Nesta semana, na quarta-feira, 27 de novembro, prefeitura de Ribeirão Preto, Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp) e a empresa Tritium Geologia e Meio Ambiente Ltda. apresentaram mais informações sobre o Estudo de Resiliência, projeto inédito para assegurar a preservação e o uso sustentável do Aquífero Guarani.
A administração investiu R$ 2 milhões no levantamento. Ribeirão Preto é o maior município que utiliza 100% da água retirada do aquífero para abastecimento público, o que reforça a importância de estudar e ter informações sobre o manancial, para fins de planejamento e garantia de água para a população e empresas.
“Até o momento, já podemos informar que a água consumida em Ribeirão Preto tem aproximadamente três mil anos, o que demonstra a sua qualidade e ao mesmo tempo a preocupação com o tempo de recarga do aquífero”, disse o professor Ricardo Hirata.
Ele é um dos maiores especialistas em águas subterrâneas do país, com 42 anos de vida profissional realizando pesquisas em mais de 30 países, incluindo Banco Mundial, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Unesco), entre outros órgãos
Foram implantados transdutores em 30 dos 120 poços que abastecem Ribeirão Preto. Os equipamentos vão fornecer mais de um milhão de dados sobre a água do Aquífero Guarani. A partir do próximo ano, com os dados recolhidos, será construído um modelo conceitual e numérico utilizando programas de inteligência artificial (IA) que estabelecerão as características hidráulicas de parte do manancial.
“O objetivo do estudo é avaliar em um futuro próximo a disponibilidade hídrica do Aquífero Guarani, para que Ribeirão Preto possa crescer e planejar o abastecimento da população com segurança, mantendo sempre a qualidade da água consumida”, enfatiza o prefeito Duarte Nogueira (PSDB).
O secretário da Saerp, Antonio Carlos de Oliveira Junior, diz que até meados de dezembro será emitida a ordem de serviço para início dos estudos sobre captação de água do Rio Pardo, que vai complementar o abastecimento em Ribeirão Preto.
“Os estudos sobre o Aquífero Guarani fornecerão dados importantes para a gestão do abastecimento do município, avaliando limites da explotação da água e também para o Comitê de Bacias tomar decisões quanto às restrições impostas para perfurações de novos poços.”, diz o secretário
“Por outro lado, vamos iniciar o estudo sobre captação, tratamento e distribuição das águas do Rio Pardo, onde serão indicados os locais para implantações da Estação de Tratamento de Água, as adutoras e reservatórios no município, conjugando a distribuição de água com a do aquífero”, emenda.
“Termos dois mananciais para abastecimento significam maior segurança para a população e empresas no fornecimento de água com qualidade e ininterruptamente”, finaliza o secretário. Prefeitura de Ribeirão Preto e Saerp investiram quase R$ 5 milhões nos dois estudos, sendo que a previsão é de dois anos para conclusão.
A Saerp continua trabalhando em prol de soluções inovadoras e sustentáveis para assegurar que as futuras gerações tenham acesso aos recursos hídricos que necessitam. O manancial tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o aqüífero – todo o abastecimento da população de 728.400 habitantes é feito via 120 poços artesianos da Secretaria de Água e Esgoto (Saerp) –, o nível caiu 120 metros em 71 anos. Para minimizar essa situação, a prefeitura pretende captar água do Rio Pardo. Seria uma fonte alternativa ao manancial subterrâneo.
O Consórcio Geasa – Nippon Koei lac, composto pelas empresas Geasa Engenharia, Nippon Koei Lac do Brasil e Techne Engenheiros Consultores, venceu a licitação aberta pela prefeitura de Ribeirão Preto para captação de água do Rio Pardo pela Secretaria Municipal de Água e Esgoto.
Segundo o edital publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de 28 de agosto, o grupo venceu com a proposta de R$ 2.599.756,55. O projeto do Pardo prevê a captação, tratamento e distribuição da água complementação do abastecimento para toda a cidade. Está dividido em etapas, sendo que a primeira, referente ao estudo, tem previsão de conclusão de nove meses após a contratação da empresa.
A secretaria já tem a outorga liberada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que autoriza a utilização de três metros cúbicos por segundo da água do rio. Atualmente, o abastecimento de água em Ribeirão Preto é totalmente feito a partir do Aquífero Guarani, mas estudos geológicos apontam queda nos níveis do manancial.
Em 2013, no segundo mandato da ex-prefeita Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto elaborado pela prefeitura, o extinto Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.
Com o calorão e a estiagem, a Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, área de recarga do Aquífero Guarani, secou de novo entre abril e outubro. Vários peixes morreram. Com a chuvarada que caiu na cidade entre o final do mês passado e novembro, voltou a encher.