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A Colômbia e sua Literatura (32): Luis Carlos López

Rosemary Conceição dos Santos*

 

Segundo estudiosos da literatura colombiana, Luis Carlos López (1883 – 1950) foi um poeta colombiano reconhecido por suas representações literárias do povo e da vida de sua cidade natal. À exceção de alguns períodos trabalhando como cônsul em Munique e Baltimore, o autor residiu em Cartagena, apresentando em sua obra observações aguçadas da sociedade provinciana em que viveu. Posição crítica, esta, que o tornou um dos escritores regionais mais respeitados da literatura sul-americana Suas principais obras são: “De mi villorio” (1908) “Posturas difíciles” (1909) e “Varios a varios” (1910), embora muitos dos poemas que os compõem também tenham sido publicados anteriormente em jornais e revistas da América Latina. Especialmente nos versos finais de seus poemas, López usa uma frase coloquial ou prosaica para contrastá-lo com o resto da composição, onde predomina uma linguagem convencionalmente poética ou culta. Uma espécie de antirretórica, que se insere no cânone da poesia satírica e paródica, claramente enraizada no gênero popular. Com essa postura, López busca, com sua poesia provinciana, subverter, em maior ou menor grau, o paradigma romântico do idílio da aldeia. Atitude, esta, significativa, porque o idílio da aldeia envolve uma das preocupações fundamentais da estética romântica: a relação entre o indivíduo e a natureza. O idílio da aldeia é, em essência, uma maneira de atualizar a tradição pastoral, combinando o ideal que ela contém (a coexistência harmoniosa entre o indivíduo e uma natureza divinizada) com um tema de origem em Hesíodo e Horácio.

Em “De mi villorrio”, temos, entre outros, os versos do poema ‘Horas de paz’, a saber “La mañanita opaca, mañanita de campo. En el corral me siento. Hay una vaca que aspira el llano y muge una vocal… La rústica alquería se agazapa en la niebla. Es un placer sentir llegar el día con la frescura del amanecer. Pero hay que irse mañana… ¡Quién pudiera, olvidando la ciudad, pasarse una semana de soledad, de agreste soledad! Y envidio a un pobre mozo, de blusa y remendado pantalón, que saca agua del pozo y hurga en el patio con un azadón”. Tradução, “A manhã sombria, a manhã do campo. Sento-me no curral. Há uma vaca aspirando a planície e mugindo uma vogal… A rústica casa de fazenda se agacha na névoa. É um prazer sentir o dia chegar com o frescor da aurora. Mas precisamos partir amanhã… Quem poderia, esquecendo a cidade, passar uma semana de solidão, de solidão selvagem! E invejo um pobre rapaz, de blusa e calças remendadas, que tira água do poço e cava no quintal com uma enxada.”,

Neste poema, a linguagem antipoética adquire um decisivo viés antirromântico e antimetafísico, traço mais característico de sua obra. A crítica aos idílios aldeões, que López inicia em “De mi villorio”, e exacerba em suas outras coletâneas de poemas, favorece a abolição da natureza como esfera sagrada onde se consuma a união entre o humano e o divino, entre o indivíduo e o universal, ideal platônico e romântico, um dos sinais mais inequívocos da consolidação da modernidade com a tradição secularizada e positivista na civilização ocidental. Em outras palavras, em Lopez, a demarcação entre lirismo e antipoesia leva, sem dúvidas, ao campo filosófico, com o autor utilizando constantemente a primeira pessoa gramatical em seus versos e, a partir daí, assumindo a máscara de um poeta cético e desiludido diante da aparência desencantada e desespiritualizada do mundo físico.

Professora Universitária*

 

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