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Política

Escândalo tira Ribeiro do MEC

VALTER CAMPANATO/AG.BR.

Investigado por suspeita de envolvimento com pastores que cobravam propina para intermediar recursos para es­colas, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, entregou o car­go ao presidente Jair Bolsona­ro (PL) por meio de carta. Diz que as reportagens revelando corrupção na sua pasta “pro­vocaram uma grande transfor­mação em sua vida”.

Ele pede que as suspeitas de que uma pessoa próxima a ele “poderia estar cometendo atos irregulares devem ser in­vestigadas com profundidade”. Ribeiro deixa o cargo dizendo estar “de coração partido”. O pedido de demissão ocorre no mesmo dia de o jornal Es­tadão revelar que, em evento do MEC, foram distribuídas bíblias com fotos do ministro, que para especialistas ato pode ser enquadrado como crime.

A derrocada do ministro começou no dia 18 deste mês, após publicação da primeira reportagem sobre o gabinete paralelo no MEC de Milton Ribeiro com atuação dos pas­tores Gilmar Santos e Arilton Moura. Na carta, diante dos fa­tos, ele disse que decidiu pedir exoneração com a finalidade “de que não paira nenhuma in­certeza sobre sua conduta.”

Segundo o ministro, ele quer “mais do que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas dele de interferir nas investigações”. Ribeiro diz que seu afasta­mento “é única e exclusiva­mente decorrente de minha responsabilidade política que exigem de mim um senso de país maior do que quaisquer sentimentos pessoais”.

Encerra a carta com o “até breve” prometendo voltar se sua inocência for comprovada. A decisão foi tomada após uma série de reportagens revelarem que o ministro mantinha um gabinete paralelo operado por pastores. Prefeitos contaram que receberam pedidos de propina em ouro em contra­partida para terem demandas atendidas no MEC.

Com a demissão, o gover­no do presidente Jair Bolsona­ro (PL) passará por sua quinta gestão diferente do MEC. Nes­ta segunda-feira, 28 de março, o Estadão mostrou que, em evento do MEC, foram dis­tribuídas bíblias com fotos do ministro Ribeiro, o que pode configurar crime. A compra dos livros também era parte de pagamento de propina pe­dida pelos pastores, conforme relato de prefeitos ao jornal.

Quem deve assumir o MEC no lugar de Ribeiro é o secre­tário-executivo Victor Godoy Veiga, mas de forma interina. Em um dos casos de privilégio aos evangélicos, a prefeitura de Bom Lugar (MA) conseguiu o empenho de parte do dinheiro solicitado apenas 16 dias de­pois de um encontro mediado pelos religiosos.

A prefeita Marlene Mi­randa (PCdoB) e seu marido Marcos Miranda participaram no dia 16 de fevereiro de uma reunião no ministério inter­mediada pelos pastores Gil­mar Santos e Arilton Moura. O agora ex-ministro era reitor da Universidade Presbiteria­na Mackenzie, instituição de ensino privada de São Paulo, e estava no cargo desde junho de 2019, após Abraham Wein­traub sair do ministério.

Além de Ribeiro e Wein­traub, também comandaram a área federal da educação os pro­fessores Ricardo Vélez Rodri­guez e Carlos Alberto Decotelli, este último teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União, mas ficou somente cinco dias na função, sem nunca ter despachado, por conta de in­consistências no currículo.

Após a revelação do caso do gabinete paralelo, deputa­dos decidiram acionar a Pro­curadoria-Geral da República (PGR) para que Ribeiro seja in­vestigado por suspeita de impro­bidade administrativa e crime de responsabilidade, entre outras irregularidades. Na última sex­ta-feira, 18, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou a apu­ração do caso. A Superinten­dência da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal também instaurou inquérito.

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