Rui Flávio Chúfalo Guião *
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A belíssima cidade de Bordeaux oferece aos visitantes sua CitéduVin, instalação moderna e futurísticas a beira do rio Garonne, reproduzindo um enorme decanter de dez andares de altura, com todo seu conteúdo dedicado ao vinho, sua história e sua importância como atividade econômica e cultural.
Para realizar a obra e geri-la, a Prefeitura criou uma Fundação para a Cultura e as Civilizações do Vinho, que executou o projeto com recursos dos produtores de vinhos e de uvas, bem como os demais integrantes da comunidade, sem participação do erário público. Inaugurada em 1 de junho de 2016, tornou-se um dos monumentos mais visitados da França. Sua bilheteria de mais de 400.000 visitantes anuais e os diversos cursos oferecidos mantém o funcionamento da instalação.
A moderníssima entrada conduz o visitante para a Exposição Permanente, onde vários ambientes reproduzem a história e a importância do vinho.A ordem do roteiro fica a critério do visitante. Um vídeo-guia é oferecido gratuitamente e pode-se escolher entre uma descrição rápida ou mais aprofundada das exposições, em várias línguas, inclusive o português. Basta encostar o dispositivo num botão à entrada de cada exibição para receber descrição dos assuntos ali tratados.
Na visita que fiz recentemente, comecei com a História do Vinho. Uma série de salas apresentam sua história, desde o início ainda nebuloso de sua elaboração, passando pelos persas, egípcios, gregos, romanos, até chegar à Europa e, daí, para o Mundo.
Tudo através de cenografias computorizadas e modernas, que dão agilidade e graça às descrições e mostras.
Uma instalação interessantíssima é o esmagamento virtual das uvas. Como sabemos, até relativamente pouco tempo, esse era feito com os pés. Agora, basta entrar num grande tanque virtual e mover os pés, como se estivéssemos esmagando os cachos. Como várias pessoas participam ao mesmo tempo, estabelece-se uma disputa para se ver quem produz a maior quantidade virtual de suco.
Num anfiteatro, assiste-se a um filme que mostra os vinhedos em todas as partes do mundo, um sobrevoo que nos transporta magicamente. Ao lado, outro anfiteatro reproduz cenas de filmes famosos, onde se bebem boas taças de vinho. E, mais além, outro pequeno teatro onde se aprende a beber o vinho, numa sequência de telas de televisão.
Passando-se para outra parte da exposição permanente, um áudio visual demonstra um mapa mundi, com as latitudes propícias para o cultivo das videiras, indicando os países produtores, enquanto outra apresentação nos mostra como os fenícios iniciaram o transporte do vinho pelo Mar Mediterrâneo e como esse comércio foi se expandindo para o mundo.
Como vinho é um elemento que exige uma intensa participação dos cinco sentidos, uma das áreas da exposição é dedicada a esse assunto. Várias mesas, com recipientes em forma de boca de trompete, oferecem a oportunidade de sentirmos os vários cheiros que nos cercam, notadamente, os aromas encontrados nos vinhos.
Finalmente, um espaço específico para a prova dos vinhos. Entra-se num pequeno ambiente, onde a guia conta a história do vinho que vamos degustar, dá-nos uma taça do mesmo e nos encaminha para uma instalação que representa a Primavera, onde um belíssimo áudio visual reproduz as características da estação. Este procedimento é repetido nos ambientes de Verão, Outono e Inverno, cada qual acompanhado de um vinho específico para aquela estação.
Dois ótimos restaurantes, uma loja de vinhos e um espaço panorâmico no décimo andar do edifício encerram a visita, o ponto alto de nossa viagem.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras