in­teresse em dirigir, mas que isso mudou completamente.

“Na realidade, eu tinha interesse em dirigir. Mas, no Brasil, nós temos uma amarra muito grande que é lidar com o custo. Então, não só veio a res­ponsabilidade de arcar com a periculosidade, como também com o peso em termos finan­ceiros e em termos de logística. Você vai ter que pagar seguro, pagar impostos, levar o veículo até um mecânico”, disse.

Diante desse cenário, Can­deloro ressaltou que as alterna­tivas que costuma utilizar no dia a dia são relativas à finalidade do seu destino. “Se é algo de lazer, eu costumo buscar alternativas mais simples e mais saudáveis. Se vou até um churrasco com amigos ou família, eu utilizo meios públicos. Antigamente, eu costumava utilizar muito o skate. Agora, nós também temos a facilidade e o acesso às plataformas de mobilidade e aplicativos, que são de bai­xo custo e nos proporcionam uma facilidade muito grande para o deslocamento urbano e até interurbano”, finalizou.

Queda no Estado

Para o diretor-presidente do Detran.SP, Neto Mascellani, fatores culturais e econômicos influenciam o perfil dos motoristas com o passar dos anos

Ainda segundo dados do Detran, no estado de São Paulo também houve uma queda no número de pesso­as habilitadas, na faixa etária de 18 a 30 anos. Em junho de 2015, eram 4,8 milhões de pessoas, enquanto no mesmo mês de 2021, foram registra­das 4,3 milhões.

Para o diretor-presiden­te do Departamento, Neto Mascellani, fatores culturais e econômicos influenciam o perfil dos motoristas com o passar dos anos. “Hoje temos uma geração que se preocupa mais com a questão ambien­tal e a facilidade oferecida pelos aplicativos de transpor­te. Os jovens hoje têm outras expectativas. Essa discussão sobre mudanças dos modais é mundial”, ressaltou.

Postagens relacionadas

Comercial empresta Italo Bouche para time dos Emirados Árabes

Hugo Luque

Ambulância capota em Jardinópolis

Luque

Ibram lança Prêmio Pontos de Memória 2023

William Teodoro

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com